Por Jackie Oliveira 

 

Teve uma época que esse povo estranho que passa horas em frente do computador olhando códigos e códigos, era representado pelo estereótipo do nerd de óculos de aro preto.  

Mas já tem um tempo que a persona do mundo tech está mais diversa e inclusiva, passando pelo estilo Tech Tshirt do eterno Batman ou The Big Bang Theory, ao estilo hipsters descolados, isso vale independentemente do gênero. E se tem uma coisa que é meio geral entre o povo tech e o gosto por hobbies diversos que eles vão acumulando ao longo dos anos, que vai do profundo conhecimento sobre a bebida clássica da tribo, é o café 

Diga-se de passagem, quando alguém tech vai dizer que não gosta de café, isso já é dito quase como um tom de desculpa. Pois é sabido que a bebida é uma fonte profunda de inspiração algorítmica.  

Sim, eu sou da turma do café e tomo sem açúcar.  

Mas vou te contar, esse ano fui tomar um café com um amigo do trabalho e ao invés de um simples expresso, vejo-o perguntar para o garçom se tinha que tipo de grão 100% arábico de torra clara média acidez média, me lembrei escolhendo meus vinhos. 

Ou ainda, você escutar do pessoal que está fazendo um Pair Programming, que ela precisa sair as 18:00 em ponto, porque hoje é dia de jogar Curling. Heim? Sim, vou deixar essa para você googlar. 

Pois é, talvez a marca registrada do povo tech seja a curiosidade eterna e uma necessidade de entendimento de como as coisas funcionam. 

Me lembro sem saudade, da boa temporada que passei em uma empresa tradicional, onde em um momento, depois dos 40 e muitos anos, comecei a sentir meio apagada a chama da curiosidade e também um certo desconforto em falar sobre a minha idade. 

Não sei se por mim ou pelo ambiente, na época em processo de transição, para encontrar o tom certo da transformação e passar por ondas. Por várias vezes, escutei em comitês de people, alguém falar que fulano estava velho demais para um determinado cargo ou que mais de 25 anos, não era idade de entrada da carreira. Ou ainda, quando precisei fazer uma ação de intraempreendedorismo ou alinhar meu discurso, para continuar a ter os projetos desafiadores que eu sempre tinha tocado na minha vida toda. 

É possível ser autêntico nos ambientes tech? 

E a resposta é. Sim, mas tem hora que a gente precisa mudar. A verdade é que cada empresa tem uma cultura que é única. Representado por crenças, costumes, hábitos e grau de maturidade entre o discurso e a prática. Estar em um ambiente que você tenha fit cultural ou aberto a adição cultural, é algo imprescindível para exercer sua essência e desenvolver o que realmente importa na sua carreira. 

Então, na próxima entrevista de emprego, faça uma reflexão sobre o seu momento de vida, estude sobre a empresa, pergunte e não tenha dúvida de dizer não, aquela proposta tentadora, se a empresa não tiver fit com você. Porque nada mais autêntico do que ser íntegro consigo e poder bancar o ônus e bonus dessa escolha.  

 

colunistatech - A tribo Tech

Jackie Oliveira é mãe da Domie e dos gêmeos adolescentes Fepe e Duda, mulher de tecnologia, lifelong learner antes do conceito existir, mentora de carreira e criadora do método CPCEM, Tech Advisor e fomentadora apaixonada da inclusão pela tecnologia. Atuou em diversas plataformas do ecossistema financeiro/bancário, liderando times técnicos. Está com o olhar focado no ecossistema de startups e hoje atua na Loggi, unicórnio brasileiro. Colunista EA “Tech”. 

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