Por Luciana Belenton
A jornada da mulher ao longo da história é marcada por lutas e conquistas. De guerreiras silenciosas a líderes inspiradoras, as mulheres têm continuamente desafiado as normas sociais para reivindicar seus espaços no mundo. Hoje, mais do que nunca, é essencial promover um cenário onde o empoderamento feminino não apenas floresça, mas onde também se equilibre com a vida pessoal.
Escrevo meu novo artigo na EA Magazine com o desejo de inspirar mulheres a abraçarem seu papel de protagonista tanto na esfera profissional quanto pessoal, mesmo em uma sociedade que ainda carrega a sombra e o peso do patriarcado resistente.
O despertar para o empoderamento
Empoderamento feminino vai além de ocupar cargos de liderança ou ter uma voz ativa nas decisões. Acredito que ele é sobre autoconhecimento, autoconfiança e a coragem de ser quem se é, sem pedir desculpas. Para muitas mulheres, essa jornada começa com a conscientização das próprias capacidades e a recusa em aceitar a situação atual e sua “normalidade”.
Então, algumas ações básicas são necessárias para que você consiga esse empoderamento.
O primeiro deles é o autoconhecimento. Entender seus pontos fortes e áreas de desenvolvimento é essencial e investir tempo em refletir sobre suas paixões e habilidades. Pergunte-se: “O que me move?”
Tenha esse compromisso com você mesma e o coloque no seu planejamento semanal.
Muitas vezes, a sociedade coloca padrões impossíveis sobre como as mulheres devem se comportar ou aparecer. Rejeite esses rótulos e defina seu próprio caminho. Seja autêntica e fiel a quem você é. Questione o “sempre foi assim” e não espere por permissão para mudar a sua história e a das mulheres da sua família sendo a primeira a fazer diferente.
Quando temos esse olhar, podemos compreender que a busca não é apenas de sucesso no mundo exterior, mas também um mergulho no nosso mundo interior para resgatar partes de nós mesmas que foram esquecidas ou reprimidas.
Tenha coragem e não tenha medo de falhar.
Cada erro é uma oportunidade de aprendizado e crescimento. Lembre-se, até mesmo as mulheres que hoje admiramos enfrentaram contratempos antes de alcançar o sucesso.
Você é uma delas.
Crescimento profissional em um mundo patriarcal
Embora o equilíbrio entre vida pessoal e profissional pareça uma fantasia e nada acessível para mulheres no mundo real, ele é possível. O primeiro passo é reconhecer as barreiras impostas por uma sociedade patriarcal, mas sem permitir que elas definam suas escolhas ou limitem suas aspirações.
Tenha estratégias para prosperar e coloque-as em ação.
O segundo passo, é investir em sua educação contínua e se capacitar. Cursos, workshops e mentorias são excelentes maneiras de aprimorar habilidades e expandir sua rede de contatos e seu networking, que poderá funcionar como uma rede de apoio.
Relacionamentos profissionais são fundamentais para abrir portas e oportunidades, então, participe de grupos, conferências e eventos voltados para mulheres.
E seja um exemplo para outras mulheres de liderança feminina, mesmo que você ainda não tenha um cargo de liderança formal. Incentive e apoie suas colegas, criando um ambiente de trabalho inclusivo e colaborativo.
Equilibrando vida profissional e pessoal
O conceito de equilíbrio entre vida pessoal e profissional é único para cada mulher. O que funciona para uma pode não servir para outra. Portanto, é importante encontrar seu próprio ritmo e definir limites. E lembre-se: não se compare.
Liste suas prioridades de maneira clara tanto no trabalho quanto em casa. Isso ajuda a focar no que é realmente importante e a dizer “não” quando necessário.
Reserve momentos para si mesma e para as pessoas que ama com tempo de qualidade. Isso pode incluir hobbies, exercícios físicos ou simplesmente momentos de relaxamento.
E seja flexível consigo mesma, afinal, nem todos os dias serão perfeitamente equilibrados, e está tudo bem. Saiba que o equilíbrio é dinâmico e pode mudar conforme as circunstâncias – é assim que ele realmente funciona na vida real.
O verdadeiro equilíbrio vem de dentro e é necessário ouvir nossos ritmos internos para navegar pelas demandas da vida. Não é uma busca pela perfeição, mas sim pela harmonia, aceitando a imperfeição como parte do processo de crescimento.
O papel das empresas
Para que as empresas possam realmente contribuir para que as mulheres alcancem um equilíbrio saudável entre vida pessoal e trabalho, é necessário um compromisso genuíno com a transformação cultural e a implementação de políticas inclusivas. Primeiramente, as empresas devem promover uma cultura organizacional que valorize a diversidade e a igualdade de gênero. Devem desafiar e desfazer os preconceitos e vieses inconscientes que ainda prevalecem nos ambientes de trabalho.
Contexto que pode ser feito através de treinamentos regulares sobre diversidade e inclusão. Pois eles ajudam a conscientizar todos os funcionários, nos diferentes níveis hierárquicos, sobre a importância de um ambiente de trabalho com equidade.
Além disso, faz-se necessária a implementação de políticas de trabalho diferenciadas.
Isso inclui opções como horários de trabalho flexíveis, possibilidade de home office e licença parental equilibrada para ambos os gêneros, permitindo que tanto homens quanto mulheres possam compartilhar de forma mais equitativa as responsabilidades fora do trabalho. Afinal, cuidar dos filhos e de pais doentes não é responsabilidade única das mulheres.
As empresas também podem oferecer programas de apoio, como assistência em saúde mental e bem-estar, que ajudem os seus funcionários – independente do gênero – a gerenciar o estresse e as demandas do dia a dia.
Mentoria e programas de desenvolvimento de carreira específicos para mulheres são igualmente importantes, pois fornecem suporte e orientação necessários para que avancem em suas carreiras. Isso se faz necessário porque mulheres apresentam desafios, mentalidade e crenças diferentes dos homens e são influenciadas por diversos fatores sociais, culturais e psicológicos.
Quebrar barreiras estruturais e estigmas
Historicamente, as mulheres têm enfrentado barreiras estruturais e estigmas que impactam sua autopercepção profissional. Muitas vezes, são condicionadas a duvidar de suas capacidades, o que pode levar a uma subestimação de seu potencial e dúvidas em buscar oportunidades de liderança ou crescimento.
Por outro lado, homens são frequentemente encorajados desde cedo a serem assertivos e ambiciosos, reforçando uma confiança em seu potencial de desenvolvimento, o que os leva a ter uma maior disposição para assumir riscos e buscar promoções ou novas responsabilidades. Por isso, mentorias dedicadas para mulheres são essenciais no processo de desenvolvimento de lideranças femininas.
Finalmente, é essencial que a liderança da empresa esteja comprometida com essas mudanças, agindo como modelo de comportamento inclusivo e apoiando ativamente as iniciativas de igualdade de gênero. Somente através de um esforço coletivo e contínuo as empresas poderão criar um ambiente onde todas as mulheres possam prosperar e encontrar o equilíbrio desejado entre suas vidas profissionais e pessoais.
Equilíbrio em família
Encontrar equilíbrio dentro de casa é um desafio comum para muitas mulheres, mas é possível alcançar essa harmonia com algumas estratégias práticas. Em primeiro lugar, é necessário estabelecer uma comunicação aberta e honesta com todos os membros da família, assegurando que as responsabilidades domésticas sejam divididas de maneira justa e equitativa.
Essa divisão não apenas alivia a carga física e mental que muitas vezes recai sobre as mulheres, mas também promove um ambiente de cooperação e respeito entre as pessoas na casa.
Mas, para isso, as mulheres precisam deixar de acreditar que ninguém faz o trabalho doméstico melhor que ela – se não der a oportunidade para as pessoas da família aprenderem e contribuírem, não há como elas também melhorarem a qualidade da realização das tarefas.
E criar e respeitar um espaço pessoal dentro de casa é fundamental.
Esse espaço pode ser um canto para leitura, meditação ou qualquer atividade que ajude a recarregar as energias e promover o bem-estar emocional. Estabelecer uma rotina que inclua momentos de autocuidado é igualmente importante. Isso pode se manifestar em pequenas práticas diárias, como exercícios físicos, momentos de silêncio, ou hobbies que tragam alegria e satisfação pessoal. Aprender a dizer “não” a compromissos que não agregam valor ou que causam sobrecarga é essencial para manter o foco nas prioridades.
E aceite que a perfeição não é o objetivo e que o equilíbrio pode ser alcançado de formas diferentes a cada dia.
Conclusão
A busca pelo equilíbrio entre vida profissional e pessoal é uma jornada contínua, repleta de desafios e recompensas. Ao reconhecer seu valor, investir em seu crescimento e buscar apoio, a mulher pode não apenas prosperar em sua carreira, mas também viver uma vida plena e satisfatória. O apoio da família, da empresa e da sociedade como um todo é importante para ajudar nesse fortalecimento e na jornada de conquistas com harmonia nas diferentes áreas da vida.
Mas, o que é realmente vital é a mulher integrar todas as partes do feminino — o selvagem, o sábio, o cuidador e o criador.
Esse é um convite para que as mulheres se reconectem com suas raízes ancestrais, honrem seus instintos e vivam de acordo com sua verdade interior. Essa integração é o que permite que a mulher floresça plenamente, encontrando equilíbrio e harmonia na vida como um todo.
Luciana Belenton é mentora dedicada a apoiar mulheres na busca do autoconhecimento, por equilíbrio entre carreira e vida pessoal. Graduada em Medicina Veterinária (UNESP), tem especialização em Gestão Agroindustrial (UFLA) e MBA em Gestão de Agronegócios (FGV), certificada Green Belt (Yokoten) e Terapeuta de Saberes Femininos (Isa School), pós-graduação em Terapia Cognitivo Comportamental (Faculdades Metropolitanas). Por 25 anos atuou como executiva no setor alimentício, em empresas como Seara Alimentos, Marfrig, Keystone e Cargill. Com uma década de experiência na China, sua última posição foi como diretora de Agropecuária para Ásia e Europa. Redirecionou sua carreira e expertise de gestão e liderança para atuar no empoderamento feminino. Colunista EA “Ecos de empoderamento”.
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