Por Sandra Sinicco
Que a Internet conecta as pessoas de uma forma nunca dantes vista isto é fato e todo mundo sabe. Mas o que mais me espanta, sempre, é a enorme energia que se torna tangível ao conectar redes de pessoas.
Vejam o resultado das redes em ajudar a diminuir a tragédia que se abateu no Rio Grande do Sul por exemplo. As redes são silenciosas em alguns momentos, mas extremamente presentes em outros.
Recentemente, meu amigo Henry Suzuki e eu, iniciamos nossa jornada para criar no Brasil uma célula de advocates (pessoas que se juntam por uma causa) em prol do ecossistema de inovação e tecnologia por aqui.
O Tech Brazil Advocates será um braço ativo do Global Tech Advocates criado por Russ Shaw há 11 anos a partir de um primeiro embrião chamado London Tech Advocates.
Russ, ocupou altos cargos no Skype, Movistar e O2, virou investidor de empresas e também resolveu que deveria dedicar seu tempo a melhorar o ecossistema de inovação. Escolheu para isso juntar advocates pelo mundo. Louco ou não, o fato é que ele hoje congrega mais de 30 mil advocates pelo mundo que trocam ideias, se ajudam mutuamente, fazem negócios e exploram novas oportunidades. Sem fronteiras, acima das fronteiras e barreiras de idioma, culturas e mecanismos de contenção tão comuns em todos os países.
Estes advocates se mobilizam regularmente e de acordo com suas necessidades. Russ exerce o papel de um cuidador da rede, aparando arestas, estimulando pares e dando corpo ao DNA do GTA. O Tech Brazil Advocates quer conectar as redes já existentes no Brasil, que são inúmeras, entre si e com o mundo. Neste grande caldo de redes há as redes de mulheres em Tech cujo hub do Reino Unido é um dos maiores. Tem o TLA Education que foi considerado em 2020 o maior repositório de habilidades digitais no Reino Unido. O TLA Immigration que trabalhou junto ao governo britânico para suprir a alta demanda de profissionais de tecnologia em 2015, considerado o ano onde estes recursos estavam muito, muito escassos. Por causa de um dos braços do TLA o prefeito de Londres nomeou, em 2016, o seu primeiro Chief Digital Officer. Fora as ações pressionando e apontando ao Primeiro Ministro Rishi Sunak para que publicasse a estratégia britânica para semicondutores publicada em 2023 isso só para citar umas das centenas de ações das redes conectadas pelo Global Tech Advocates.
Não é um trabalho fácil. No Brasil, antes de iniciar as atividades do Tech Brazil Advocates já estamos com mais de 500 voluntários prontos para dedicar pequenos e grandes slots de seu tempo através de diferentes habilidades para alguns desafios que queremos vencer. Queremos conectar todos os mapeamentos do ecossistema brasileiro e compartilhar todos os dados com todo mundo que queira se conectar com hubs, com ICTs, com Centros de Inovação de Universidades e por aí vai.
Queremos facilitar o acesso à informação para estimular as conexões e o crescimento de atividades criativas.
Russ, está escrevendo emails personalizados a cada um dos advocates do Brasil para explicar o que é ser um advocate, o que fazemos, e dar boas-vindas ao ecossistema que criou com tanto carinho.
Com a paciência de um monge e o foco de um “cheetah”, ele segue construindo uma rede que cresce a cada dia que passa, ultrapassa fronteiras e influencia nossos países a trocarem conhecimento para contribuir para a melhoria de políticas públicas, intercâmbio internacional, fomento de novos negócios através das redes que já existem.
Por que o Russ faz isso? E por que mais de 500 profissionais se engajaram no Tech Brazil Advocates antes mesmo de começarmos?
Minha percepção é a de as pessoas querem ser mais do que uma engrenagem de grande estruturas.
Anseiam por ter voz ativa e participar cada vez mais, impactando seus destinos, e a rede as empodera. Russ quer construir algo que faça o bem para todos e estas pessoas, que estão conosco já desde o início, mesmo sem conhecer o Russ, também querem melhorar o entorno, suas vidas usando a inovação e a tecnologia como mola propulsora. Os motivos são os mais variados mas, ao participar destas reuniões com advocates percebo que esta energia positiva parece mais um tsunami do que uma simples conexão.
Que queremos fazer a diferença melhorando nosso entorno, queremos. Conseguiremos? Não sei. Mas pelo menos tentamos :)
Sandra Sinicco é CEO da LatamScaleUp e do GrupoCASA. Fundou o Tech Brazil Advocates. É conselheira da Comissão de Startups do IBGC e membro do Anjos do Brasil. É mentora e especialista em apoiar startups e pré-scaleups em softlanding na Europa e da Europa para a América Latina. É colunista EA “Global Mindset”.
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