Por Daniel Rodrigues
Ninguém nasce sabendo empreender. Alguns nascem com talentos que proporcionam maior possibilidade de abraçarem o empreendedorismo. Mas não nascem sabendo usar esses talentos, mesmo quando os têm. Há um ano, fiz um mapeamento completo de talentos com o mentor Maksuri.
Por conta do meu aniversário deste ano, revisitei esse relatório e decidi escrever este artigo com base nas reflexões que me despertaram essa releitura.
A primeira sensação que tive, mais uma vez, foi a de que como poderia ter sido interessante ter tido acesso a um relatório desses desde o comecinho da minha trajetória empreendedora. O mapeamento descreve com muita clareza qual é meu talento principal e quais são os talentos apoiadores. E é um raio-x muito interessante sobre nossas fortalezas.
O quanto me questionava no início se realmente o empreendedorismo seria um caminho para mim, já que, como costumo dizer, nasci professor.
E que conforto ver nos meus talentos as aptidões necessárias tanto para ensinar, quanto para liderar e empreender.
Reconhecer nossos pontos fortes e nossos pontos fracos exige muito autoconhecimento! Eu sempre aconselho que o melhor aprendizado que podemos ter na nossa vida para qualquer coisa que queiramos fazer é justamente aprender sobre nós mesmos.
Portanto, o primeiro passo para aprender a empreender é investir no nosso autoconhecimento, no aprendizado das nossas emoções, dos nossos talentos e das nossas competências. Ter clareza da nossa missão de vida pode ser o maior segredo para qualquer sucesso profissional. E raramente encontramos tempo na vida corrida de hoje para podermos aprender sobre nós mesmos. Temos tanto que entregar, responder, fazer. Tanta coisa voltada para fora que quase nunca sobra tempo para as coisas voltadas para dentro.
Mas na hora H, naquela hora em que estiver cara a cara com um grande desafio na jornada empreendedora, o que será que fará de verdade a diferença para poder superar e seguir em frente?
Eu não tenho dúvidas de que a jornada empreendedora é uma jornada de inúmeros desafios e que, portanto, pode ser uma jornada de aprendizagem sobre si mesmo nesse processo. Conforme o mundo muda e as soluções que funcionavam deixam de funcionar, é essencial conseguirmos ter a capacidade de nos reconhecer dentro do desafio para não nos perdermos nesse processo e fracassarmos justamente pela nossa desconexão com nosso propósito.
Para mim, o pior fracasso que podemos ter é justamente o de perder nosso propósito na vida.
Os outros tipos de fracasso conseguimos superar com nosso propósito forte e vivo dentro de nós. Agora quando nosso propósito se apaga, tudo perde o brilho e, mesmo que tenhamos muito retorno nas atividades e tarefas que executamos, não nos sentiremos felizes ou realizados plenamente.
Como professor que sou, sempre estimulo essa visão da vida como uma jornada de aprendizagem contínua. Atualmente por conta dos desafios no mercado de trabalho até já temos o termo lifelong learning que significa justamente esse aprendizado ao longo da vida de forma contínua e ininterrupta.
A grande maioria dos empreendedores de sucesso conseguiram desenvolver as competências essenciais para esse sucesso conectadas com os seus talentos naturais. E aqui está um dos maiores benefícios de termos consciência dos nossos talentos e das suas potencialidades, assim como das suas próprias vulnerabilidades, pois cada talento contém riscos quando não estamos plenamente conscientes.
Aprender a empreender é algo que acontece na prática. Aprender sobre si mesmo é algo que também pode acontecer na prática. Mas muito melhor do que aprender sozinhos nas nossas próprias práticas é nos abrirmos para aprendermos em comunidade com outras pessoas podendo nos apoiar. Também é importante sabermos reconhecer quando precisamos de aprender com especialistas que consigam nos ajudar em alguns aprendizados que requerem maior especialização ou aprofundamento.
Na minha jornada já contei com mentores, consultores e coachs que sempre me ajudaram a avançar um pouco além do que eu mesmo acreditava ser possível alcançar.
Comunidades de empreendedores
A referência externa de um profissional qualificado nos faz ter a capacidade de nos expandirmos ainda mais do que conseguiríamos se estivéssemos sozinhos. Além disso, aprendemos muito com outras histórias de outros empreendedores, tanto histórias de sucesso quanto de insucesso também. Uma ótima forma de podermos aprender a empreender é justamente nos conectarmos em comunidades de empreendedores para que possamos estar mergulhados em diferentes histórias de diferentes jornadas empreendedoras para nos apoiar no nosso próprio desenvolvimento da nossa jornada que sempre será única.
Se você tem vontade de empreender e ainda não deu o primeiro passo, mas sente vontade de fazer algo a respeito, minha dica é já incluir o processo de aprender a empreender antes mesmo de largar tudo e sair empreendendo.
No processo de aprendizagem ressignificamos as experiências e entramos em contato mais próximo com a realidade.
Se possível, faça um teste de autoconhecimento como o Mapeamento de Talentos (MTOL) para ganhar mais consciência dos próprios talentos e entender seu funcionamento. E busque se conectar com pessoas que já empreendem e que estejam em diferentes estágios nesse processo para que possa aprender com as histórias e se fortalecer para a própria jornada.
E se você já estiver empreendendo, a dica é a mesma. O aprendizado que desenvolvemos na nossa jornada empreendedora é muito valioso. Que possa se abrir sempre para aprender a empreender continuamente, já que nunca saberemos tudo e nunca estaremos completamente prontos. Sempre precisaremos de algum tipo de apoio e quanto maior for nosso autoconhecimento, mais facilmente detectaremos o apoio necessário para cada fase de superação que estejamos enfrentando, pois, uma coisa é certa: empreender é a arte de superar desafios continuamente.
Daniel Rodrigues é apaixonado por Educação, Inovação e Empreendedorismo. Fundou a CCLi Consultoria Linguística em 2003. Desde então, deixou sua carreira acadêmica e começou sua jornada empreendedora tendo conquistado por esta empresa premiações importantes como o MPE Brasil-SP, o selo GPTW das melhores empresas para se trabalhar no estado de SP e o Prêmio Nacional de Inovação. É investidor-anjo, sócio e mentor estratégico de empresas no segmento educacional e autor do livro “Cultura Inovadora Humanizada”. Colunista EA “Empreender”.
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