Por Margarete Chinaglia
O futuro do trabalho passa por uma inversão de valores. Tendenciosamente achamos que o futuro está aliado as gerações mais jovens, mesmo pensamento quando entramos no mercado de trabalho há anos atrás.
– Quantos jovens já podem votar?
– Quais os percentuais da mão de obra jovem?
No entanto, o último Censo informou que mais da metade da população tem mais de 30 anos e até 2040, serão 57% de profissionais 45+.
O futuro do trabalho será “Branco”!
Os profissionais já perceberam isto, mas as empresas ainda não.
Questiono, querendo contribuir com a expansão do debate da pauta de inclusão geracional nas empresas:
- Quantas delas tem políticas contra a discriminação etária?
- Quantas tem iniciativas para contratar 50+?
- Os RHs mesmo tendo um ou outro profissional nesta faixa etária estão preparados para a escassez e como vão lidar com uma cultura ultrapassada?
A inversão está aí para quem quiser ver, mas neste momento passa desapercebida ou como se não existisse. E pense comigo:
Produtividade e inovação são associadas somente a jovens?
Parece que sim. Pois observe os processos seletivos o quanto são excludentes e buscam apenas pelos jovens.
As empresas estudam e discutem deixar os jovens no formato home office, criam novos modelos de trabalho, porque é assim que eles querem atuar, mas não entendem o momento dos talentos experientes que por sorte ainda trabalham.
Quando falamos de cultura organizacional sabemos que demora a se fundamentar e o primeiro passo é a tomada de consciência para neutralizar a limitação de crenças que impedem a absorção de valores.
Vivemos isto já há alguns anos, as pesquisas não nos deixam mentir ou supor que será uma tendência. Já é um fato, já acontece desperdício de talentos seniores com estas características:
- Resolutividade rápida diante das crises
- Inteligência Emocional adquirida na prática ou na dor
- Trabalham por estabilidade e sem troca/troca de empresa, baixa rotatividade
Estes mesmos “cabelos brancos” entenderam o que o mercado de trabalho pede:
- O Lifelong Learning
- Mentorias que ajudam e apoiam o crescimento
No entanto as empresas ainda deixam a desejar.
Algumas já trabalham a diversidade na teoria, mas eliminam a etária, pois entendem que o mercado se ajustará frente a idade, é natural o processo.
Coíbem o etarismo, pregam, falam, divulgam nas redes sociais, mas os valores internos ainda permanecem os mesmos.
A inversão de valores não é automática, mas a pirâmide etária já iniciou a inversão faz tempo e ela só avança. Estamos num compasso diferente! Os profissionais já sentem na pele!
Margarete Chinaglia é consultora e coach de Carreira, palestrante Diversidade e Inclusão Etária, farmacêutica Bioquímica (UNESP) e escritora. Integra o creators Linkedin. Tem especialização em Gestão e Promoção à Saúde (FGV), em Administração Hospitalar (UNIFAE) e MBA em Auditoria em Serviços de Saúde (IBEPEX). Colunista EA “Tendências de Carreira”.
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