Por Mauro Pacanowski

 

A Cultura de uma empresa se reflete no resultado econômico financeiro ano a ano. Independente do setor ou área de contribuição, a empresa como um organismo vivo irá sofrer impactos substanciais no presente e no futuro. O interessante é que são poucos os líderes que pensam ou discutem com profundidade o tema com seus pares de forma coletiva, seja formal ou informalmente. De um modo geral, quando existe abertura para debate seja quando demandam ou sejam demandados, a prioridade é focar numa pessoa ou departamento específico buscando apontar “culpados” por não resultados, ou individualizar análises, objetivos e metas.

Por outro lado, quando o planejado é alcançado, todos são responsáveis, porque existe uma interligação profunda no tecido organizacional e empresarial.

O mais importante em qualquer empresa é o coletivo, o qual se conectado, trará benefícios mensuráveis e sustentáveis.No caso concreto, ficou claro que cada vez que a empresa oferecia bônus, prêmios ou incentivos individuais, prejudicava todo o ecossistema, criando uma cultura de competição
individual, a qual, permitia crescer a mentalidade “egoísta” e “fechada”, alimentando egos.

Com a coletividade participativa, conseguimos “sentir” o macro ambiente, visualizar os processos integrados e as pessoas, independente de grau hierárquico, colaborando com um olhar concentrado e focado no que de fato faz diferença.

Nenhum colaborador por mais qualificado e graduado vence sozinho, nem mesmo o atleta de alta performance, que pratica um esporte individual, consegue alcançar um patamar elevado, se não tiver uma infraestrutura e ambiente positivo.

No cenário real, este relato apresenta como um estilo de liderança aberto e transparente, influenciou a forma na qual a empresa conduzia sua estrutura organizacional e o processo de colaboração.

No primeiro dia do ano fiscal, o CEO e o board apresentavam o alinhamento e planejamento do ano. Na primeira parte, o CEO fazia uma apresentação por departamento, como cada um contribuiu para o resultado final, a contribuição dos principais clientes e a performance de cada liderança. Durante 30 minutos enfatizava conquistas, mas também chamava atenção para os principais pontos negativos e o “porquê” dos “erros.

Em seguida, cada executivo, era “provocado” a avaliar a equipe, suas demandas e interesses.

A cada intervenção, o CEO enfatizava a interação e integração. Sentia-se claramente a visão da empresa, conseguia-se perceber alguns “egos” e a força da liderança, no comando.

Entretanto, o que mais chamou atenção, foi o imenso mural instalado no centro do refeitório que apresentava, de forma clara e objetiva, todos os números, alcançados no ano, por setor, departamento e colaborador, para que todos pudessem analisar e avaliar a responsabilidade, a relevância, a participação de cada um e ter a noção do conjunto e até quanto o PL iria distribuir.

Impressionante. Ali na frente de qualquer um, totalmente transparente o que cada colaborador tinha realizado e sua influencia no PL. O CEO fazia questão de valorizar todos os colaboradores ao falar que aqueles números e performances só poderiam ser alcançados pela força da equipe constituída, ou seja, aquelas pessoas é que faziam a diferença e eram únicas e a cada dia.

Os líderes e suas equipes deveriam realçar a contribuição de cada colaborador, sua posição na empresa e o planejamento para alcançar os objetivos.

Estava claro que as “estrelas”, deveriam “jogar coletivamente” para que o sucesso e o esforço do grupo pudessem ser beneficiados e beneficiar a empresa.

Ao realizar um benchmarking com empresas do mesmo setor, era evidente que a competição individual inflava egos, reduzia a colaboração e proatividade, criava hierarquia entre departamentos e prejudicava o olhar construtivo da unidade de propósito.

A empresa que “olhava” a contribuição coletiva, orgânica e integrada tinha melhores resultados.

Por esta análise que tal “provocá-los” a pensar se:

  • Você trabalharia em uma empresa onde não existe “estrela”?
  • Está pronto para mudar seu mindset e colaborar com as outras áreas?
  • Você se incomodaria em não ser protagonista?
  • Como você dominaria seu ego?

E fica a reflexão: A filosofia de uma empresa unida em um só propósito pensa coletivo como uma ferramenta poderosa.

foto Mauro Pacanowski - Uma visão coletiva

Mauro Pacanowski atuou como executivo por mais de 25 anos, hoje é consultor, mentor, escritor. Foi pioneiro na introdução dos medicamentos genéricos e liderou a formação da primeira equipe feminina na área comercial e propaganda médica da indústria farmacêutica brasileira. Especialista no ecossistema da Saúde foi assessor do Ministério da Saúde. Atuou em empresas como Roche, Merck, Knoll Amil e Gilette. Estrategista de inteligência de mercado, expert em inovação com foco em gestão e produto. Líder de equipes comerciais e de alta performance. Foi jurado do prêmio ABERJE. Arquiteto de alianças estratégicas, além de docente na FGV, na UNINASSAU e Universidade Mackenzie. Autor do livro “Marketing de Varejo”, que até a quinta edição vendeu 30 mil exemplares. Colunista EA “Relatos corporativos”.

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