EA – Você é um profissional premiado em R&S, qual seu propósito na recolocação profissional?
Augustinho Meu propósito é disseminar conhecimento prático voltado para carreira, recolocação, recrutamento e seleção, alcançando profissionais que buscam avanço na carreira. Tornando acessíveis informações necessárias para que eles possam tomar as melhores decisões em suas trajetórias, como o caminho a seguir para um novo emprego e habilidades necessárias para se destacar no mercado, bem como escolher a empresa certa alinhada com seus valores pessoais.

EA – Qual a importância de um recruiter na seleção do candidato certo para a vaga certa?
Augustinho O papel do recruiter se torna relevante para analisar aprofundadamente os talentos no mercado de trabalho. Identificar estrategicamente o quanto um candidato se enquadra nas demandas do cargo, considerando competências técnicas, comportamentais e organizacionais, essas fundamentais no cenário atual para a contração assertiva de um profissional. Posso dizer que os recruiters têm um papel indispensável para o direcionamento dos talentos para vagas que atendam realmente suas expectativas de carreira, avaliando motivação, ética de trabalho e capacidade de resolução de problemas, aspectos cruciais para o sucesso em ambientes de trabalho dinâmicos e em constante mudança.

EA – Qual a importância de um recruiter saber lidar com dados?
Augustinho No contexto de um mercado cada vez mais automatizado, o papel do recruiter torna-se ainda mais crucial na utilização das ferramentas de Recrutamento e Seleção (R&S) disponíveis. Sua habilidade em interpretar corretamente os dados obtidos por meio dessas ferramentas e identificar o perfil mais adequado às necessidades do negócio é fundamental para o sucesso do processo seletivo.

EA – Quem está mais adequado aos contextos da transformação digital no mercado de trabalho, candidatos ou empregadoras?
Augustinho Tanto empregadores quanto candidatos têm evoluído em relação ao acompanhamento e utilização dos novos recursos proporcionados pelo avanço digital. No entanto, muitas empresas ainda precisam se desprender de práticas tradicionais e abraçar de forma mais ampla os novos modelos de trabalho por exemplo, como o trabalho remoto, freelancers, home office e outros. Além de direcionar esforços para a capacitação, utilizando plataformas digitais, implementando estruturas e processos que proporcionem eficiência em treinamentos, o que venha ser fundamental.

Do outro lado, os candidatos precisam investir na busca por habilidades tecnológicas demandadas pelas novas tecnologias emergentes, como big data, inteligência artificial, automação, análise de dados e outras essenciais nessa era. Candidatos precisam estar em constante aprendizado para atender às demandas dos empregadores advindas deste novo cenário.

EA – Quais skills mais desejadas pelas empresas?
Augustinho Quando se trata de habilidades desejadas pelas empresas, o pensamento analítico e criativo continuam sendo as mais importantes para os trabalhadores em 2023, de acordo com o relatório do Fórum Econômico Mundial. No entanto, o relatório também destaca outras habilidades essenciais:

  • Resiliência, flexibilidade, agilidade, motivação, autoconsciência, curiosidade, disposição para aprendizado contínuo, confiabilidade, atenção aos detalhes, alfabetização tecnológica, empatia, habilidade de escuta ativa, liderança e influência social, além do controle de qualidade.

Profissionais precisam investir principalmente no desenvolvimento das soft skills, sem deixar de lado as hard skills, que ainda são de suma importância para o sucesso profissional em qualquer área de atuação.

EA – Na sua visão, candidatos estão up to date com essas skills?
Augustinho Apesar de haver muitas informações disponíveis gratuitamente, ainda há uma lacuna significativa na capacitação por iniciativa própria dos talentos em relação às habilidades mais desejadas pelo mercado de trabalho atual. É difícil quantificar em números a quantidade de profissionais atualmente atualizados com as skills demandadas pelo mercado, mas considerando a dificuldade que muitas empresas têm enfrentado para contratar, especialmente profissionais de tecnologia e ESG, podemos afirmar que é um número significativo, capaz de gerar escassez de profissionais capacitados para determinadas posições.

EA – Como candidatos podem melhor se preparar para concorrer a processos seletivos? Consegue listar 10 passos de competências?
Augustinho Antes de se lançar em um processo seletivo, os candidatos precisam seguir os seguintes passos:

  1. Realizar uma profunda autoanálise para conhecer melhor seus desejos, principais habilidades e valores pessoais, o que certamente os auxiliará ao longo de toda a jornada de seleção.
  2. Investir em capacitação e qualificação, buscando desenvolver novas habilidades ou aperfeiçoar as habilidades existentes.
  3. Estabelecer objetivos claros e traçar metas realistas para atingi-los, alinhados a um bom plano de ação.
  4. Cultivar autoconfiança e persistência, trabalhando a confiança em si mesmo para que consiga manter a motivação mesmo diante de negativas ao longo da jornada de processos seletivos.
  5. Preparar as ferramentas necessárias, como estruturar um currículo direcionado e estabelecer presença em redes sociais profissionais, como o LinkedIn, posicionando sua marca e gerando informações relevantes.
  6. Treinar para entrevistas, investindo em simulações e treinamentos prévios para estar preparado para as principais perguntas que possam surgir em uma entrevista de emprego.
  7. Estudar sobre a empresa antes mesmo de iniciar o processo de seleção, buscando entender melhor sua razão de existir, objetivos e cultura.
  8. Ter perguntas preparadas para fazer durante a entrevista, demonstrando interesse e entusiasmo pela vaga.
  9. Utilizar técnicas como a SMART ou CAR para estruturar sua narrativa de venda diante do selecionador.
  10. Estabelecer uma boa rede de contatos, buscando endossos de candidatura e oportunidades de avançar etapas do processo de seleção.

EA – Por que nem sempre candidatos recebem feedback dos processos que participam?
Augustinho Podemos destacar várias justificativas. Dois pontos que se destacam nisso: a falta de organização no fluxo do processo seletivo e a falta de empatia por parte dos responsáveis pelo processo em relação aos candidatos. Em algumas empresas, os profissionais encarregados da seleção podem acumular outras demandas, o que pode levar à sobrecarga de trabalho e dificultar a entrega de feedbacks específicos e personalizados.

Outras razões incluem o medo de possíveis sanções legais e a falta de conhecimento na elaboração de um feedback apropriado, especialmente quando percebem que o candidato não se enquadra na posição.

É importante destacar que o fornecimento de um retorno direcionado e construtivo para os candidatos é fundamental para promover uma imagem positiva da empresa e garantir uma experiência respeitosa aos profissionais que dedicaram tempo e esforço no processo.

As empresas devem considerar a importância da comunicação transparente e eficiente ao lidar com candidatos, independentemente do resultado final do processo seletivo.

EA – Candidatos estão se reciclando, estudando, buscando pra si novas profissões?
Augustinho A pandemia levou muitos profissionais a reavaliarem sua forma de trabalho, carreira e propósito como um todo. Essa reflexão resultou em uma movimentação significativa de talentos, que estão buscando novas habilidades e abraçando novos cargos alinhados às demandas tecnológicas e de ESG (ambiental, social e governança), que estão em evidência no contexto atual.

É importante destacar que, mesmo em meio à crise do COVID-19, muitos profissionais perceberam a importância de não se acomodarem e entenderam que a aprendizagem contínua é essencial para acompanhar as mudanças do mundo atual. É uma estratégia fundamental para o crescimento profissional e para enfrentar os desafios do cenário atual.

Essa busca por novos conhecimentos e o investimento na própria capacitação têm se tornado cada vez mais realistas para os profissionais, impulsionados pela necessidade de se adaptarem a um mercado de trabalho em constante evolução.

EA – Há muita perda de valores humanos nas empresas, desistência de selecionados para programas estágio, em especial, trainees?
Augustinho Quando se trata da perda de talentos, é importante reconhecer que muitas vezes existem problemas internos não observados pela empresa que podem estar contribuindo para essa situação. Esses problemas podem estar relacionados a diversos fatores, tais como:

  1. Cultura organizacional: Uma cultura rígida, que não reconhece as contribuições dos membros da equipe ou não possui políticas de segurança psicológica no ambiente de trabalho, pode afastar os talentos em busca de um ambiente mais acolhedor e valorizador.
  2. Falta de transparência: A omissão de informações importantes durante o processo de seleção, como possibilidades de crescimento, ferramentas disponíveis, benefícios e formas de trabalho, pode levar à perda de bons profissionais que valorizam a clareza e honestidade nas relações profissionais.
  3. Ausência de suporte: A falta de um adequado processo de integração ao colocar um colaborador em uma empresa pode gerar uma experiência negativa imediata, levando o talento a buscar outras oportunidades onde se sintam mais apoiados e acolhidos.
  4. Chefes tóxicos: Uma gestão baseada no medo e na coação é um fator significativo que afasta bons colaboradores das empresas, já que ninguém quer trabalhar em um ambiente hostil.

Em uma época em que se enfatiza tanto a humanização dos processos, as empresas que negligenciam o valor, a orientação e o acolhimento de seus colaboradores tendem a enfrentar sérios problemas de retenção de talentos. Valorizar o bem-estar e o crescimento dos profissionais é essencial para construir uma cultura organizacional saudável e atrair e reter talentos de qualidade. A atenção e o cuidado com as pessoas são fatores fundamentais para o sucesso de qualquer empresa no longo prazo.

EA – Quais dicas para que empresas tenham modelos de R&S mais adequando na Era Digital?
Augustinho Para estar alinhada com a era digital e otimizar o recrutamento e seleção, entendo que as empresas devem seguir algumas práticas:

  1. Investir em plataformas digitais: Utilizar sistemas e ferramentas que agilizem o processo de recrutamento e seleção, como plataformas online para aplicação de testes e triagem de currículos. Isso permitirá uma seleção mais eficiente e rápida de candidatos.
  2. Construir uma marca empregadora online: Desenvolvendo uma presença digital atraente, como uma página de carreira, que mostre aos candidatos em potencial o que é trabalhar na empresa. Isso ajudará a atrair talentos qualificados e interessados em fazer parte do time.
  3. Priorizar a diversidade, inclusão e equidade: garantir que os processos de recrutamento e seleção sejam inclusivos e livres de viés, selecionando plataformas que promovam a igualdade de oportunidades para todos os candidatos.
  4. Oferecer uma experiência humanizada: Criando canais de R&S que proporcionem uma experiência positiva e acolhedora aos candidatos em todas as etapas do processo. Comunicação clara, feedback construtivo e transparência são essenciais para manter os candidatos engajados. Ao adotar essas práticas, as empresas poderão aproveitar ao máximo as oportunidades oferecidas pela era digital, atraindo talentos de qualidade e garantindo um processo de recrutamento e seleção mais eficiente e centrado no candidato. Isso, por sua vez, pode contribuir para a construção de equipes mais diversas, inovadoras e bem-sucedidas.

EA – O futuro do trabalho terá oportunidade de empregabilidade para que perfil de profissional?
Augustinho Profissionais que se mantêm constantemente em evolução, buscando o aprendizado contínuo e aprimorando suas habilidades, estarão em vantagem no futuro do trabalho. Perfis que possuem habilidades comportamentais bem desenvolvidas, como resiliência, pensamento crítico e empatia, combinadas com conhecimentos tecnológicos e interesse em questões relacionadas ao ESG (ambiental, social e governança), certamente terão ótimas oportunidades de empregabilidade.

No cenário em constante transformação, as empresas valorizam profissionais que demonstram adaptabilidade, capacidade de resolver problemas complexos e colaborar efetivamente em ambientes diversos e inclusivos. Além disso, o domínio de tecnologias emergentes e o engajamento com práticas sustentáveis e responsáveis vejo sendo atributos altamente procurados pelas organizações.

EA – Quais dicas daria para profissionais planejarem carreiras exponenciais?
Augustinho Mesmo diante das rápidas mudanças é possível e necessário estabelecer um planejamento estratégico com um sólido plano de ação para tirar o melhor proveito de cada experiência.

É fundamental acompanhar de forma contínua os avanços das novas tecnologias em seu segmento de atuação, buscando constantemente a capacitação necessária para se manter relevante e atualizado.

É importante construir e manter uma rede de contatos sólida, aproveitando recursos como o LinkedIn para trocar informações e experiências com outros profissionais da área, o que pode abrir portas para novas oportunidades.

Envolva-se em projetos diversos, expondo-se a diferentes culturas e desafios. Isso ajudará a desenvolver habilidades adicionais, a expandir sua visão e a se adaptar a ambientes variados.

Com um planejamento bem definido, uma mentalidade aberta à aprendizagem contínua e a busca por novos desafios, os profissionais estarão mais preparados para navegar em uma carreira exponencial e enfrentar com sucesso as transformações do mundo do trabalho.

A constante evolução e proatividade são elementos essenciais para prosperar em uma trajetória profissional dinâmica e em constante mudança.

 

 

paulo augustinho

Paulo Augustinho é bacharel em Administração de Empresas, especialista em Gestão de Pessoas pela PUC/MG, cursa pós-graduação em Psicologia Organizacional, Direito do Trabalho e Previdenciário. Como especialista em Carreira e Recolocação, recrutador, palestrante, escritor e colunista, impacta no ingresso de centenas de profissionais em empresas nacionais e multinacionais. É RH Influencer, integra o iBest RH 20+ 2023, é LinkedIn Top Voice Carreira 2023 e Top 100 Influenciadores RH do RH Summit.

https://www.linkedin.com/in/pauloaugustinho/

 

Fale com o editor:

eamagazine@eamagazine.com.br