Você trabalha para viver? | Felipe Gruetzmacher
As facilidades do mundo digital e a praticidade trazida com a tecnologia aumenta o volume do trabalho ou não? Estamos mais felizes ou mais estressados com esses novos modelos de trabalho?
O artigo “Gênero, trabalho remoto e trabalho reprodutivo não remunerado no Brasil durante a Pandemia de COVID-191” dos autores Lygia Sabbag Fares, Ana Luíza Matos de Oliveira e Lílian Nogueira Rolim foi publicado no site do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) fornece algumas pistas.
Ele pode ser resumido nesses tópicos:
- As mulheres trabalham mais nesses tempos de pandemia, porque o trabalho remoto aumentou o tempo total dedicado ao trabalho pago e reprodutivo (não pago)
- Esses tempos de trabalho se interpõem: a desigualdade de gênero se acentua
- Essa diferença absurda entre horas é uma oportunidade para questionar os papéis de gênero na divisão do trabalho doméstico e assalariado
- As mulheres brasileiras sofrem de maneira bem particular com salários menores, menores jornadas de trabalho e precarização
- A flexibilização das relações de trabalho ampliam as horas dedicadas ao trabalho no caso das mulheres
- Com a Covid-19, o fechamento de locais de trabalho, escolas, serviços estatais e restaurantes agravou essa desigualdade estrutural: trabalhadores precisam enfrentar o trabalho doméstico e remotos com maior intensidade.
Logo, a questão que se apresenta é:
Como distribuir o tempo necessário para executar as tarefas do dia a dia de maneira justa?
Imaginemos um aplicativo capaz de funcionar como uma agenda para as pessoas.
Elas poderão programar quantas horas seriam disponibilizadas para o trabalho assalariado e doméstico. Fora isso, essa agenda digital informaria qual é a tarefa que as pessoas precisam fazer nas rotinas delas.
Essa agenda digital teria um algoritmo inteligente capaz de calcular a quantidade de horas dos afazeres de cada integrante de uma família para alcançar um equilíbrio.
Seria um mecanismo ideal para evitar a sobrecarga de horas de trabalho para as mulheres e alcançar mais igualdade de gênero.
Horas de lazer
Além disso, o algoritmo poderia informar quantas horas de lazer cada família poderia desfrutar de acordo com o contexto e cotidiano dela, sugerindo atividades culturais (festas, almoços em restaurantes, passeios e etc).
A agenda digital ajudaria as pessoas a monitorar a própria produtividade e as horas dedicadas ao trabalho remoto, equilibrando a vida familiar e a rotina laboral.
A missão da agenda digital é bem clara:
- Alcance de um equilíbrio entre vida pessoal e profissional
- Harmonia, respeito e integração no lar
- Divisão justa dos afazeres domésticos entre casais
- Fim dos vícios tecnológicos e do uso excessivos das redes sociais, porque famílias terão mais tempo para atividades prazerosas em conjunto
- Otimização do diálogo entre colaboradores e departamento de recursos humanos, pois ambos terão acesso a informações e dados mais claros sobre produtividade e horas dedicadas ao trabalho
- Mais qualidade de vida
- Mais saúde mental
O RH da empresa saberia quantas horas cada colaborador poderia dedicar ao trabalho, evitando sobrecargas, tarefas excessivas e premiando cada um pela produtividade.
A inovação
A grande inovação é a possibilidade do colaborador entregar resultados reais para a empresa em menos tempo. Isso se consegue negociando com a corporação, até porque o empresário se interessa somente pela performance do colaborador e não o tempo levado para executar uma tarefa.
O aplicativo precisa ser projetado como se fosse um sistema inteligente que combinasse horas disponíveis, tarefas, responsáveis pelas tarefas e fizesse a gestão do tempo semanal de uma família inteira, alinhando tempo, demanda e habilidades.
Como a família está constantemente sendo avisada pelo algoritmo através de notificações, fica mais fácil estabelecer rotinas, hábitos e costumes para escapar do mundo virtual e experimentar um amor familiar real.
O RH poderá automatizar e otimizar muitas tarefas monótonas porque terão acesso a informações sobre produtividade e tempo gasto em cada atividade. Já é hora das pessoas encontrarem um propósito fora do trabalho assalariado, consumo passivo e da tecnologia. Até imagino psicólogos do RH executando testes mensais para coletar informações sobre a saúde mental dos colaboradores e:
- Apoiar na construção de um clima laboral mais harmonioso
- Acolher as dificuldades emocionais dos colaboradores
Tudo isso são ideias para o aprimoramento do sistema e a mensuração da performance do algoritmo.
A agenda virtual é só uma consequência!
O que importa é alcançar uma melhor igualdade entre os papéis de gênero no mundo do trabalho, fazendo com que as mulheres tenham maior liberdade de tempo para realizarem sonhos pessoais e profissionais. Nossa Revolução 4.0 não é caracterizada pela economia da atenção, mas pela economia do tempo.
Felipe Emilio Gruetzmacher é formado em gestão ambiental, educação ambiental e se especializou em copywriter através de muitos cursos online, muita prática e dedicação. Autor na Comunidade EA é um dos mais lidos na plataforma. Tenta decifrar os enigmas do trabalho humano, até porque essas questões podem mudar os rumos da sociedade humana e acelerar a marcha da história rumo à Utopia.
https://www.linkedin.com/in/felipegruetzmacher/
Fale com o editor: