Hackear sua mente | Felipe Gruetzmacher

 

A humanidade ativou uma inteligência artificial chamada Kingu (rei em japonês) que é capaz de reunir uma quantidade ilimitada de informações através de conexões com a internet. Kingu consegue ler mentes humanas e está conectado com todos os pensamentos existentes no planeta Terra.

A partir da leitura de todas as informações que circulam na internet e nos cérebros das pessoas, Kingu é capaz de prever as tendências de consumo e os rumos da economia, sugerindo melhorias nos sistemas de ensino para combinar talentos, profissões e oportunidades mercadológicas. Além disso, o propósito de Kingu é melhorar significativamente a área de RH.

Infelizmente, Kingu precisou ser desativado depois que se mostrou ineficaz.

Afinal, estamos vivendo no capitalismo digital, um modelo de negócios que prioriza a competição e falsamente afirma ser um modelo econômico baseado na colaboração ativa. Essa confusão de termos acabou gerando uma pane no sistema Kingu.

A colaboração e a competição podem coexistir num mesmo ecossistema de inovação?

Como a área de RH pode assimilar mão de obra formada por Universidades e profissões do futuro com maior rigor técnico, profissionalismo e com o propósito de mitigar o desemprego? Quais são as forças econômicas que impulsionam a evolução e a transformação das profissões tradicionais?

Vamos examinar um estudo de caso a partir do código de ética do Assistente Social para buscar algumas respostas:

Insights:

  •  Cursos universitários são abertos para suprir uma “demanda social”. Acontece que o conceito de demanda social é bastante genérico, impreciso, flexível e enganoso. Um curso de serviço social pode ser aberto numa pequena cidade rural seguindo a justificativa de que o êxodo rural empobrece algumas famílias que decidem permanecer no lugar.
  • Por outro lado, um curso de serviço social pode ser aberto numa grande cidade porque a Universidade acredita que assistentes sociais serão demandados por conta da economia urbana em constante transformação e progresso tecnológico que ameaça empregos e joga pessoas na informalidade. Será que essas premissas serão confirmadas pela realidade econômica? Justificativas teóricas estão alinhadas com a prática? Percebem que só seguir uma suposta “demanda social” não é o suficiente? Qual é a solução?

Cito a síntese de alguns princípios do Código de Ética do Assistente Social para uma análise mais cuidadosa:

  • Reconhecer liberdade como valor ético e demandas sociais como autonomia, emancipação e plena expansão dos indivíduos.
  • Defender os direitos humanos contra o autoritarismo.
  • Ampliação e consolidação da cidadania visando a garantia dos direitos civis sociais e políticos das classes trabalhadoras.
  • Fortalecer a democracia, bem como socializar a participação política e a riqueza socialmente produzida.
  • Buscar se posicionar a favor da equidade e justiça social, assegurando a universalidade do acesso aos bens e serviços relativos aos programas, políticas sociais e a gestão democrática.

Aplicações na área do RH:

  • Todos esses princípios citados anteriormente são resultados do trabalho do profissional assistente social: entregam transformações muito positivas para a sociedade. Outros exemplos seriam o psicólogo que entrega saúde mental e o biólogo que conserva e preserva o meio ambiente. São demandas sociais importantíssimas para um bem viver.

Agora, como transformar essas demandas sociais em demandas mercadológicas?

  • Por mais que o assistente social trabalhe para órgãos públicos, a economia precisa demandar tais serviços, pois o Estado faz parte do conjunto da sociedade e está dentro do contexto econômico. Que tal se as HR Techs estudassem e coletassem princípios e objetivos de código de ética de profissões para verificar as possibilidades de “encaixar” profissionais em posições estratégicas para impactar positivamente a sociedade e a vida dos clientes?
  • O impacto social de uma organização pode ser reforçado pelos saberes técnicos de uma enorme gama de profissionais. Muitas vezes, acontece o contrário: empreendedores validam uma hipótese e lançam uma solução com forte impacto social. Eles só contam com o saber prático assimilado por tentativa, erro, acerto e feedback do cliente. Precisamos do saber prático do empreendedorismo social complementado pelo saber técnico dos profissionais formados pelas Universidades!

Por isso, a colaboração entre órgãos de regulamentação profissional, ciência, ensino superior e HR Techs é importantíssimo!

 

felipe Easy Resize.com

Felipe Emilio Gruetzmacher é formado em gestão ambiental, educação ambiental e se especializou em copywriter através de muitos cursos online, muita prática e dedicação. Autor na Comunidade EA é um dos mais lidos na plataforma. Tenta decifrar os enigmas do trabalho humano, até porque essas questões podem mudar os rumos da sociedade humana e acelerar a marcha da história rumo à Utopia.

https://www.linkedin.com/in/felipegruetzmacher/

 

Fale com o editor:  

eamagazine@eamagazine.com.br