Design Thinking e a CULC | Artur ‘Kjá

 

Narrativa 1*. Tecnologia é relacional
Penso que todos nós somos projetos de vida e acho da maior necessidade a gente olhar para cada ser humano como um projeto que, a partir daí, vai evoluindo, crescendo e se desenvolvendo.

Sou extremamente demasiado humano e entendo que a tecnologia, o digital, deveria ser um meio para unir pessoas, sabe? Parece no dia a dia que esquecemos disso. Pense, em como em nossos dias usamos muitas tecnologias, e fica algo mecânico, ferramental, não é?

Mas na verdade, acho que a tecnologia é relacional.

Então, vocês estão aqui agora me apresentando a CULC, eu vejo nisso uma ressignificação da cultura empresarial, que é o que estou provocando aqui, uma reflexão não somente sobre este letramento digital, de ativação de plataformas digitais, mas sim, essa conexão mais humana, mais potente, e tudo o quanto o meio digital vai facilitar a ela.

No pitch que me fizeram sobre a HR Tech de vocês, tem outros vieses aí que não é só tecnologia people, não é só a proposta de uma trilha de aprendizagem, a partir do entendimento percebido de se buscar e ter solução para uma dor, necessidade dos RHs. Tem a ver com outras percepções, nuances.

Minha percepção agora na pós-pandemia, é que as culturas estão tão fragilizadas nas empresas.

A minha provocação foi, que na verdade, essa questão das rupturas de culturas organizacionais que gente está vendo, é um tanto quanto mais profunda.

Tem a ver com essa sistêmica holística circular, sabe? Algo muito mais amplo do que sintonizar apenas tecnologia na tecnologia. Digamos que sim, tecnologias podem estruturar pontes de conexões, mas o movimento é humano para se transpor, e não somente no ser transpor pontes, mas saber como manter e pra quê finalidade manter essas pontes.

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As empresas estão sofrendo porque a dificuldade é manter esse ambiente de hiperconexão produtivo se reconectando em novas dimensões. E ainda não se sabe bem como se fazer isso. Observe que em qualquer novo projeto, você entra num grupo de WhatsApp, um outro, outro grupo e assim vai, quase sem limites em conexões. As pontes existem, os conteúdos existem, as trilhas de aprendizagens existem, as empresas respondem, estão conectadas, mas nesta hiperconexão muitas, mas muitas complexidades.

Há outras dores rondando a pós-pandemia, momento de mudança cultural do emprego, por exemplo.

Antigamente, e este antigamente é ontem, ali atrás, era um emprego fixo onde você entrava e ficava por décadas, até se aposentar. Um contexto cultural de empregabilidade em que na maioria das vezes a pessoa só tinha comprometimento com o dinheiro, ou seja, trabalho, vou lá, produzo, recebo e pronto. E o pior, se tornava uma pessoa chata, até limitada, porque a vida era só pagamentos, boletos e contas.

A partir do momento que a vida ficou tão frágil, muita gente está revendo o emprego.

Tem um amigo meu que agora mesmo, dias atrás, conversávamos, ele tinha um emprego de 25k mensais, não ele não é rico, é correria mesmo pra levantar essa remuneração. Me disse: pedi demissão, eu tô surtando. Trocou os 25k por um novo trabalho de 8k. Porque a questão agora é que as pessoas entendem que o dinheiro faz parte, é necessário, mas não pode ser tudo. Vem mudando a relação dos profissionais com o dinheiro, com salários, bônus.

A tecnologia, sim, está no centro dessas mudanças todas. Mas e o ser humano? E o contexto de produtividade, de remuneração?

Observe a ‘perfeição’ tech do Spotify, perceba que o principal produto deles, não é apenas a música, são os músicos, os artistas. Cara, eles estão ‘esmagando’ os artistas, pagam por 10 plays cerca de apenas 0,04 centavos de dólar. Fui pesquisar para entender. Na realidade, se pensarmos, isso é realmente uma sacanagem.

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Esse é o ponto, vocês têm que ter essa tecnologia, digamos, um Spotify, porém cuidar do ser humano envolvido nessa cadeia produtiva.

Toda essa base de tecnologia do letramento digital, pode estar criando, aumentando ainda mais esse gap. Desigualdades sociais, por exemplo, eu achei que a Covid iria gerar um senso de apoio na dor, de pensamento mais coletivo, unir, mas não, piorou, então acho que vocês têm que trazer sim a tecnologia, mas tem que trazer também a questão do humano no discurso, porque a CULC, pelo que me apresentam, é mais que plataforma de trabalho digital, é comportamento de engajamento humano, de união para uma empresa.

O dever de casa que eu indiquei a vocês como livro – Planeje melhor seu negócio, do Patrick Van der Pijl, Justin Lokitz e Lisa KaySolomaon, Alta Books Editora, vai nesse caminho de interpretar as entregas que estão propondo com a CULC, além da tecnologia. Uma base enorme a de vocês, não é? Você, Stefarss, tem uma vivência nessa área de gestão humana gigante. Idem o seu sócio, o Joel, em tecnologias. Acho, que agora o que vocês precisam, é encontrar a beleza nesta tecnologia.

Isso já dominam, a tecnologia, a gestão de pessoas, mas agora qual é essa outra beleza?

É a necessidade contemporânea em relação a propósito, legado, existência, evolução, essa visão de futuro do ser humano no trabalho que tenho que acoplar não somente nas entregas, mas no discurso correto, de escala diferencial de um produto.

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Para que as pessoas compreendam o diferencial do negócio de vocês. Hoje, criar jornadas, fortalecer ferramentas, é um diferencial muito incipiente diante de um futuro do trabalho que a cada minuto está sendo revisto, repensado.

O que vocês estão propondo com a CULC é ressignificar o jeito do trabalho.

O embasamento humano na tecnologia é o diferencial no produto.

*Narrativas transcritas das reflexões de Artur ‘Kjá, no decorrer de duas sessões de mentoria com foco em Desing Thiking para os fundadores da CULC, startup HR Tech que se certificou no programa Ideiaz-Anprotec com coordenação do Instituto de Empreendedorismo Gênesis da PUC-RIO.

 

 

capa mercado e bio

Artur ‘Kjá é skatista, líder holístico, mentor de startups, palestrante, designer estratégico, educador e artista visual. Especialista e pesquisador de temáticas e disciplinas de conexões do nosso mundo hiperconectado, Neurociência, Filosofia, DesignThinking, Arte, Cultura de Inovação, Planejamento com OKR, Transformação Ágil e Laboratórios de Inovação.

https://www.linkedin.com/in/arturkja/

 

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