Suelen Gajus
A Escócia com cara de casa

Especial para a EA Magazine

 

E de repente todos eles eram: EU

O meu sonho de entrar em uma empresa pequena, onde eu pudesse ser parte da tomada de decisão quase se tornou um pesadelo. Estava acostumada com áreas inteiras de pessoas me apoiando com metodologias, gerando relatórios e materiais de comunicação com a hierarquia, agilistas disponíveis pra resolver qualquer impasse que poderia aparecer… e aqui, de repente todos eles eram: EU.

Eu me vi numa situação onde tive que definir método de trabalho do time, procurar uma forma de medir capacidade e velocidade, entender como posicionar hierarquia e clientes sobre o trabalho que estávamos realizando. Lembra do meu primeiro texto, onde eu culpava a grande corporação pelo mal estar que eu estava sentindo? 

Pois agora eu sentia falta da grande corporação e todos os benefícios que ela me trazia.   

Por isso tenho estudado muito de uns tempos pra cá. Eu tive muita teoria no começo da minha carreira, mas em algum momento acho que passei a trabalhar mais com o coração, seguindo minha intuição pra decidir o que era o certo a se fazer. Funcionou por um tempo, e ainda funciona até, mas me dei conta de que muitas vezes eu estava reinventando a roda procurando solução para problemas que muitas pessoas já resolveram a muito tempo.

Pesquiso muito como as pessoas fazem as coisas, procurando exemplos, técnicas. De tarefas básicas que faço no dia a dia mesmo, como escrever uma estória de usuário, mas com um olhar crítico em relação a forma como venho fazendo isso. E vocabulário! Se em português eu já tinha o hábito de chamar todas as coisas de “coisas”, ao invés de buscar o correto termo, em inglês levo isso ao extremo. 

Saber nomear o que você faz é a melhor maneira de se fazer entender e evitar frustrações.

Sei mais sobre meus limites

Essa é a diferença da Suelen de agora pra Suelen do primeiro texto que não aguentou a pressão que ela mesma se impôs. Hoje sei mais sobre meus limites. Eu peço mais ajuda, aceito que não dou conta e manejo minhas próprias expectativas em relação a mim mesma, que descobri, serem muito maiores do que a expectativa de qualquer pessoa em relação ao meu trabalho.

Uma das coisas mais importantes que tenho valorizado é o tal equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. E posso confirmar, ele existe!! 

Percebi essa relação diferente que as pessoas daqui tem com trabalho desde sempre. O escritório vazio depois das seis da tarde aqui é uma realidade, e sei disso porque ainda sou a última pessoa a ir embora, afinal não é de uma hora pra outra que vou conseguir deixar de ser workaholic e controladora, mas venho tentando e aceitando melhor meus limites.

Falar das inúmeras oportunidades que a carreira de TI pode trazer, vai soar até meio clichê em 2022. Mas o fato é que tecnologia é uma das profissões que mais abrem portas para mudança na vida das pessoas. 

É o mercado que mais celebra o profissional autodidata e que adora ouvir um case de fracasso

Faliu sua startup? 

Grande chance de ser contratado por uma empresa que valoriza o simples fato de você ter se arriscado. A carreira internacional é um sonho muito mais fácil de ser realizado para profissionais qualificados e conheço muita gente espalhada pelo mundo que conseguiu essa oportunidade com visto de trabalho. 

Europa, América do Norte, Oceania

Não importa qual país, se esse é teu sonho, foque no estudo do idioma inglês mas não se limite por achar que ele ainda não está bom o suficiente. Se candidate e falhe. Sofra rejeições e aprenda com essa experiência pra usar na próxima porque uma hora a vaga certa vem.

Às vezes bate aquela síndrome de impostora, e além da terapia que está em dia, sempre procurei me cercar de mulheres inspiradoras por todos os lugares por onde passei. Tenho amigas que admiro e consigo compartilhar situações, pensar juntas em como resolver conflitos e impasses. Sigo produteiras no Instagram e no Youtube, ouço podcasts e meu queridinho da vez é o maravilhosas “Mulheres de Produto”. Ouvir pessoas que passam por situações semelhantes ajuda muito a organizar as ideias e montar planos de ação. 

E olha só, encontrei o grupo de produtos aqui de Edimburgo no Meetup outro dia e, até fui num encontro já, o primeiro pós-pandemia. Aos poucos, vou criando uma rede tão incrível como a rede que criei no Brasil, deixando a Escócia cada vez mais com cara de minha casa.

A nova casa de Suelen

edimburgo3 - A Escócia com cara de casa edimburgo2 - A Escócia com cara de casa edimburgo1 1 - A Escócia com cara de casa

edimburgo 01 - A Escócia com cara de casa aerialists - A Escócia com cara de casa New College da Universidade de Edimburgo scaled 1 - A Escócia com cara de casa

Edimburgo, cenas cotidianas da cidade que abriga uma brasileira em sua nova jornada de vida 

Podcast Mulheres de Produtos. Ouça aqui

FIM

Relato 1. Minha história com a tecnologia.

Relato 2. Começando minha jornada em Edimburgo

 

Perfil1 - A Escócia com cara de casa

Suelen Gajus é profissional de TI há 16 anos. Atuou no Brasil na área financeira do Itaú e da Rede. Hoje é mulher de produto em Edimburgo, Escócia, na empresa Red61. Está em busca constante do equilíbrio entre a vida profissional bem-sucedida e o prazer da vida pessoal.

https://www.linkedin.com/in/suelengajus/

Fale com o editor:  

eamagazine@eamagazine.com.br