Vamos dançar? | Dani Greco
EA – Você é atriz, dançarina e cantora, fez duas faculdades, PUC e Anhembi, pós em preparação corporal… bem multiprofissão. Dani Por muitos anos, eu sofri com esse estado de multiprofissional, pois sempre acreditei que o ser humano teria que viver uma vida só, plena de sentido e com apenas um foco, uma carreira (e tudo bem para quem tem uma carreira só). Porém, ao longo do tempo, fui compreendendo que para que eu chegasse onde estou hoje, eu não poderia ter tido uma carreira sólida em um único caminho.
EA – Há ganhos nessa multidisciplinaridade?
Dani Minhas muitas experiências contribuíram para que hoje eu pudesse desenvolver multipotencialidades e um método alicerçado em skills como: empatia, aprendizagem autodirigida, criatividade, autenticidade, senso de comunidade, confiança, coragem, curiosidade, equilíbrio e influência. Essas são as chamadas Core Skills (de Alex Bretas, Alexandre Santille, Conrado Schlochauer e Tonia Casarin), que fazem parte do que desenvolvo na prática. Elas “traduzem”, são parte teórica do trabalho de corpo-mente que desenvolvo através do movimento da dança.
“Tudo o que estudei agrega valor. Seja na administração da minha startup, no trabalho teórico e prático com colaboradores ou com grupos de atores que precisam entender como desenvolver o corpo de uma personagem.”
EA – Potencial de autoconhecimento para lideranças…
Dani Ao mesmo tempo em que educo e trabalho aspectos humanos do sentir e do pensar, entendo e trabalho no operacional, no backstage, compreendo as competências que devem estar por detrás de uma grande empresa ou de um bom líder, ou então de como encantar o cliente, skill que aprendi com minha formação em turismóloga e trabalhando na LATAM, com os ensinamentos de Rolim Amaro.
EA – Por que escolheu a dança?
Dani Minha carreira na LATAM Airlines ia ‘muito bem, obrigada’, e com apenas 24 anos de idade, já estava trabalhando junto à diretoria e gerência da empresa, porém, ao mesmo tempo, já estava imersa na dança e isso me causou uma dúvida entre seguir carreira ou seguir na dança como profissão. Na época, havia sido convidada para ministrar aulas de dança em NY, porém, para isso acontecer, eu teria que escolher, ficar na LATAM ou me demitir e ir em busca de viver da dança.
EA – Ir ou ficar, como decidiu?
Dani Comecei no ballet muito cedo, então, a dança sempre fez parte da minha vida. Já liderava muitos grupos e ministrando aulas em diversos lugares em São Paulo, e fazendo diferença na vida de muita gente, inclusive de jovens de comunidades carentes, e é o que faz sentido para mim até hoje: transformar mentalidades através do movimento. Com a pressão de ter que escolher algo tão difícil, entrei em um processo de bornout e depressão e, com muito cuidado, escolhi me demitir da empresa para que não chegasse ao nível de precisar de medicação tarja preta. Fui para Nova Iorque e meu caminho na dança foi se construindo.
EA – Há um método em sua dança?
Dani Dancei várias modalidades: jazz, afro, hip-hop, balé contemporâneo, voltei ao clássico, mas a dança me laçou mesmo quando encontrei a dança contemporânea e a consciência corporal com os estudos de Rudolf Laban (arquiteto e coreógrafo) e Klauss Vianna (bailarino e preparador corporal), foi daí que surgiu meu método de trabalho. Comecei a colocar em prática com colegas de trabalho na LATAM. Eu passava alguns exercícios práticos, analisava a movimentação de cada um e, posteriormente, trabalhava aspectos mentais e emocionais a partir do movimento. Vi que isso funcionava!
EA – O que é ser empreendedora na dança?
Dani – É não se cansar em buscar alternativas e ideias inovadoras para garantir a existência e continuidade do método que criei. Seria muito raso para mim, depois de tantas experiências, não buscar empreender e apenas tratar a minha profissão como uma forma de manter minhas contas em dia. Sinto prazer em liderar times, em administrar algo que seja meu, em aprender a como utilizar as finanças de maneira sustentável e ainda, a colocar ideias no mundo de forma muito autêntica.
Ser uma empresária, e ainda uma empresária no ramo em que atuo – onde faltam muitos recursos – é trabalhar minha resiliência, é lidar com desafios diários, é romper barreiras de corpo e mente, é me manter em movimento.
Dani Greco tem 20 anos de experiência no mercado do movimento e bem-estar. Trabalhou por seis anos na LATAM Airlines, até 2006, quando decidiu focar seu trabalho em práticas corporais conscientes para a ampliar a saúde física e a mental das pessoas. Em 2019 fundou a DancePills buscando ajudar pessoas a melhorarem não apenas a produtividade mas manter suas rotinas de forma saudável e focada, com atividades centradas em bem-estar, como a dança.
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