RECRUT.AI | Patrick Gouy

 

Nosso início na RECRUT.AI

Eu me considero um empreendedor em série. A RECRUT.AI é minha segunda empresa no Porto Digital, no Recife/PE. A ideia surgiu dentro de uma célula de pesquisa e desenvolvimento que eu liderava. Estávamos à procura de novas tecnologias que pudessem revolucionar processos dentro de áreas-chave do RH trabalhando com tecnologias nascentes, como processamento de linguagem natural. Logo ficou claro que os avanços mais recentes nessa área caiam como uma luva para Recrutamento e Seleção e daí para criar a RECRUT.AI foi um “pulo”. Fundamos a empresa em 2019 após um super case de sucesso com a UNILEVER. Sabia que tinha algo especial acontecendo ali, então chamei a Karol Amorim (ex-Unilever) e o Eduardo Muniz (ex-Claro e Vivo) para serem os sócios-fundadores junto comigo e seguimos juntos hoje. Não demorou muito para entendermos que nosso propósito é ser uma tecnologia que acelera a empresa a fazer sua próxima grande contratação.

EA – Nos explique o diferencial e potencial do conceito “Smart Recruiting”?
Patrick Smart Recruiting é a nova geração das plataformas de seleção. O modelo atual de plataforma de seleção surgiu nos anos 90, com os chamados Applicant Tracking Systems (ATS), numa tradução livre: Sistemas de Acompanhamento de Candidatos. O foco era organizar o funil de seleção, trazendo organização, medição e a substituição do papel.

O foco do Smart Recruiting é outro. Além de organizar e medir, o foco é agregar inteligência, automação e humanização às plataformas de seleção. Seus 4 pilares são: Tecnologia Human First, Big Data integrado, Automação inteligente e Diversidade natural.

O mundo se digitalizou, as relações de trabalho mudaram, o trabalho remoto veio para ficar, então o processo seletivo também está evoluindo. Não é possível resolver os problemas do futuro com as ferramentas do passado.

EA – O maior número de HR Techs são as plataformas R&S, qual o diferencial da solução de vocês?
Patrick Nosso diferencial é permitir que os conceitos do Smart Recruiting possam ser facilmente acessados e utilizados pelas empresas. Automação inteligente, humanização da experiência e predição comportamental são usados para melhorar a assertividade e aumentar a diversidade de maneira natural na seleção.

Funcionalidades como hunting automatizado no LinkedIn e feedback cognitivo são exemplos de entregas exclusivas da RECRUT.AI para o mercado Talent Acquisition.

“Este é um conjunto de entregas que melhora a posição dos nossos clientes na sociedade.”

EA – Como a seleção por AI pode ajudar nisso – vaga certa para o profissional certo e impactar em menores índices de turnover?
Patrick Um dos papéis da Inteligência Artificial no Smart Recruiting é o de identificar os comportamentos que os candidatos tendem a apresentar no trabalho, identificando suas fortalezas e pontos de melhora no perfil profissional. Por isso, mesmo sem ter experiência no mercado de trabalho, recrutadores conseguem identificar a vaga certa para o profissional certo, de acordo com a aderência de cada pessoa ao cargo.

Essa é uma das razões pelas quais a RECRUT.AI consegue ter aderência tanto a vagas de primeiro emprego, como perfis mais seniores e de gestão. É possível inclusive selecionar com assertividade jovens para o primeiro emprego.

EA – Como tem sido a resposta de aderência dos RHs à solução? Há um case?
Patrick Nossos clientes vão desde empresas de Varejo a Indústria, que recebem milhares de currículos mensalmente, até empresas de Tecnologia, que convivem com a escassez de candidatos.

Nossa plataforma permite ao mesmo tempo a seleção de 12 mil candidatos para 350 vagas em 4 dias no Novo Atacarejo, até a redução de 30 dias para 48 horas para contato com candidatos, uma redução de 95% no tempo de hunting com nosso Hunting Automatizado, na Rede Inova. Na nossa carteira estão clientes como AON, Amanco Wavin, Meta Tecnologia, Locaweb, Avanade, Novo Atacarejo, entre outros.

EA – Quais as skills mais potenciais para uma vaga, independente da posição?
Patrick Nós acreditamos no potencial humano. Além da nossa análise de currículo, nossa tecnologia também vê as pessoas por inteiro, por isso a plataforma não determina se alguém tem ou não uma skill, mas qual o grau que cada pessoa tem de demonstrar as skills requeridas para aquela função. Ou seja, o potencial que aquela pessoa pode vir a apresentar depois de contratada.

“A seleção precisa concentrar-se não onde o candidato está no momento, mas onde ele pode estar no futuro.”

EA – A gestão em startup, sabemos, não é simples, e não menos os desafios na posição de CEO. Como você se reinventa pra seguir em frente com o propósito que abraçou?
Patrick Primeiro de tudo é preciso acreditar no seu propósito, na visão e no potencial da sua startup e do seu time. Os desafios são diários e o mundo vem mudando cada vez mais rapidamente, então as certezas são cada vez menores. Isso pode ser visto como uma fonte inesgotável de oportunidades, mas também de inseguranças. Como fundadores do negócio, nosso papel é entender o momento, nos adequarmos a ele, além de prever os próximos movimentos do mercado guiando nosso time nessa direção.

EA – Startups, em sua maioria, chegam ao mercado com um núcleo de sócios. Qual o melhor potencial de entregas de sócios para manter a gestão em escala rápida que é perfil do modelo de negócio?
Patrick A primeira coisa é entender em qual nível de maturidade sua startup se encontra e o que isso irá implicar no esforço de cada sócio. Geralmente, os sócios precisam ser mais hands-on no início e fazer a transição rápida para tornarem-se team builders à medida que as primeiras contratações chegam com o crescimento.

No final das contas tudo o que o gestor não pode é ser ele o próprio limitador do crescimento da organização. É necessário entender quando é o momento de passar de estágio em cada fase de maturidade da startup, saindo da frente e colocando pessoas boas no time para que possamos focar nos novos desafios.

EA – Na maturidade da startup, onde observaram erros na gestão e como lideram para corrigir?
Patrick A primeira coisa é reconhecer o erro e agir rápido para corrigi-lo. Startups early stage como a nossa precisam ter uma velocidade muito acima da média para se readequarem a situações que não foram previstas ou mudanças de rotas que são até comuns.

“O erro, numa startup, é algo corriqueiro – e até encorajado.”

Como empreendedor, a questão não é o erro em si, mas como você o absorve e usa para mover sua empresa para frente, sempre. Na minha visão, o segredo é entender os limites do time para lidar com frustrações advindas do erro. Isso precisa ser trabalhado desde cedo nas primeiras contratações da companhia para que todos sintam-se à vontade com essa cultura e modo de visão.

EA – Qual o estágio atual do negócio?
Patrick
A RECRUT.AI já está num estágio de aceleração de negócios. Temos +100 clientes e multiplicamos o faturamento ano após ano desde a fundação. Tivemos nosso primeiro investimento anjo em 2021 e estamos nos preparando para uma próxima rodada em 2023. O time, que era de 8 pessoas até o final de 2021, é de 20 pessoas hoje.

EA – Há cooperação na comunidade de startups HR Techs?
Patrick Acho que ainda é baixa, se pensarmos no potencial conjunto que diversas startups de RH teriam se atuassem juntas. Mas pode ser fruto de um momento de maturidade.

EA – Nos últimos anos, se observou boom de investimentos em fintechs, agora há um cenário positivo para HR Techs?
Patrick Com certeza. HR Techs atuam numa área que tem sentido transformações muito além do que era imaginado. RH é uma área com muitas oportunidades de negócio potencial, por estar vindo de uma base de digitalização menor. Alguns dizem que isso se deve porque o RH “ficou para trás” nessa evolução. Discordo dessa visão, mas é inegável que existem muitas oportunidades.

Até pouco tempo atrás diversos processos internos de RH da empresa, por exemplo, eram feitos de forma totalmente manual. Admissão presencial, currículo em papel, entrevistas in loco, dinâmicas de grupo são exemplos de coisas que se tornaram obsoletas em menos de cinco anos. E vem muito mais por aí.

EA – Como deseja que a RECRUT.AI impacte positivamente questões do futuro do trabalho?
Patrick Será impossível pensarmos no Futuro do Trabalho sem pensarmos ao mesmo tempo na Seleção do Futuro. Nossa contribuição será a de redesenhar esse processo importantíssimo para todas as empresas, extraindo o que há de melhor nele – os aspectos humanos – com o que há de melhor hoje em termos de tecnologia – a agilidade e o poder dos dados.

Novos arranjos de trabalho já estão invertendo o vetor de decisão de seleção. E quando esse futuro chegar e as empresas passarem a ser escolhidas ao invés de escolherem, qual papel o RH precisará desempenhar então?

 

patrick - RECRUT.AI

Patrick Gouy é empreendedor há mais de 15 anos no mercado. Nerd desde os oito. Founder da RH3 Software. Organizador do REC-AI (Recife AI Meetup) e VP da ASSESPRO-PE desde 2017. CEO e idealizador da RECRUT.AI

https://www.linkedin.com/in/patrickgouy/

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