Entre oceanos high tech | Alex Rocha

 

EA – Tecnologias operam em ambientes mais ágeis de negócios, daí as startups.  
Alex Sim. Depois que se consegue a oportunidade de trabalhar para um grande player e a entrega acontece, as demais empresas que atuam na mesma área querem conhecer também e acabam contratando. E como o Brasil é um país muito grande, a quantidade de potenciais clientes é grande também. São muitas empresas competindo no mesmo vertical, e isso acaba por oferecer a oportunidade de escalar no mesmo país, algo que não acontece em Portugal.         

EA – Suas startpus estão em quais setores?  
Alex Minha primeira startup na área de IA Conversacional. Hoje, estou com duas outras empresas, uma healthtech, a Manuel VAIOT, www.manuelvaiot.com e a outra, uma plataforma de atendimento humano para canais digitais, a Tech4Humans, https://www.tech4h.com.br/   

EA – Como foi sua jornada de chegada ao Brasil?    
Alex Quando cheguei no Brasil, há seis anos, o ecossistema empreendedor estava começando a aquecer e, por isso, não tinha todas as opções que existem hoje. Optamos por não incubar nossa primeira startup e navegamos à vista por bastante tempo, sem buscar auxílio de outros navegadores mais experientes, como é habitual encontrar em programas de incubação. Mais recentemente optamos por incubar a Tech4Humans e Manuel VAIOT, beneficiando do acesso a mentores, conteúdos e plataformas de apoio ao crescimento do negócio.    

“O Brasil tem uma característica de buscar soluções para os problemas que vão aparecendo, para além de uma forte capacidade de trabalhar em equipe, onde reina o espírito de entreajuda e partilha.”  

EA – Onde há oportunidades de negócios em TI? 
Alex A inteligência artificial (IA) é a grande oportunidade do momento. São vários os especialistas que apontam essa tecnologia como uma grande porta de entrada para que novos negócios surjam, e é também comparada com a invenção da eletricidade, que foi um momento de virada gigante, que permitiu a criação de um sem número de novos produtos e serviços.   

EA – É preciso empreender muito até encontrar um negócio escalável? O fracasso traz lições?  
Alex No meu caso, aconteceu isso sim. Tentei minha sorte outras vezes antes de ter conseguido montar um negócio escalável. Há, porém, casos em que os empreendedores de primeira viagem se dão bem e levam suas startups para a fase de scale-up. O que se sabe é que são muitos mais os casos de fracasso do que de sucesso, e por isso diria que são os fracassos que nos ajudam a entender o que poderíamos ter feito diferente, ou até quais variáveis precisamos considerar antes de nos aventurarmos novamente.

EA – Mitos do modelo startup que precisam se desconstruído pra não dar um belo ‘tiro no pé’? 
Alex Não sei se existe um grande mito, mas talvez exista uma imagem glamorosa no mundo das startups tecnológicas que não é compatível com o mundo real. Todos os que equacionam montar suas startups precisam estar preparados para trabalhar árduo e lidar com vários tipos de frustração que exigem muita resiliência. As startups são empresas muito enxutas, que normalmente têm poucos recursos e precisam conseguir provar seu valor, seja para penetrar no mercado e conseguir clientes pagantes, seja para levantar capital, por exemplo. Mas tem muitos outros temas, como a construção do time, talvez um dos mais importantes para não dar um ‘tiro no pé’.

EA – Por que Portugal atrai hoje tantos ‘brazucas’ empreendedores? 
Alex Depois que o Web Summit passou a ser realizado em Lisboa, a imagem de Portugal com relação ao tema empreendedorismo ficou bem em alta. Na era pré-pandemia, vi muitos brasileiros viajarem para participar no evento e fui escutando e lendo feedbacks muito positivos, que ecoaram bastante no ecossistema e que certamente ajudaram a alimentar a vontade de morar em Portugal. Depois, naturalmente, tem a familiaridade da língua, que acaba facilitando bastante para quem quer ter uma experiência fora do Brasil. Por fim, eu diria que, para quem visita ou para quem escuta os testemunhos de quem já visitou o país, bate uma vontade de sentir o gostinho de morar do outro lado do Atlântico.  

 

foto alex - Entre oceanos high tech  

Alex Rocha é português radicado em São Paulo desde 2015, cofundou as empresas Smarkio Brasil (exit realizado em 2021), a Tech4Humans, e a Manuel VAIOT, e mais recentemente, iniciou a Our Group Brazilian Venture Builder. Sua trajetória profissional inclui experiências como empreendedor e gestor em áreas como Computação Gráfica (Realidade Virtual e Aumentada), Design Industrial, Tecnologias Opensource, Incubadoras e Parques Tecnológicos, BPO, e mais recentemente Inteligência Artificial Conversacional.  

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