Quero criar uma think tank no Brasil | Paulo Silveira

 

EA – Como cientista da computação, que contribuição traz para a Educação?
Paulo Em tecnologia, é comum ver dois grandes grupos de profissionais: os que gostam de uma educação mais acadêmica, com mais embasamento da programação, da lógica e dos algoritmos. O outro grupo prefere ir mais da forma técnica: em frameworks, linguagens, etc. Reconheço a vantagem de encontrar um caminho do meio, pois não queremos formar apenas copiadores e coladores de código. Esse embasamento acadêmico me deixou isso muito claro.

EA – Como empreendedor, o que te desafia hoje?
Paulo Poder ajudar a estruturar uma think tank em tecnologia no Brasil, ajudando a nos posicionar de forma mais justa no mercado de programação. É isso que pode propulsionar ainda mais a demanda por profissionais e ajudar quem está ingressando na carreira.

EA – A Alura é hub de formação em tecnologias, nos conte qual a maior ativo?
Paulo É a comunidade. É estar em todos os lugares. Uma escola de verdade não fica apenas atrás das 4 paredes. Ela está onde o aluno, a aluna, estão. Seja dentro da plataforma, seja conversando no Twitter, respondendo no LinkedIn, num evento na Twitch, nos podcasts com convidados que podem ser eles mesmos.

EA – Qual o perfil do aluno da Alura?
Paulo Até 3 ou 4 anos atrás, o perfil de pessoas que queriam migrar de carreira era pequeno. O mesmo para quem queria aprender a programar para aplicar em outra profissão (medicina, direito, finanças). Hoje, esse perfil é quase metade dos nossos alunos e alunas. A outra metade já está no mercado de tecnologia.

EA – Por que há mais oferta de vagas que candidatos em tecnologia?
Paulo A demanda do mercado é para Devs plenos e seniors, em sua grande maioria. Mesmo quando a vaga é para júnior, costuma-se pedir experiência (muitas vezes descabidas). Educar o mercado a contratar mais pessoas em início de carreira é a única forma de resolver esse problema a longo prazo. Não há profissionais seniors em grande quantidade hoje. Isso não será resolvido da noite pro dia. As empresas precisam estar conscientes disso.

“Queremos conscientizar os grupos de minorias de que é possível sim, ingressar nessas carreiras. Reforçar positivamente essas pessoas. A diversidade passou a ser fundamental há muitos anos. Deixar esses grupos sem atenção vai bloquear o crescimento de qualquer time de tecnologia.”

EA – Como avança a cultura das edtechs no Brasil?
Paulo É um modelo bem colaborativo. Eu conheço e conversei com a maioria absoluta dos meus concorrentes e competidores diretos e indiretos. Respondo essa entrevista diretamente de San Diego, em um evento lotado de concorrentes meus. Educação não é um mercado winner takes all. Nunca haverá uma única grande escola que monopoliza uma grande maioria dos alunos. Isso não faz sentido e seria prejudicial ao pensamento múltiplo.

EA – Como segurar a atenção e a concentração dos alunos nas aulas, cursos online?
Paulo Boa pergunta. Cada concorrente meu terá uma resposta diferente. Acredito que ninguém tem uma boa resposta ainda. Criar relações e vínculos parece ser o caminho: amizades, conversas, ir além da escola. Mas como exatamente aplicar isso ainda é uma incógnita.

“Ensino online era visto com preconceito pelas empresas brasileiras. Agora não é mais barreira e somos competidores de empresas tradicionais.”

EA – Há espaço no mercado de TI para a geração 50+?
Paulo Há espaço. Temos alunos e alunas. Nos nossos times de TI, o mais velho tem 48 anos e começou na carreira aos 47. Seria mentira eu dizer que não há preconceito, mas há oportunidades e as empresas sabem que precisam contar com a ajuda de todos e todas. Costumo ser otimista, mas vejo mudanças, mesmo que devagar, nesse mercado mais inclusivo. A TI é protagonista aqui.

 

Paulo Silveira - Quero criar uma think tank no Brasil

Paulo Silveira é um entusiasta em tecnologia e referência no assunto na América Latina. Como CEO no Grupo Alura capacita tecnicamente pessoas para programar, desenhar e criar software e produtos digitais, formando vínculos com comunidades. No Brasil, participa ativamente da cena tech, principalmente, em São Paulo, com a criação direta de eventos e podcasts (Like a Boss e Hipsters).    É investidor-anjo em quase 30 startups.

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