Recrutei | Paulo Rogério Lazári
Nosso início na Recrutei
Os sócios se conheceram quando eram membros da Liga Empreendedora de Uberlândia/MG, instituição sem fins lucrativos que seleciona jovens empreendedores que queiram construir produtos e serviços relevantes. A jornada inicial, como não poderia ter sido diferente, foi cheia de altos e baixos, com dúvidas e incertezas, muitas mudanças no modelo de negócio, no público-alvo. Tiveram a sorte, diz Paulo Rogério, de encontrar mentores, conselheiros e pessoas muito especiais que os ajudaram a evoluir como fundadores e a superar os desafios que sempre fazem parte da construção de uma startup que deseja escalar e ter impacto. “Às vezes, brincamos nas nossas conversas do dia a dia, que estatisticamente tínhamos tudo para não ter persistido, mas olhar para trás e pensar que já impactamos mais de 1.2 milhão de candidatos, dá orgulho e a certeza que valeu a pena continuar na caminhada”.
EA – O apelo social da Recrutei é fantástico, visa empresas PME’s, ecossistema importante de nossa economia, não?
Paulo Rogério Olá a todos os leitores da EA. De fato, ajudar as PMEs brasileiras tem uma finalidade especial. Quando lembramos que nos últimos anos, sempre em média de 70% das vagas abertas, segundo dados oficiais, são de empresas classificadas como Pequenas ou Médias, acreditados que levar mais eficiência no encontro entre essa camada de negócios e os candidatos, o mercado brasileiro como um todo, sai ganhando.
EA – A maior parte das HR Techs estão no segmento R&S. Qual o diferencial de vocês?
Paulo Rogério Ter diversas startups atuando no subsistema de Recrutamento e Seleção com certeza é influenciado por uma máxima quase inegável por qualquer empresa: contratar gente boa é extremamente desafiador. A nossa plataforma, a Recrutei, busca seu caminho de diferenciação ao priorizar em nosso produto a simplicidade ao operar quaisquer tipos de vaga, por termos desenvolvido um olhar especial para a experiência do candidato.
Hoje podemos afirmar que a facilitação de cadastro do candidato é um diferencial importante por permitir que pessoas consigam procurar emprego em nossas empresas clientes, sem burocracias desnecessárias. Nosso maior exemplo é o Recrubot, um chatbot especializado em atender o candidato em uma conversa no whatsapp, sem ter que ir fazer cadastros tradicionais chatos.
“Temos percebido que o mercado brasileiro tem valorizado cada vez mais HR Techs em Recrutamento e Seleção que tenham esse olhar.”
EA – Vocês atuam com mercado PcD? Como analisam contribuir com a inclusão PcD?
Paulo Rogério Em nossa plataforma hoje, os candidatos conseguem expressar suas necessidades especiais e o recrutador consegue visualizar isso do outro lado. Ações complementares para mais inclusão é um desafio que começamos a nos aprofundar. Existem muitas pessoas na condição “PcD” que, se achadas com mais facilidades pelas empresas, podem contribuir muito para os negócios das mesmas.
EA – A mesma reflexão para um geracional que busca voz e chama a atenção do mercado corporativo: os 50+.
Paulo Rogério A geração 50+ de fato precisa de um olhar especial. Muitas vezes, são pessoas que estão no começo ou nem começaram o processo mais estruturado de transição para o digital. No contexto de empregabilidade, isso significa dizer que muitas pessoas dessa geração ainda não estão completamente familiarizadas com a ideia de “procurar emprego via plataforma”. Nossa missão é ajudar para que o encontro dessas pessoas 50+, seja facilitado com oportunidades de emprego do seu interesse.
EA – Já atingiram o ponto de equilíbrio do negócio (breakeven)? Qual o desafio?
Paulo Rogério A gestão financeira e construir as bases necessárias do negócio, é um desafio que não acaba, na caminhada pelo tão buscado breakeven. Saber direcionar recursos disponíveis com sabedoria e embasamento, desenvolver uma cultura forte e de resultados, acertar nos caminhos de produto para atender as expectativas dos recrutadores e gestores são alguns dos ingredientes que devem ser manejados para o equilíbrio financeiro.
Em especial, o aprendizado que a gestão financeira constante e o contínuo olhar para os centros de custo e para o retorno causado por cada tipo de investimento que fazemos na operação, não pode deixar de ser prioridade, sempre.
EA – Vocês nasceram em Uberlândia/MG, como é operar fora dos grandes centros?
Paulo Rogério Apesar de estarmos fora do famoso eixo Rio-São Paulo, não podemos nem de longe reclamar da cidade onde começamos o negócio. Uberlândia possui um ecossistema de inovação vivo, onde temos referências de grandes empreendedores e empreendedoras, tanto em empresas tradicionais quanto de startups e scale-ups. Além disso, temos talentos que já passaram por startups relevantes e já conhecem o caminho de “trabalhar bem no digital”.
Com os efeitos da pandemia, acabamos contratando boa parte do time espalhada no Brasil e hoje operamos no modelo híbrido, no qual nossos colaboradores podem trabalhar de onde quiserem. Mas claro, grandes centros têm eventos e ecossistemas de porte, ambientes de maturidade que sempre devemos estar atentos e aprender com as melhores referências.
EA – Falando em mercado global? Há expansão prevista?
Paulo Rogério Nós fundadores temos uma visão clara de que o desafio de recrutamento e seleção é de fato uma dor global. Já tivemos boas trocas com pessoas do mercado na América Latina e percebemos que os desafios para se construir processos seletivos de alta qualidade são, de certa forma, homogêneos, o que nos credencia para buscar um go-to-market global no futuro.
No momento, nosso foco é total no mercado brasileiro: ainda vivemos no país em que o Recrutamento é feito no papel, planilha e “na raça” pelos recrutadores e, ainda temos muito a fazer, para ajudar a mudar essa realidade por aqui e ter um ecossistema de recrutamento mais digital e moderno.
EA – A empresa tem sócios investidores?
Paulo Rogério Um clichê real: dinheiro não resolve problemas de uma Startup. Tivemos sorte e mérito de escolher e sermos escolhidos por investidores que tem a mentalidade “Smart Money” no DNA. Desde nossos investidores anjo até nosso primeiro investimento com fundo, a Domo Invest, contamos com pessoas que nos aconselham, nos escutam, trocam ideias de maneira franca e sempre com impacto grande no nosso amadurecimento e aprendizado para escalar a empresa. Os prós são muitos, e possíveis “contras” é um pouco mais de complexidade de governança e de report, mas faz parte do jogo e é muito pouco perto dos benefícios que temos conseguido absorver.
EA – A Recrutei Academy amplia a visão social de vocês, não?
Paulo Rogério A Recrutei Academy conta com certificações gratuitas para o nosso público de RH, pois entendemos que o conhecimento junto com a tecnologia é uma combinação poderosa. Qualquer pessoa pode se inscrever para realizar um dos nossos cursos, depois de alguns testes podem emitir seus certificados. Mas pretendemos ir além em breve, e também produzir cursos que possam ajudar na empregabilidade dos milhares de candidatos que encontram seus empregos via Recrutei.
EA – Qual a maior dificuldade em encontrar o profissional certo para a vaga certa?
Paulo Rogério Para responder por completo daria para escrever um livro, rs. Existem múltiplos fatores que influenciam de forma direta na adequação entre um candidato e uma empresa, só para listas alguns: momento da empresa, momento de vida do candidato, perfil comportamental e competência técnica do candidato, tipo de processo usado pela empresa na seleção e por aí vai. Apontando uma em especial, com certeza é a comunicação com candidato.
E olhando “comunicação” aqui no prisma mais abrangente: descrever bem uma vaga tem a ver com comunicação, a postura do recrutador na entrevista é comunicação, dar feedbacks (ou deixar de dar) afeta a comunicação. Percebendo esse cenário temos investido muito dos nossos esforços em dar mais capacidade para a empresa fazer isso bem feito, desde comunicação por whatsapp, até otimização de comunicação por e-mail dentro do produto.
“O maior desafio das empresas é se comunicar com os candidatos de forma consistente durante toda a jornada de processo seletivo.”
EA – Como analisam a questão do nomadismo profissional o que impacta em contextos de fidelização e lealdade nas empregadoras?
Paulo Rogério Sendo bem franco: em essência a lealdade profissional às empresas empregadoras está mais relacionada a cultura e ao modo de tratar gente dentro do business. Obviamente, o nomadismo trás novos desafios, mas na nossa visão uma empresa que consiga colocar em prática o apoio aos seus talentos, cultura de transparência, ela ainda terá muitas chances de ter colaboradores leais, mesmo em um cenário de nomadismo profissional.
EA – A pesquisa comportamental, o DNA de vocês, como foi criada a metodologia?
Paulo Rogério Quando lançamos nosso produto no mercado, percebemos que muitos recrutadores desejavam ter uma análise mais estruturada sem conseguir arcar com os custos altos de compra de análise comportamental, o que era regra no mercado, Por termos o propósito da democratização da tecnologia em Recrutamento no mercado brasileiro, fomos um dos pioneiros em disponibilizar análises comportamentais de maneira ilimitada para os usuários.
Isso tem um impacto mais profundo do que se imagina: libera os recrutadores para ter mais informação de qualidade de mais candidatos e não somente de uma aqui e outro ali por impedimentos meramente financeiros. De um lado mais candidatos conhecendo seu perfil e de outro mais empresas com dados para decidir melhor.
EA – As empresas já entenderam que não basta automatizar recrutamento e seleção?
Paulo Rogério Essa pergunta é muito relevante e vou falar uma coisa que provavelmente os leitores da EA não esperariam ouvir de um fundador de startup de recrutamento e seleção: tecnologia e automação não resolvem os desafios dos recrutadores e empresas. Pregamos desde o começo, que a implementação da tecnologia deve ser acompanhada de mudanças de mentalidade: na forma de tratar o candidato e da visão geral de contratação de talentos.
Os candidatos estão cada vez mais informados sobre as empresas, com poder equilibrado na relação, portanto para nós aqui na Recrutei é sempre importante aliar a tecnologia com a orientação de como usar de forma que ajude e não atrapalhe o candidato.
“Automação tem que ser utilizada da maneira adequada e não é remédio para todos os males.”
EA – Como vocês ampliam a cultura HR Tech no ecossistema RH?
Paulo Rogério Podemos dizer que estamos ajudando a construir a cultura de que Pequenas e Médias Empresas devem e podem profissionalizar a tecnologia usada em Recrutamento, assim como fazer em outras áreas como marketing e vendas. A mensagem que deixamos em cada interação com cliente e por meio do nosso produto é que dá para “contratar como grandes organizações” sem que isso signifique buscar algo inalcançável.
“Nossa contribuição é aproximar as PMEs das melhores práticas de forma acessível.”
EA – Como vislumbram o futuro do trabalho para o mercado de R&S?
Paulo Rogério Dois movimentos que valem citar: a mudança clara das habilidades que são necessárias para se fazer um bom recrutamento. Um movimento já em curso mas que consideramos com tendência de aprofundamento: pessoas de outras áreas em formações, engenheiros de produção, financistas, vendedores, se descobrindo como recrutadores e o mercado valorizando cada vez mais um recrutador “fora da caixa”, que tenha olhar e capacidade analítica para lidar com dados no Recrutamento, que saiba vender a proposta de valor da empresa ao candidato e ainda estruturar a jornada de relação com os talentos. Ser recrutador é desafiador e cada vez mais será destinado aos melhores talentos, independentemente do mercado ou formação de origem.
Paulo Rogério Lázari foi diretor de Recursos Humanos na Liga Empreendedora de Uberlândia/MG, começou empreendendo em educação e hoje é co-fundador e CEO da Recrutei, software de Recrutamento e Seleção que simplifica a vida de recrutadores e candidatos. A Recrutei Academy oferece cursos 100% gratuitos para headhunters e recrutadores. Ao lado de Paulo Rogério atuam os sócios e co-fundadores, Pedro Paulo Silveira e Matheus Gomes.
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