MENTORA DA CARREIRA FEMININA | Edna Vasselo Goldoni
EA – Enfrentou obstáculos por ser mulher e empreendedora?
Edna Durante toda minha trajetória profissional, sempre acreditei na minha coragem e na minha capacidade de empreender. Como mulher, não encontrei obstáculos, e sim desafios, que fui superando por meio do meu autoconhecimento e autodesenvolvimento.
EA – A questão machismo é um tema crônico, não?
Edna A questão do machismo no ambiente de trabalho é real. São atitudes que diversas vezes não conseguimos identificar facilmente. Eu acredito que empresas que continuarem cultuando o machismo ou qualquer tipo de segregação vão pagar um preço alto. A escolha não é mais sobre ser machista ou não, é sobre se, no fim do dia, você quer uma empresa financeiramente saudável. O consumidor tem prestado cada vez mais atenção às declarações e posicionamento divulgados pelas marcas e levado esses valores em conta na hora de fazerem sua opção de compra.
EA – Como melhor capacitar profissionais mulheres, seja no empreender ou no corporativo?
Edna É preciso entender que existem perfis. Tem aquela mulher que tem a alma empreendedora e que só precisa de suporte e orientação, mas tem a que não vê o empreendedorismo como um caminho. O importante é saber em qual perfil essa mulher está. No programa, nós ajudamos as mulheres a entenderem qual o perfil dela e o que a fará feliz. No fim do dia é isso que importa: estarmos em um lugar que entendemos que é nosso. É o que nos dá força para seguir e vencer os desafios.
“Na Mentoria Colaborativa percebi, com a poderosa troca que experimentei com essas mulheres, que minha doação vai além das pérolas. Doar a minha experiência, a minha história e meu propósito é ainda mais relevante.”
EA – É possível mudar a conduta de empresas quando o machismo faz parte da mentalidade dos fundadores?
Edna O machismo, no ambiente corporativo, não é assunto novo, muito pelo contrário. O tema vem sendo discutido regularmente, principalmente por empresas que buscam culturas organizacionais e igualdade de gêneros. Temos que tornar possível a mudança desse pensamento dentro das organizações para que possamos construir um ambiente de trabalho mais igualitário. E precisamos identificar e abrir discussão sobre:
- MANTERRUPTING: interrupções enquanto mulheres falam
- MANSPLAINING: explicações óbvias dadas à ela
- BROPRIATING: ideias roubadas
- Falta de crescimento e respeito
EA – Investir em culturas com igualdade de gênero traz resultados melhores para empresas?
Edna A presença de mulheres nos cargos mais altos traz efeitos positivos para a receita, a criatividade e a produtividade das companhias, e tem resultados até 20% melhores, conforme diz a ONU Mulheres. As empresas apresentam, consequentemente, melhorias em sua cultura também. As mulheres também têm conseguido deixar bem claro de que forma podem contribuir. Estamos passando por uma crise mundial onde a gestão feminina teve um destaque considerável.
“Pesquisas apontam que quanto maior o número de mulheres, sobretudo em cargo de liderança, melhores são os resultados das empresas.”
EA – Mulheres encontram mais dificuldades do que os homens na hora de empreender. Consegue nos apontar as mais críticas?
Edna Entendo que existem alguns pontos que são mais desafiadores para a mulher empreender. Os principais desafios são: preconceito, dupla jornada, autoconfiança, dificuldade de crédito e machismo estrutural. Mesmo diante deste cenário, 24% de mulheres estão abrindo seus negócios no Brasil. Para muitas, empreender representa poder trabalhar com aquilo que gosta e a conquista da independência financeira. O Brasil é o sétimo país em número de empreendedoras.
EA – Mulheres têm receio da demissão pós-licença maternidade ou de terem a carreira estagnada. Qual seu conselho?
Edna Três em cada 7 mulheres têm ou tiveram medo de perder o emprego devido à gestação. Conciliar gravidez e trabalho é uma dificuldade real para as mães, principalmente as menos favorecidas. Acreditar na impossibilidade de uma profissional ser bem-sucedida ao mesmo tempo em que se dedica à ser mãe, faz com que muitas repensem a maternidade. De acordo com a pesquisa da Catho, 28% das mulheres deixam o mercado de trabalho.
Meu conselho para as mulheres é aceitarem os desafios e buscarem espaços e oportunidades de trabalho que permitam conciliar maternidade e trabalho. Temos falado muito em fit cultural. Entender em que tipo de empresa você está atuando pode evitar surpresas desagradáveis.
EA – O que diria para as empresas e para executivas sobre mulheres em cargos de liderança?
Edna No âmbito das empresas, gostaria de convidá-las a se tornarem signatárias dos Princípios da ONU Mulheres – WePs. Esses princípios fornecem um conjunto de considerações que ajudam o setor privado a se concentrar nos elementos-chave para a promoção da Igualdade entre homens e mulheres, como também ajudam as empresas a adaptar políticas e práticas existentes – ou estabelecer novas – para concretizar o empoderamento das mulheres. Para uma executiva, eu diria para buscar cada vez mais seu autoconhecimento, autodesenvolvimento e buscar trilhar uma carreira de acordo com aquilo que ela ama fazer.
Acredite na sua força e na sua coragem. Não espere que os outros tomem decisões por você. Procure tomar suas decisões de acordo com seus propósitos e valores. Acredite nos seus sonhos sempre e jamais desista!
Edna Vasselo Goldoni é reconhecida no mercado de RH pela sua contribuição de décadas ao setor. Empoderamento feminino e engajamento na igualdade social, política e econômica entre gêneros são pautas de sua trajetória como executiva, palestrante e mentora. Idealizou a Mentoria Colaborativa que já beneficiou em mais de 400 profissionais mulheres. Fundou o Instituto Vasselo Goldoni e segue inspirando o mercado com a sua crença de transformação social na força da mulher.
https://www.linkedin.com/in/ednavasselogoldoni/
Fale com o editor: