LIDERANÇA | Erika Petri

 

“Além de agilidade e tomada de decisão, entendo que ter flexibilidade para lidar com um cenário incerto e que muda todo tempo é fundamental. E claro, fortalecer redes, parcerias, para que possamos dividir os desafios, aprender com outras experiências, compartilhar.” 

EA – Sua trajetória é uma jornada admirável de expertise em comunicação e gestão de pessoas. Gente é pra brilhar?
Erika Claro que é! Para brilhar, mudar, pensar, aprender, criar, evoluir, crescer. Também é feita para errar, porque todo o ser humano é falho, e o mais bonito é que é possível recomeçar. Quando a gente vai construindo uma carreira, passando pelas organizações, percebe o quanto é importante sempre estar disposto a reaprender, recomeçar e usar a capacidade criativa para se adaptar a um ambiente ou transformar aquele ambiente. Claro que carregamos com a gente a nossa história, experiências e aprendizados, mas, para mim, o desafio e, ao mesmo tempo prazer, está em somar nossas experiências com experiências de outras pessoas e também com outros contextos e cenários.

“Tem que se abrir para isso, porque tudo está se transformando o tempo todo.”

EA – Você atuou em vários segmentos e por onde passa deixa uma mensagem de liderança inspiradora. Qual a missão de um líder, Erika? 
Erika Uma vez, em um evento, assisti a uma palestra sobre liderança e uma frase, mais ou menos assim, marcou minha vida: “a missão do líder é muito maior que entregar metas, é se tornar uma pessoa melhor e ajudar as pessoas a evoluírem também”. Isso fez muito sentido pra mim. Liderar é se relacionar, é ter a disponibilidade para compartilhar experiências. É estar disposto a aprender com as pessoas. É desafiar, dar espaço para o outro crescer e estar pronto para apoiar, direcionar.

EA – Não são poucos os profissionais que liderou e que hoje lideram times no mercado. Quais as habilidades dessa sua “escola de liderança”?
Erika Nossa, que pergunta difícil, hein!? Seria mais fácil que as pessoas falassem… Acredito que seja dar espaço, ajudar as pessoas enxerguem suas capacidades, fortalezas, valorizar isso. E desafiar sempre. Algumas pessoas que eu lidero ou já liderei, dizem que eu quero sempre mais, que que nunca estou satisfeita (não levo isso como um elogio). Na verdade, me vejo como uma pessoa inconformada, e principalmente, porque quero que cada um explore ao máximo seu potencial, liberte seus talentos e divirta-se muito nesse caminho. E não poderia deixar de falar de dinamismo.

Lembrei disso ao pensar em uma equipe muito querida que eu liderei, mulheres maravilhosas que estão liderando equipes em grandes organizações por aí. Eu provocava muito para que nossos programas fossem “dinâmicos”, como a indústria em que trabalhávamos.

Assim, acredito que ser dinâmica, demonstrar energia, alegria na condução do time, faz parte desse estilo de liderança, além de estar pronta pra mudanças, que sempre acontecem.

 EA – Qual seu sentimento em ver esse movimento, times seus se replicando como líderes no mercado?    
Erika Um sentimento de alegria e gratidão. Alegria porque uma das missões de um líder é abrir caminho para que as pessoas cresçam e se desenvolvam. E gratidão porque convivi e convivo com pessoas maravilhosas, com quem eu aprendo muito. Que também me desafiam a ser melhor. Mas quero destacar aqui que um indicador de sucesso, se é que podemos chamar assim, não é apenas ver novos líderes no mercado, e sim ver pessoas felizes, realizadas, fazendo o que gostam e sabem fazer de melhor no mercado, independentemente de posição de liderança, é espalhar seus talentos por aí.

 EA – Qual tem sido seu maior desafio em meio à pandemia?
Erika São tantos desafios. O primeiro de todos é cuidar da saúde dos colaboradores. Da saúde física e mental. Nesse período, fomos aprendendo e implementando protocolos para garantir a segurança dos colaboradores. Também implementamos um programa de apoio à saúde mental e assistência social para nossas pessoas, além de monitoramento do estado físico. Outro grande desafio, em uma empresa de varejo de moda, que por muitas vezes teve períodos de fechamento e restrições no funcionamento das lojas (como o que estamos vivendo agora), tem relação direta com a manutenção dos empregos.

Temos trabalhado para firmar acordos coletivos com os sindicatos, que nos permitam, de acordo com a situação da pandemia na cidade, reduzir cargas horárias e salários e, assim, passar por esses momentos difíceis sem ter que recorrer a demissões como primeira opção de redução de custos. Além disso, há a questão do trabalho remoto, a distância, a busca pelo equilíbrio. E para tentar reduzir tudo isso, abrimos ainda mais espações para conversas. Intensificamos a comunicação, com lives onde as pessoas se expressam, questionam, tiram suas dúvidas.

Implementamos também pesquisas pulso para ouvir os colaboradores com mais frequência e, assim, entender suas angústias, sentimentos e conseguir agir de forma mais precisa para manter um ambiente de trabalho saudável para todos.

EA – Você vem de passagens por empresas de varejo, setor que te desafia e te inspira, não?
Erika Adoro o dinamismo do varejo. Acredito que o desafio seja justamente lidar com esse senso de urgência, com as mudanças, gosto disso. Mas tem algo que gosto ainda mais, que é a vibração e energia das pessoas que trabalham nesse segmento, a alegria em servir, a proximidade com os clientes e, no caso da Marisa, com as nossas mulheres, com as clientes. É uma delícia sentir o impacto do nosso trabalho nessas relações.

EA – As empresas já entendem a comunicação interna como área estratégica?
Erika Acredito que não só as empresas entenderam isso, mas principalmente que líderes de alta performance usam a comunicação como ferramenta fundamental de sua liderança. A comunicação tem papel de protagonista no reforço da cultura organizacional, no alinhamento estratégico e no engajamento das equipes.

 EA – O que não pode faltar na comunicação interna?
Erika Não pode faltar é identidade, criatividade e escuta. Identidade para ser esse espelho que reflete a cultura. Criatividade para inovar e encontrar formas de dialogar com os colaboradores, fazer com que as mensagens cheguem na mente e no coração das pessoas. E ser uma área de escuta, para retroalimentar a organização e, principalmente, trazer respostas que os colaboradores anseiam, além de ouvir para cocriar.

“A pandemia, para mim, traz uma lição clara: do quanto precisamos estar próximos (mesmo que distantes fisicamente), nos ajudando para sairmos disso, todos. Não adianta um grupo de pessoas estar bem, um grupo pequeno estar vacinado, ou apenas algumas empresas estarem bem. Para sair dessa crise sanitária, econômica, social, precisamos ter o olhar no coletivo.”

 EA – A transformação digital acelerou a entrada das HR Techs no mercado. Quais as contribuições?
Erika O processo de automação contribui para que possamos nos dedicar mais aos temas em que as competências humanas não podem ser substituídas, e não ficar gastando esse bem tão precioso, que é o tempo, com trabalhos operacionais. Essas empresas vêm para ajudar os RHs a encontrarem soluções para seus desafios, trazer mais inteligência para área de gestão de pessoas, e assim, por exemplo, usar melhor os dados para fazer análises que nos permitam tomadas de decisões mais assertivas. E isso em várias partes do ecossistema. Nós, na Marisa, por exemplo, utilizamos IA (Inteligência Artificial) no processo de recrutamento e seleção, e buscamos com isso mais agilidade, produtividade, eficiência e qualidade nos processos seletivos, com pessoas cada vez mais alinhadas à nossa cultura.

 “Entendo que manter a essência das empresas, sua cultura, seja o fundamental, independentemente se isso será feito por meio de uma nova tecnologia ou não.”

EA – A diversidade, a inclusão de minorias, trazem ganhos para a cultura?  
Erika Sem dúvidas, trazem. Uma empresa que valoriza a diversidade, e que traz isso em sua cultura, com certeza é uma empresa mais colaborativa e inovadora. Um ambiente diverso traz consigo uma amplitude de visões, de pensamentos e de perspectivas, e isso contribui para criatividade e para busca de soluções. E não para por aí, a diversidade constrói um ambiente mais acolhedor, que respeita e integra. Em locais assim, as pessoas se sentem bem, o que promove mais engajamento e consequentemente, resultados melhores.

 EA – Como manter uma cultura aquecida, engajada e em contínua aprendizagem?
Erika Dar destaque a quem é exemplo e reconhecer quem age e toma decisões com base na cultura é uma das maneiras de se manter isso. Encontrar esses “heróis” da cultura e deixar que eles sejam vistos, suas histórias contadas e repassadas, traz sentido, concretiza e dá orgulho para as pessoas. Além disso, o líder exerce um papel fundamental nesse processo de engajar e criar uma cultura de aprendizagem. São os responsáveis por criar um ambiente de compartilhamento, de experimentação e desenvolvimento.

EA – Que habilidades e comportamentos se precisa ter para fazer parte de sua equipe?
Erika Busco formar equipes com profissionais que sejam diferentes e complementares. Porém, algumas características nos unem. Primeiro é ser apaixonado pelo que faz, trabalhar duro, com disposição para aprender sempre e se divertir na jornada. Valorizo muito as pessoas que têm bom humor, porque os desafios são muitos, e encará-los com leveza é fundamental. E claro, busco trabalhar com pessoas que gostem de superar resultados, que sintam prazer em fazer sempre melhor.

ERIKA PETRI preferida - Liderança transformadora

Erika Petri é formada em Marketing mas se encontrou no RH. Transforma a gestão de pessoas por onde passa. Gosta de gente, sabe lidar e liderar pessoas. Sua trajetória de carreira é toda construída no ecossistema de RH transformando culturas. Por anos, esteve à frente da Comunicação Interna de empresas players, Carrefour, Cyrela e LATAM. É diretora de RH e Sustentabilidade da Marisa.

Em plena pandemia, liderou o processo de home office com cerca de 12.000 colaboradores e, ele aconteceu, em meio a transformação da Cultura em curso na rede de varejo moda.

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