Liderança, exercício de dedicação | André Coelho
EA – Basta tecnologias para melhorar desempenho do RH, do colaborador?
André Não, a tecnologia é um meio para uma nova forma de trabalhar e performar. É claro que ela vai possibilitar que tudo isso que mencionei acima aconteça de uma forma mais fluída, rápida, ágil, sem ruptura, porém, é por meio das pessoas que se entregam os resultados, é através do background, da criatividade e capacidade de adaptação de cada indivíduo. A tecnologia nunca vai substituir o elemento humano, as sensações, percepções, a criatividade do ser humano. O que eu acredito que acontecerá é que um será aliado do outro, com a tecnologia substituindo atividades muito rotineiras, mas a tomada de decisão, na minha opinião, nunca deixará de ser humana.
“Ainda sobre a tecnologia, é importante dizer que para esses dois temas, treinamento e capacitação, ela será cada vez mais relevante na entrega de novas experiências e substituindo, de alguma forma, o modelo convencional de sala de aula”.
EA – O modelo de treinamento, com seu calendário de cursos e universidades corporativas, mantém-se eficiente?
André Acredito que esse modelo é muito importante para qualquer nível e tipo de organização, pois, infelizmente, no Brasil, ainda é necessário complementar (para uma melhor performance das pessoas e dos negócios) algum tipo de formação ou de educação que as nossas escolas e universidades não atendem. Ou ainda porque as pessoas não têm o mesmo acesso, a mesma condição de ter uma educação de qualidade.
Porém, o contraponto aqui é que as empresas precisam ter em mente, na minha opinião, é que nem toda dor precisa do mesmo remédio. De modo geral, as organizações tentam nivelar essa necessidade e acabam desconsiderando o contexto, que é extremamente fundamental para ser assertivo e aplicar os recursos de forma consciente e com um retorno efetivo.
EA – Quanto maior o investimento em pessoas, maior a voz do colaborador. Empresas querem mesmo ouvi-los?
André Acredito que sim, porque quem faz a empresa é o colaborador. As empresas estão começando a valorizar muito mais a voz do colaborador, seja através da comunicação interna, das pesquisas de engajamento, da criação de uma proposta de valor interna, dos canais de captação de ideias, porque, sem isso, ela não gera o engajamento necessário, e consequentemente, a performance necessária. Hoje em dia, as pessoas também escolhem as empresas onde querem trabalhar e desenvolver sua carreira, precisa ter fit de propósito, cultural, e elas precisam saber e sentir que são ouvidas.
Sem isso, não há acordo de trabalho que tenha sucesso. Quanto mais integrado o discurso das empresas, maior o engajamento e representatividade dos colaboradores, afinal, hoje todo mundo carrega o nome da empresa nas suas redes sociais, não dá mais para dissociar isso, é uma realidade.
EA – A equidade de gêneros é o levante atual no corporativo. Equipes plural têm entrega melhor?
André As empresas que entendem a importância da diversidade e transformam isso em ações e valores, em cultura, com certeza terão mais sucesso e melhor performance nos negócios. Sabemos que ainda há muitos desafios nesse quesito, especialmente por questões culturais de machismo, racismo e homofobia estruturais, no entanto, para mim, o mais importante é que as empresas consigam ter diversidade de pensamento, de culturas.
Por esse motivo, as empresas nascidas no Vale do Silício, por exemplo, são à frente do seu tempo, transformaram a forma de vivenciar e fazer negócios. Não e à toa que são benchmarking de resultados, de disrupção do mercado, e isso só foi possível porque elas respeitam e valorizam todo tipo de diversidade.
EA – Líderes estão sendo muito desafiados na pós-pandemia.
André Um líder sempre foi desafiado a inovar. É claro que o contexto atual está tirando toda a liderança da zona de conforto, mas, para mim, liderança é um exercício diário, então é preciso estar sempre atento, dialogando com seus times, para entender as necessidades individuais e do grupo, para entregar uma experiência de gestão que seja justa, que valorize o indivíduo e o a colaboração.
A gestão remota não é uma tarefa fácil, mas todo mundo se adapta, precisa ter resiliência, paciência e muito diálogo, para alinhar bem as expectativas e, assim, o líder facilitar o caminho do seu time.
Hoje nós temos tanto acesso à informação, cursos, formações, cabe a cada líder encontrar o melhor mix da sua aprendizagem, do seu desenvolvimento, para conseguir oferecer essa experiência para seus colaboradores. A liderança é um exercício de dedicação, não tem como o líder fazer um bom trabalho, ser reconhecido, se não tiver essa abertura, e esse momento tem exigido muito mais dele.
André Coelho tem vivência nos diversos subsistemas da área, como Recrutamento & Seleção, Remuneração, T&D, Carreira & Sucessão, Gestão de Desempenho, Estrutura Organizacional, Clima Organizacional e Comunicação Interna, em empresas nacionais e multinacionais, Embratel, Vale, Latam, B3, na Omni atua como Gerente de Recursos Humanos.
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