Por Claudio Moreira

 

Num belo dia, num belo salão de hotel, um workshop de formação de lideranças e as perguntas iniciais, trocas de impressões acontecem como sempre. Mas naquele dia a veia provocativa estava um pouco mais ressaltada e pedi que me trouxessem as definições de liderança que mais fizessem sentido para quem estava ali. Sem gabarito ou definição de algum autor no final.

Muitas definições vieram, algumas mais acadêmicas, outras mais orgânicas, até que a bola foi levantada de uma forma muito interessante:

_ “Seu trabalho como líder é tornar sua equipe mais eficaz”.

Bola levantada, bola cortada:

_ “Eficaz em quê?”

Minha intenção ali era trazer à reflexão a necessidade de sermos o mais precisos possível quando levantamos alguma questão. O complemento da pergunta pode vir de variadas maneiras, incluindo:

Eficaz em comunicar de forma efetiva. Por exemplo, minha equipe está muito dispersa e quero deixar claro a priorização”. Ou:

Eficaz no alinhamento pois estou preocupado que o trabalho da minha equipe não esteja vinculado aos objetivos do nosso departamento”.

Excesso de preciosismo? Não, apenas um hábito que cultivo (de forma leve e divertida) em pedir  definições sobre o que estamos conversamos. Minha esposa em nossos muitos anos de casamento já se acostumou com minhas réplicas:

_ “Essa questão está bem complicada” (ela)

_ “Defina complicada, por favor” (eu)

Tá bom, você pode me achar uma mala sem alça, mas ela já se acostumou. Trazendo de volta para nosso ambiente de capacitação de pessoas, a grande questão aqui, é endereçar corretamente reflexões, insights, soluções, discussões.

Quando um(a) médico(a) vai nos examinar ele(a) realiza um exame minucioso, a anamnese buscando a maior precisão possível para receitar a solução mais efetiva. Para uma inflamação, anti-inflamatório, para uma infecção, um antibiótico.

O que tira o gás de uma equipe?

Em muitas reuniões de alinhamento busco ser o mais específico possível buscando desenhar a melhor solução para aquela questão que gerou meu convite para o treinamento. Sempre que ouço frases do tipo “a equipe precisa de um gás” minha pergunta sempre é “o que tira o gás da equipe?”

Desenvolver um programa de capacitação eficaz é mais do que simplesmente reunir algumas dinâmicas e montar uma agenda. Requer uma investigação profunda e cuidadosa para entender as necessidades específicas dos participantes e os objetivos do treinamento. Essa  investigação não só ajuda a personalizar o programa para atender às necessidades individuais, mas também garante que os recursos sejam alocados de forma eficiente, maximizando o impacto do programa.

Uma investigação aprofundada permite identificar lacunas de habilidades, áreas de interesse e estilos de aprendizagem dos participantes.   

Isso me permite adaptar o conteúdo do treinamento para atender às necessidades específicas do grupo, tornando o aprendizado mais relevante e envolvente. Além disso, ao entender melhor o público-alvo, consigo selecionar os métodos de entrega mais adequados, seja através de aulas presenciais, online ou uma combinação de ambos, garantindo assim a máxima eficácia do programa.

Por fim, uma investigação profunda é poderosa não apenas na criação inicial do programa de capacitação, mas também fornece dados valiosos para avaliar e iterar continuamente o programa ao longo do tempo. Monitorar o progresso dos participantes e solicitar feedback regularmente permite ajustes para garantir que o programa permaneça relevante e eficaz à medida que as necessidades e circunstâncias mudam.

Então, sempre que você me disser que sua equipe “precisa de um gás” eu perguntarei, “que tipo de gás? Hidrogênio, nitrogênio, argônio?”

Estou brincando, não sou tão mala assim.

 

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Claudio Moreira é consultor de Educação Corporativa e trainer de equipes de alta performance, tem mais de 50.000 profissionais capacitados em sua trajetória profissional. É especialista em treinamentos de times de Serviços, Food Service e Varejo. É professor de cursos In Company na Conquer, é professor em cursos MBA no IPOG e na Escola Conquer. É mestre em Tecnologia Educacional, tem MBA Service Management (IBMEC) e MBA em Marketing (Fundação Getúlio Vargas). Colunista EA “Trilhos de Aprendizagem”.

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