Por Claudio Moreira

 

Em minha jornada na educação corporativa faço contato com milhares de pessoas, algumas mantive ou mantenho intenso contato, com outras convivi de forma fugaz. Por todas nutro um carinho especial.

Uma delas, com quem tenho contato até hoje, marcou minha trajetória com uma característica pitoresca (e que foi alvo de risadas em momentos de confraternização), era por pedir que eu confeccionasse cursos e workshops com muuuuito conteúdo.

Nossos embates sempre foram em relação à aplicação prática do conteúdo vs a apresentação de conceitos. Sei que ela não fazia isso como forma de capitalizar minhas horas de desenvolvimento de materiais, mas sim como um velho pensamento – que pode se constatado em escolas, universidades e (sim) nos cursos em empresas: a quantidade de conteúdo é sinal de qualidade.

Hoje, as empresas enfrentam um mercado de trabalho competitivo, com elevados níveis de rotatividade e estresse da força de trabalho e, ao mesmo tempo, a necessidade de requalificar, de melhorar as competências, que é mais do que visível.

As equipes de RH também estão preocupadas com a experiência dos funcionários, a produtividade e a eficiência interna.

À medida que as equipes de RH criam novos programas e soluções, também lidamos com uma força de trabalho sobrecarregada. Os colaboradores estão em grande parte esgotados. Segundo a pesquisa Deep Dive on AI in HR da The Josh Bersin Company, 87% acreditam que estão operando na plena capacidade. Por isso, temos de simplificar o trabalho, reduzir o número de sistemas e poupar tempo das pessoas em funções administrativas.

Tempo de qualidade nos treinamentos

A educação corporativa tem um papel fundamental nessa frente de combate, capacitando pessoas para que experimentem paz de espírito ao trabalharem, já que o uso pleno de nossas capacidades cognitivas reduz nosso estresse desnecessário. Tudo fica mais fácil para quem tem destreza e sabe aplicá-la.

E é aí que minha cliente entra novamente na história. Qualquer tema em um treinamento pode ser abordado em 3 horas ou em 3 dias e, muitas vezes, opta-se por encher de conteúdo treinamentos onde um tempo de qualidade para discussões faria mais sentido do que 400 slides.

Não advogo pela redução impensada do tempo dedicado à capacitação de pessoas e, sim, da reflexão quanto ao tempo utilizado e reforço, aplicação, reflexão, dinâmicas, práticas.

Segundo a teoria do psiquiatra americano William Glasser (1925-2013) nós aprendemos:

10% quando lemos

20% quando ouvimos

30% quando observamos

50% quando vemos e ouvimos

70% quando discutimos com outros

80% quando fazemos

95% quando ensinamos aos outros

Que tal focarmos um tempo de qualidade no trio 70% / 80% / 95%? Os ganhos são mútuos pois teremos participantes efetivamente APLICANDO o que veem e ouvem e teremos trainers e instrutores trabalhando com o que vem da plateia, refinando e adicionando ainda mais valor.

Afinal, como escrevi no título do artigo, se lidamos com uma força de trabalho sobrecarregada, sou eu que vou sobrecarregar as pessoas ainda mais?

 

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Claudio Moreira é consultor de Educação Corporativa e trainer de equipes de alta performance, tem mais de 50.000 profissionais capacitados em sua trajetória profissional. É especialista em treinamentos de times de Serviços, Food Service e Varejo. É professor de cursos In Company na Conquer, é professor em cursos MBA no IPOG e na Escola Conquer. É mestre em Tecnologia Educacional, tem MBA Service Management (IBMEC) e MBA em Marketing (Fundação Getúlio Vargas). Colunista EA “Trilhos de Aprendizagem”.

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