Por Claudio Moreira

 

Entropia é um conceito da termodinâmica que mede o grau de desordem das partículas de um sistema físico.

Este artigo não é sobre física, até porque não sou uma pessoa muito versada no assunto, mas sim sobre medo nas empresas e seus efeitos nocivos.

Em minha carreira como trainer e professor já me acostumei a treinar times de todos os níveis hierárquicos e receber aquela tradicional pergunta vinda principalmente de profissionais dos níveis intermediários: “A chefia também vai passar por esse treinamento?”

Altamente compreensível, esta pergunta exprime o desejo de que as transformações que desejo ver implementadas nas empresas encontrem eco em todos os níveis hierárquicos, pois de nada adianta dizer para um(a) supervisor(a), por exemplo, que é importante receber feedback do time de liderado(a)s se a liderança deste(a) profissional ainda acreditar que feedback só se fornece para níveis abaixo.

E claro, um projeto que contemple todos os níveis hierárquicos é completo e gera uma mudança realmente eficaz.

Um projeto em particular me chamou a atenção. Estávamos falando sobre segurança psicológica e vulnerabilidade e eu senti que a turma estava anormalmente calada, parecia que os conceitos faziam um grande “bate e volta”, sem adesão alguma.

Durante o intervalo sondei algumas desconfianças com um dos participantes e confirmei minhas suspeitas:

 “A coisa aqui funciona de outra forma. Se dermos muitas opiniões sobre o que acontece na empresa, ganhamos um X nas costas.”

Entropia pessoal
A entropia pessoal é a quantidade de energia impulsionada pelo medo que uma pessoa expressa em suas interações do dia-a-dia. A energia impulsionada pelo medo surge das crenças conscientes e subconscientes baseadas no medo (crenças limitantes) que as pessoas têm sobre o ambiente onde estão inseridas. Em empresas onde o medo é reinante, o que persevera é o sentimento de autopreservação – não ter o suficiente do que você quer ou precisa para se sentir seguro(a) e protegido(a).

Essas crenças resultam na exibição de valores potencialmente limitantes, como controle, manipulação, ganância e cautela excessiva.

Muitas empresas buscam treinamentos para desenvolver pensamento criativo, senso crítico, visão holística e, as ferramentas para isso, são relativamente simples, porém a CULTURA DA PERMISSÃO deve estar presente antes que se invista dinheiro em várias metodologias. Não adianta dar um sabre de luz para quem nunca tentou usar nem uma espátula de passar manteiga no pão.

Sentimentos de sobrevivência são naturais em ambientes onde se encontra controle, excesso de horas de trabalho, foco de curto prazo, burocracia, autoritarismo e complacência. Todo mundo tem suas contas a pagar e o receio de uma demissão sempre ronda o ambiente.

Nesses casos, antes de contratar um treinamento para mudar as práticas de liderança, invista num projeto de investigação e transformação de valores e consciência. A destreza no manuseio da faquinha de pão, é o primeiro passo para o domínio das artes mais sublimes.

 

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Claudio Moreira é consultor de Educação Corporativa e trainer de equipes de alta performance, tem mais de 50.000 profissionais capacitados em sua trajetória profissional. É especialista em treinamentos de times de Serviços, Food Service e Varejo. É professor de cursos In Company na Conquer, é professor em cursos MBA no IPOG e na Escola Conquer. É mestre em Tecnologia Educacional, tem MBA Service Management (IBMEC) e MBA em Marketing (Fundação Getúlio Vargas). Colunista EA “Trilhos” de Aprendizagem.

 

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