Por Claudio Moreira
Em um belo dia num workshop online para a área de varejo alimentar, um participante me faz a seguinte pergunta:
_ “Claudio você acha que eu devo conversar com meus funcionários?”
A pergunta me soou estranha, incomum então busquei o sentido de CONVERSAR que esse participante me trazia e recebi como resposta a aversão que ele trazia a um contato mais aprofundado com membros do time.
_ “Se eu der muito papo o pessoal começa a me pedir adiantamento de salário”.
Acima da questão de não confundirmos acesso pessoal com burlar regras estabelecidas, essa fala me trouxe reflexões sobre engajamento a nova era de relações humanas no ambiente de trabalho.
Engajamento em queda
Dados recentes de uma pesquisa da Gallup com trabalhadores dos Estados Unidos mostram, no geral, um declínio do engajamento dos funcionários.
Independentemente da idade, menos trabalhadores hoje, em comparação com março de 2020, têm clareza sobre o que se espera deles no trabalho. Essa queda de quatro pontos percentuais ou mais em todas as gerações revela uma falta generalizada de clareza e alinhamento no ambiente profissional pós-pandemia.
O impacto da pandemia no engajamento dos trabalhadores foi mais acentuado entre as gerações mais jovens, principalmente entre os Millennials mais velhos (nascidos entre 1980 e 1988).
Números alarmantes:
A porcentagem de Millennials mais velhos engajados no trabalho caiu 7 pontos, de 39% para 32%. Já a porcentagem de Millennials mais velhos ativamente desengajados com o trabalho subiu 5 pontos, de 12% para 17%.
Não preciso ressaltar que a clareza sobre as expectativas no trabalho aumenta a produtividade e a satisfação dos colaboradores e que o diálogo aberto e a comunicação transparente são essenciais para o sucesso de qualquer equipe, certo?
Não vou entrar aqui na questão geracional, se a Geração X é mais ou menos resiliente que os Millenials ou se a Geração Z tem essa ou aquela característica e sim reforçar a pergunta que eu trouxe no início do artigo. Deveria esse participante conversar mais com seu time?
A presença de líderes é fundamental para o sucesso do trabalho, sua participação regular demonstra compromisso e inspira a equipe a seguir o exemplo.
Comunicação clara e transparente é a chave para o engajamento. O time precisa entender os benefícios do trabalho focado e bem feito para eles mesmos, para a organização e para o(a)s clientes e isso não se consegue sem a boa e velha conversa olho no olho.
Uma liderança que se comunica abertamente, que se coloca à disposição para ouvir e que demonstra interesse genuíno pelas necessidades e ideias de seus colaboradores.
Essa postura de empatia, cria um ambiente de confiança e respeito. Isso, por sua vez, motiva as pessoas a se sentirem parte de algo maior, a se dedicarem com mais entusiasmo e a darem o seu melhor.
Um feedback construtivo e constante é essencial para o desenvolvimento profissional do time. Saber como estão as pessoas estão se saindo, quais são seus pontos fortes e fracos, e como podem melhorar, ajuda a aumentar a autoconfiança e a motivação e se isso envolver conversas mais longas em que pontos sobre a vida e problemas particulares apareçam, então vamos a elas.
Se essas pessoas veem em você alguém confiável para uma conversa desse tipo, sinta-se feliz.
Uma pesquisa feita com 1.600 líderes de RH e outros profissionais baseados nos EUA, conduzida pela empresa de desenvolvimento de carreira e recolocação Intoo e pela agência de pesquisa Workplace Intelligence mostrou que:
- 46% dos colaboradores afirmam que seus gestores não sabem como ajudá-los no desenvolvimento de carreira.
- 47% dos profissionais da Geração Z dizem que recebem melhores conselhos profissionais do ChatGPT do que de seus chefes.
Caramba! Que paulada!
Se você deve conversar com seu time? SIM! É pra ontem!
Com um diálogo aberto e sincero, líderes e equipes podem construir um ambiente de trabalho mais positivo e produtivo, onde todos se sintam valorizados e motivados a dar o seu melhor. A comunicação é uma via de mão dupla. A liderança deve estar aberta a ouvir e aprender com sua equipe.
Faça isso antes que a IA o faça.
Claudio Moreira é consultor de Educação Corporativa e trainer de equipes de alta performance, tem mais de 50.000 profissionais capacitados em sua trajetória profissional. É especialista em treinamentos de times de Serviços, Food Service e Varejo. É professor de cursos In Company na Conquer, é professor em cursos MBA no IPOG e na Escola Conquer. É mestre em Tecnologia Educacional, tem MBA Service Management (IBMEC) e MBA em Marketing (Fundação Getúlio Vargas). Colunista EA “Trilhos de Aprendizagem”.
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