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OS 7 PECADOS E A SUA CARREIRA | Thaís Freitas

 

Você sabia que muitas carreiras são prejudicadas por deficiência das soft skills?
As competências que você aprende na sua formação profissional e lista no seu curriculum vitae são as hard skills. As soft skills ou habilidades subjetivas nem sempre são fáceis de identificar.

Elas estão diretamente relacionadas à inteligência emocional e são identificadas nas atitudes, na maneira como você trabalha, comunica, interage com as pessoas e reage aos acontecimentos. São desenvolvidas ao longo da vida nas experiências pessoais e profissionais, estão ligadas aos valores, crenças e personalidade de cada indivíduo.

Cada vez mais as soft skills estão no topo da lista das exigências de contratação e promoção no mercado de trabalho. De acordo com o Fórum Econômico Mundial as habilidades humanas mais requisitadas no mercado de trabalho até 2025 são: pensamento analítico, aprendizado ativa, resolução de problemas complexos, pensamento crítico e análise, criatividade, liderança, resiliência, inteligência emocional, foco no cliente, persuasão e negociação.

Com mais de dez anos de atuação como mentora desenvolvi um método focado no desenvolvimento de soft skills (ou human skills) para melhor desempenho profissional.

O primeiro passo é compreender quem é você profissionalmente: valores, propósito, pontos fortes e fracos, motivações para decisões e metas profissionais. Nos estágios mais avançados o foco está no desenvolvimento da liderança intrapessoal e do protagonismo: a habilidade de influenciar a si mesmo e mobilizar esforços para atingir os seus objetivos. A liderança intrapessoal significa ser líder de si mesmo. Vai muito além do autoconhecimento, é importante para que você tenha domínio pessoal e seja o protagonista da sua jornada: batalhe pelos seus sonhos e objetivos.

O que observo na prática de Mentoria de carreira e liderança é que para conquistar progresso e realização as pessoas enfrentam muitos desafios internos, pessoais e emocionais. Compreender suas próprias limitações e medos, rever crenças, desenvolver a gestão emocional, desenhar seus próprios critérios de sucesso e ser líder de si mesmo é muito importante para conquistas e realizações na carreira.

Com isso em mente busquei inspiração nos sete pecados capitais para você compreender como eles impactam a sua carreira. Todos nós transitamos nas sete forças mas torna-se pecado quando nos sentimos dominados por eles.

Sem autoconhecimento e domínio pessoal como assumir a direção e tornar-se protagonista?

A IRA

Sabe aquele profissional explosivo? Conhece alguém que no momento da ira não tem filtro e fala o que pensa? Um bom desempenho profissional definitivamente não combina com esse descontrole. Dificilmente serão promovidos para um cargo de liderança. Profissionais dominados pela ira terão dificuldades para pensar analiticamente, comunicar com clareza, conduzir bem uma negociação e exercer a liderança. Tudo isso pode ser melhorado ao desenvolver a inteligência emocional.

Além disso podem prejudicar a produtividade e o trabalho em equipe gerando mal entendidos e conflitos. Para aqueles que precisam lidar melhor com a ira reflitam sobre a frase de Martin Luther King “para criar inimigos não é necessário declarar guerra, basta dizer o que pensa”.

A GULA

Aqueles que estão presos na gula querem mais reconhecimento, mais ascensão ou mais privilégios. A primária gula quer se empanturrar, o foco é na quantidade e não na qualidade. Esses profissionais tornam-se cansativos e nunca estão satisfeitos pois não sabem degustar cada vitória, cada conquista e cada etapa do processo. Estão sempre na falta, na carência e nada é capaz de suprir essa voracidade. Podem até cair na postura de vítima que é justamente o oposto do protagonismo.

Parecem um saco sem fundos, mesmo em um período glorioso da carreira ficam concentrados na falta. São profissionais que precisam desenvolver mais paciência e resiliência, duas habilidades importantes para o crescimento profissional.

A INVEJA

Ah os invejosos! Ao contrário da admiração a inveja provoca pensamentos destrutivos em relação às conquistas dos colegas de profissão. São profissionais que não toleram o brilho dos outros. Os invejosos ficam presos às comparações. Aqueles que ficam tomados pela inveja terão muitas dificuldades em desenvolver trabalho em equipe, construir parcerias, desenvolver uma boa liderança.

Terão dificuldades em desenvolver seus liderados, promovê-los e apoiá-los. Tornam-se profissionais muito competitivos e correm o risco de passar por cima de outras pessoas para conquistar seu lugar ao sol.

A PREGUIÇA

Imagine um profissional super talentoso que não investe na sua carreira por pura preguiça. A preguiça não combina com uma carreira protagonista. São aqueles profissionais que desistem diante dos primeiros obstáculos. O que acontece na prática é que esses profissionais por mais talentosos que sejam ficam estacionados. Esse tipo de postura definitivamente não combina com o mercado atual que é competitivo e marcado pelo progresso constante. A preguiça muitas vezes é sutil, ela pode minar a sua carreira de forma silenciosa e quase imperceptível.

Há vários exemplos: preguiça de dialogar, de apresentar seu ponto de vista, defender suas opiniões. Preguiça de falar não, de ajudar um cliente e resolver um problema complexo, preguiça de aprender novas habilidades ou negociar.

Tenha em mente que é o estilo mais prejudicial ao protagonismo pois impede o progresso. São profissionais que não se dão ao trabalho de transformar talentos em pontos fortes ou não realizam o que são capazes de realizar.

A COBIÇA

A cobiça entra em cena quando um profissional é tomado por um desejo desmedido pelo poder, bens materiais, gloria e sucesso. Torna-se um problema quando o foco é conquistar o sucesso a qualquer preço. Profissionais tomados pela cobiça aproximam-se das pessoas por interesse e podem ser vistos como alpinistas sociais. Há também os bajuladores de plantão que em situações extremas podem renunciar aos seus valores para conquistar o que desejam. Não confunda com uma ambição saudável que leva as pessoas ao progresso de forma justa. A cobiça desmedida é destrutiva e pode colocar a ética profissional em cheque.

A cobiça pode prejudicar a liderança pois obcecados por metas e resultados acabam exercendo uma gestão mecânica, pouco empática e até mesmo desumana.

A LUXÚRIA

Sabe aquele profissional que quer o topo, mas não tem humildade para construir os primeiros passos? Ou aqueles profissionais que só fazem o que dá prazer? A luxúria está ligada ao refinamento dos sentidos, à expressão dos talentos. É muito importante para conquistar realização na carreira, quando está na medida certa. A luxúria está ligada à qualidade, ao luxo, ao requinte, ao prazer. Por excesso de luxúria muitas pessoas idealizam demais algumas carreiras e quando se deparam com a realidade percebem que embarcaram em uma ilusão.

O glamour associado aos empreendedores e aos cargos de liderança são exemplos de luxúria. A máxima “escolha algo que você ama para nunca precisar trabalhar” também é uma frase típica da luxúria.

Lembre-se que tudo na vida requer muita dedicação, empenho, resiliência. Mesmo quando você ama o que faz, para progredir é necessário 90% de transpiração e 10% de inspiração. Gosto da frase de Pablo Picasso que diz “a inspiração existe, mas ela precisa me encontrar trabalhando”.

A VAIDADE

Ah, os vaidosos! Talvez o pecado mais fácil de identificar no mundo corporativo seja a vaidade. Diferente de uma boa autoestima a vaidade pode se transformar em arrogância e presunção. Como a vaidade pode prejudicar a carreira? Profissionais qualificados que ficam tomados pela vaidade podem criar uma imagem distorcida de si mesmos pois perdem a noção real das suas forças e fraquezas: supervalorizando os pontos fortes e negligenciando os limites e pontos fracos. Vocês sabiam que os grandes erros acontecem por excesso de autoconfiança?

Esses erros podem ser irreversíveis e prejudicar uma carreira brilhante. No trabalho em equipe e em cargos de liderança os vaidosos tornam-se intragáveis: não assumem seus erros, ficam inflados pelo ego, perdem o pensamento crítico e a capacidade de escutar com atenção.

Os vaidosos não conseguem exercer a empatia. Geralmente aliam-se a outras pessoas muito vaidosas e podem até conquistar sucesso, mas não conquistam respeito das pessoas e prestígio duradouro. A vaidade pode até te levar ao poder, mas o preço pode ser uma profunda solidão em todos as áreas da carreira e da vida. A vaidade pode destruir as relações e cria uma máscara muito difícil de carregar.

Se você chegou até aqui deve estar se perguntando: o que fazer agora?

Primeiramente é importante ter clareza que as soft skills podem ser desenvolvidas investindo em si mesmo. Tenho sólida experiência na área e testemunho diariamente pessoas que desenvolvem inteligência emocional, liderança intrapessoal e protagonismo.

Para que você comece agora mesmo a investir em mudanças vou trazer cinco reflexões valiosas.

1. Adote uma mentalidade (mindset) flexível!
É importante compreender que não somos preguiçosos ou vaidosos, e sim que estamos preguiçosos ou vaidosos. As últimas pesquisas da psicologia revelam que a inteligência, o talento e até mesmo a personalidade são desenvolvidas ao longo da vida, não são estáticas como muitos pensam. Ao adotar uma mentalidade mais flexível você pode investir nessas mudanças com mais leveza.

2. Invista em desenvolvimento pessoal constante!
Warren Buffet considerado um dos homens mais ricos do mundo e um dos investidores mais importantes do mercado financeiro global, ressalta que o maior investimento que alguém pode fazer é em si mesmo. A psicologia da autoliderança existe para isso: te ajudar a desenvolver as soft skills.

3. Adote uma mentalidade que foca em longo prazo.
Em termos de soft skills tudo pode ser superado, mas não existem fórmulas milagrosas e receitas mágicas. Fuja de promessas de transformação no estilo “você pode tudo, basta querer”. Estamos falando de um investimento ao longo da vida, consistente, sustentável. Investir em mudanças comportamentais requer dedicação. Pense no seu progresso ano longo de cinco, dez anos.

4. Saia da zona de conforto e enriqueça seu repertório de experiências!
Aprenda coisas novas, assuma posições e projetos que te deixam um pouco desconfortáveis, converse com pessoas que têm uma visão diferente da sua. A zona de conforto pode ser o lugar mais perigoso para quem deseja uma carreira protagonista e sucesso profissional.

5. Procure ajuda, tenha bons mentores!
Crie ao longo da sua carreira conexões significativas que te ajudam progredir. Mentores, professores, consultores, líderes que apoiam o seu crescimento valem ouro.

Fontes:
HOVELACQUE, Acely. A chave dos labirintos. São Paulo: Marco Zero, 2006.
DWECK, Carol. Mindset a nova psicologia do sucesso. São Paulo: Objetiva, 2017

 

thais freitas - Os 7 pecados, o protagonismo e a sua carreira

Thaís Freitas é palestrante, mentora de carreira e liderança e psicóloga. Ajuda profissionais e líderes a serem protagonistas da sua jornada. Autora do livro “O frescobol da Liderança”.

https://www.linkedin.com/in/thaisfreitaslideranca/

 

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