CENÁRIOS DA TRANSFORMAÇÃO | Caio Sigaki 

 

EA – Líderes sabem lidar e potencializar tecnologias na gestão e entregas de seus times?
Caio Líderes precisam estar atualizados e antenados em como a tecnologia pode ajudar a acelerar e melhorar a gestão de seus times. Com a pandemia, essa transformação digital se acelerou, então os gestores precisam estar abertos a mudanças que o próprio time cobra. Na grande maioria das vezes, o problema não está na tecnologia, mas sim no mindset do líder.   

“Ter uma cultura aberta ao erro, à colaboração e à diversidade aumenta as chances das empresas conseguirem inovar e se transformar digitalmente”. 

EA – Quais as questões mais sensíveis que demandam hoje um líder remoto?
Caio Empresas que não têm um ambiente de confiança estão tendo muito mais dificuldades na gestão do time remotamente. Elas querem implantar meios de “controlar” as pessoas em suas casas. O líder precisa ter muita empatia e resiliência nesse momento, já que está lidando com pessoas que estão com problemas de ansiedade e depressão em seus times, que precisam fazer demissões remotamente e conseguir dar conta de entregar o resultado.  

Mas é importante lembrar que o líder também está sendo bastante impactado emocionalmente, por isso as empresas precisam cuidar ainda mais dos seus gestores, que são as pessoas que fazem a ponte da estratégia com a operação.  

EA – Programas de liderança já utilizam inteligência artificial?
Caio Acredito que a inteligência artificial e o machine learning podem melhorar bastante a eficiência no desenvolvimento dos gestores. Como exemplo, a Weego, spinoff do Great Place to Work Brasil, é uma startup focada no desenvolvimento da liderança através de IA. Com base em pesquisas feitas com o time do gestor, uma autoavaliação e avaliação do gestor do gestor (alta liderança), conseguimos analisar os principais gaps e cruzar com o seu perfil (exemplo: gestor da área de finanças e com 5 anos de experiência em liderança) e, assim, entregar um conteúdo e plano de ação 100% customizado para que ele possa evoluir.  

Em questão de minutos, conseguimos ter uma análise bem profunda do líder, sem nenhum tipo de viés que normalmente temos quando estamos analisando uma pessoa. 

“Se falarmos com 10 CEOs sobre os pontos mais importante na estratégia, 10 irão falar de inovação e transformação digital. Hoje, os custos para se inovar e criar uma startup são quase zero, então empresas ganham concorrentes quase todos os dias.” 

EA – A pandemia mostrou que modelos de liderança corporativa estão longe de serem eficientes. Daqui pra frente, precisaremos mesmo de lideranças?
Caio Acredito muito que precisamos de líderes não só nas empresas, mas em toda a nossa sociedade, e aqui eu acredito muito no papel do líder como influenciador na transformação das pessoas. Isso vai muito além do papel de gestor/chefe. Com certeza, o modelo antigo de comando e controle não funciona mais.  

EA – A equidade de gênero potencializa líderes mais autorais, inovadores e mais altruístas?
Caio A equidade de gênero é um tema importantíssimo dentro da agenda das empresas. Mas, primeiramente, ela precisa de fato ser incorporada e com boas práticas (walk the talk). Não adianta pregar um discurso mas, na prática, a empresa não conseguir vivenciá-lo, senão vira apenas uma campanha de marketing da empresa. Na edição de 2019 das Melhores Empresas para a Mulher Trabalhar, essas companhias conseguiram um crescimento de 12,2% contra 1,1% do PIB em 2018. Ou seja, ter uma empresa com equidade de gênero gera melhores resultados e os líderes dentro desse contexto são fundamentais para ajudar nessa transformação.  

“Hoje se reinventar é primordial na sobrevivência de qualquer empresa, então estar conectados a hubs, ao ecossistema de inovação, ter parcerias com startups e inclusive investir em startups é uma forma para que as empresas mais tradicionais possam acompanhar essa transformação dos seus setores”.  

EA – A pandemia nos traz uma visão corporativa de urgência, de flexibilidade, de gestão digital. O RH das empresas está pronto a se desapegar de velhos ritos?
Caio Acho que pronto ninguém estava, porém se faz necessário! Se abrir ao novo é questão de se manter vivo e, dentro disso, não só o RH, mas toda a empresa precisa se desapegar do modus operandi tradicional. Precisamos perenizar, sim, a cultura da empresa, mas com o mindset ágil e digital.  

EA – O principal ativo de uma empresa hoje: produtos ou pessoas?
Caio Com certeza, pessoas! São elas que criam os produtos, a cultura e geram os resultados. Pessoas são e sempre serão o maior ativo de uma empresa. Inclusive, não por acaso, startups que precisam de produtos digitais são um grande case de atração e retenção de talentos, pois, sem pessoas talentosas, não há como inovar.  

EA – Qual o olhar do RH para contratações mais assertivas?
Caio Competências de softskill são as mais valorizadas hoje. Um ambiente de tamanha incerteza e tão inovador necessita de pessoas com mindset aberto, que sejam autodidatas, que sejam colaborativas e resilientes. E um ponto importantíssimo dentro dessas competências é o autoconhecimento, que está ligado à inteligência emocional. A busca por se conhecer é um dos fatores mais importantes no profissional de hoje.  

“Precisamos agora de líderes que liderem com humanidade, que consigam tirar o melhor de cada colaborador do seu time, que consigam atingir resultados consistentes e que ajudem na transformação da sociedade.” 

EA – Qual a contribuição das HR Techs para o ecossistema de RH?
Caio O RH é um dos setores mais analógicos dentro de uma empresa, então a sua transformação digital passa pelas startups, que têm produtos inovadores e conseguem ajudar no ganho de produtividade e eficiência. Um grande exemplo são as startups que ajudam no recrutamento. Elas conseguem dar muito mais velocidade, além de assertividade nas contratações para as empresas. Outro ponto é que as HRtechs estão ajudando os RHs a serem mais analíticos e estratégicos.   

EA – Caio, a pandemia nos fará seres humanos com melhores propósitos?
Caio Sou otimista e acredito que sim! Precisamos sempre olhar o copo meio cheio e acho que a pandemia veio para nos ensinar. Estamos mais colaborativos, mais preocupados com a saúde, com hábitos de higiene, estamos valorizando as pequenas coisas do dia adia, estamos mais próximos dos nossos familiares, estamos com mais qualidade de vida e acho que tudo isso ajuda bastante a rever os nossos propósitos de vida. 

 

Caio sigati - Cenários da transformação digital

Caio Sigaki é Chief Digital Office do Great Place to Work. CEO e co-founder da Weego, startup nascida dentro do GPTW com foco no desenvolvimento de liderança. Empreende há 12 anos.                                Sua visão de futuro o levou a ser co-fundador da Hubify e do Alto Tietê Valley. É professor de Growth na Tera e Board Member do conselho de inovação de Mogi das Cruzes, cidade do interior de São Paulo.   

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