Por Claudio Moreira
Eu estava num workshop sobre Visão Sistêmica, trabalhando algumas atividades para ampliar a compreensão de prioridades e cursos de ação, quando a clássica questão do conflito de prioridades veio à tona.
Novas roupagens para velhas questões, cada departamento (ou silo?) da empresa quer seguir numa direção e os famosos “objetivos estratégicos globais” continuam belos na planilha e nem tão faceiros assim nos corredores da corporação.
Se eu tenho a solução para isso?
Se tivesse minha conta corrente estava mais recheada, mas depois de ler um artigo muito interessante escrito por Matt Martin, CEO e co-fundador da Clockwise (plataforma que usa inteligência artificial para automatizar cronogramas e calendários) resolvi compartilhar alguns pensamentos contigo.
Em seu artigo, Martin afirma que “Do ponto de vista estratégico, as empresas que aproveitarem a IA para reduzir o atrito nos fluxos de trabalho vão ganhar mais produtividade e velocidade”.
Amém, Martins, que suas palavras sejam alvissareiras, pois atrito nos fluxos de trabalho é justamente o que gera tanta discussão entre departamentos numa empresa. O que o RH quer não necessariamente é o que o Financeiro quer, nem vai acontecer na hora que a Logística quer.
Não é uma questão de querer ou não atingir os objetivos globais e sim como e quando chegar lá.
Cada área tem sua subcultura, seu ritmo, seus fluxos e realizar o encontro harmônico entre todo esse emaranhado parece ser mais difícil que treinar uma escola de samba para atuar em conjunto com o Cirque du Soleil.
A IA (Inteligência Artificial) poderá ajudar?
Pelo que venho estudando, parece que sim, pois uma das grandes questões nesse planejamento é a priorização baseada em dados e evidências. Utilizar dados e evidências para embasar as decisões de priorização, garantindo que as prioridades sejam escolhidas de forma racional e objetiva parece ser o obvio ululante. Porém, dados e evidências precisam ser lidos e interpretados e nada de produtivo sairá sem criar-se uma cultura de feedback construtivo, onde os membros do time se sintam à vontade para fornecer e receber feedback sobre o desempenho individual e das equipes. Ou ainda, onde as lideranças criem um ambiente de trabalho positivo e inclusivo, onde todos se sintam valorizados e respeitados, e onde suas ideias sejam consideradas com atenção.
Trocando em miúdos, a frase “não concordo contigo, tenho uma outra visão” deve ser vista não como uma ameaça, mas como um complemento para que as interseções sensíveis nos fluxos de trabalho sejam discutidas bom senso e direção compartilhada.
Tecnologia para isso existe em abundância.
A IA pode impulsionar plataformas como Slack, Microsoft Teams e Workplace, conectando colaboradores de diferentes áreas em um único ambiente virtual; chats, canais temáticos, videoconferências e compartilhamento de arquivos facilitam a troca de informações em tempo real, reduzindo ruídos e otimizando o tempo de resposta; recursos como bots de IA podem automatizar tarefas repetitivas, como agendamento de reuniões, envio de lembretes e tradução de idiomas, liberando tempo para atividades mais estratégicas.
Mas isso tudo é a parte soft da questão, a parte hard é lidar com o que nos torna humanos: vaidades, jogos de poder, dissimulação, treta.
A IA pode analisar grandes volumes de dados de comunicação, como e-mails, chats e documentos, para identificar padrões, tendências e pontos de atenção. Mas somente pessoas imbuídas de um senso comum verdadeiro irão ter a nobreza de abrir mão de suas supostas prioridades para que o fluxo de trabalho mude de direção em prol dos objetivos macro.
E isso a IA não vai fazer por nós. Usemos nossa IN (Inteligência Natural).
Claudio Moreira é consultor de Educação Corporativa e trainer de equipes de alta performance, tem mais de 50.000 profissionais capacitados em sua trajetória profissional. É especialista em treinamentos de times de Serviços, Food Service e Varejo. É professor de cursos In Company na Conquer, é professor em cursos MBA no IPOG e na Escola Conquer. É mestre em Tecnologia Educacional, tem MBA Service Management (IBMEC) e MBA em Marketing (Fundação Getúlio Vargas). Colunista EA “Trilhos de Aprendizagem”.
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