O CRONTROLE DO INCONTROLÁVEL | Nuno Teixeira Pereira

 

Muito se discute hoje questões que há poucos anos não entrariam em pauta. Racismo, homofobia, empoderamento feminino, e uma lista enorme de outros assuntos que me perderia enunciando-os. Para poder entrar nesse assunto, preciso antes desmembrar alguns pontos que tem seu conceito muito distorcido pelo senso comum. O primeiro é a ética. Ética não é moral. Ética, não é o “bom comportamento” no ambiente de trabalho. Ética vai muito além disso.

Moral

Colocando ética num posicionamento mais simples e conciso, ela seria um código de conduta baseado em uma moral de um grupo de pessoas. Com isso em mente, podemos afirmar que a ética norteia o comportamento que determinado grupo de pessoas deveria ter.

Indo mais além e levando esse conceito para a sociedade, poderíamos inferir que: a ética molda o comportamento que um indivíduo deve ter dentro da sociedade.

Outro conceito preciso abordar antes de entrar no tema principal, é o conceito de pós-modernidade, ou, para alguns filósofos mais conservadores, modernidade tardia. Não vivemos mais uma era moderna, e sim uma pós-moderna. A efemeridade permeia toda sociedade. O que é moda hoje, amanhã é não é mais. O que é notícia pela manhã, à tarde já está desatualizado. O conceito é tão forte que se perde dentro de sua própria descrição, pois sempre temos algo novo à acrescentar ao conteúdo pós moderno. Vou me ater apenas na questão da efemeridade e da velocidade em que as coisas correm no mundo pós-moderno.

Tendo isso em mente, chegamos à questão principal do texto. Ética na pós-modernidade.

Ora se ética é baseada numa moral de determinado grupo, se ela gira em torno dessa moral pré-determinada e aprovada por um determinado grupo social, o que acontece se inserimos esse grupo em uma era onde a efemeridade reina? A moral irá mudar a todo instante, logo a ética também. Daí o título do texto, o controle do incontrolável. Não se controla a ética de uma sociedade pós moderna, o que podemos fazer é nos adaptar a todo instante.

A ética se tornou a grande questão filosófica desse século justamente por conta dessa efemeridade e velocidade que tudo vem acontecendo no mundo.

Nova voz

A internet e as redes sociais deram voz àqueles que antes não tinham. Um passo em falso e uma empresa verá sua reputação inteira ir pelo ralo por destratar um consumidor, que agora consegue gravar, ter provas e usá-las. Não entrarei no mérito jurídico da questão. Mas, usando um termo mais popular, até provar que “focinho de porco não é tomada” o estrago está feito e uma empresa pode perder milhões, que nenhum processo jurídico poderia restaurar.

Na publicidade e na comunicação, pessoas especializadas em ética social estão sendo contratadas exclusivamente para que as empresas não cometam certos deslizes e caiam nas garras da sua própria ignorância.

A ética pós-moderna não se pauta somente no dever, mas também no querer, no poder, e principalmente no prazer. Ela muda conforme o indivíduo e não somente conforme um grupo. Esse indivíduo é volátil, dependente do seu estado emocional, logo a ética não é mais pautada somente pela razão.

Vários códigos de conduta permeiam a sociedade, várias “éticas” flutuam e cada um toma a que acha mais interessante para si.

Caberá à nós como profissionais, principalmente do marketing e da comunicação, identificar padrões, achar os pontos de convergências dessas inúmeras “éticas flutuantes” e tentar traçar um rumo não só para as organizações, mas para a sociedade como um todo. E sugerir adaptações empresariais da melhor forma, de acordo com o que a sociedade ou determinado grupo de pessoas anseia.

- O controle do incontrolável
Nuno Pereira é produtor artístico de eventos, designer gráfico-multimídia, pós-graduando de comunicação e supervisor de criação na agência Mr. Da Vinci.

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