Minha carreira PcD | Aline Messias

 

EA – O que mais te gratifica a trabalhar na área D&I?
Aline O que mais me gratifica é trazer um olhar integrado e mais representatividade para contribuir com o debate.

EA – Como profissional PcD, seu olhar para a inclusão se fortalece a cada novo dia, não?
Aline Sim. Meu olhar para a inclusão está sempre se fortalecendo. Mesmo assim, sei que ainda há um longo caminho para trilhar no mercado de trabalho e na sociedade.

EA – Onde as empresas mais estão acertando em práticas de inclusão?
Aline O maior avanço foi a lei de cotas. Agora, o desafio está em fazer mais do que a simples inclusão e cumprir as exigências da lei de cotas.

“Mas as empresas precisam oferecer planos de desenvolvimento de carreira para pessoas com deficiência.”

EA – Em que se precisa sair do discurso e abraçar mais as práticas?
Aline As empresas precisam trazer um olhar mais integrado para todas as deficiências, desenvolver talentos e fazer mais do que exige a lei de cotas. Um bom exemplo é colocar pessoas com deficiência em cargos de liderança.

EA – Você é ativista em prol de pessoas com deficiências, como acredita contribuir?
Aline Meu posicionamento começa com a naturalização das minhas características e aceitação da minha deficiência. Esse posicionamento estimula um olhar mais integral para todas as deficiências e é um ponto inicial para acessar direitos sociais.

EA – Você tem uma frase poderosa “Não existe Aline com ou sem deficiência, porque a paralisia cerebral existe desde quando nasci”.
Aline Aprendi a aceitar minha deficiência como característica minha. Ela faz parte da minha essência, jornada e história de vida.

EA – Como preparar líderes PcDs para potencializar equipes plurais?
Aline Em primeiro lugar, é preciso falar no baixo número de líderes com deficiência. Apesar do fato de equipes mais diversas trazerem mais lucro para as empresas, são raros os líderes com deficiência. Portanto, não há muitas referências sobre preparos e treinos específicos para lideranças com deficiência. É uma dor do mercado.

“O meu sonho, por exemplo, é alcançar o cargo de diretora ou vice-presidente de uma corporação.”

EA – Você estudou em escolas públicas e tem uma carreira profissional inclusiva e ascendente. Precisou se esforçar mais para conquistar caminhos?
Aline Sou persistente: essa é uma característica natural da minha personalidade. Na minha trajetória de vida escolar, tive certas acessibilidades. Meus pais sempre me apoiavam muitíssimo. Agora, a questão é que a educação precisa avançar muito na inclusão. O ideal é que a pessoa com deficiência não se cobre tanto, pois a sociedade precisa, também, garantir o acesso aos direitos dela.

EA – Se aceitar ajuda a combater o bullying?
Aline Sempre existiu preconceito. Aceitação, inteligência emocional e a prática do autoconhecimento ajudam a lidar com o bullying. Apesar disso, o ideal mesmo é não ter preconceito: acessar um ambiente acolhedor é um direito de todos, porque deficiência é só uma característica.

EA – Qual sua mensagem para um profissional PcD chegando ao mercado de trabalho?
Aline Acredite no seu potencial, corra atrás dos seus sonhos e pratique o autoconhecimento para entender a sua deficiência apenas como uma característica. É a naturalização das diferenças humanas!

 

aline messias - Minha carreira PcD
Aline Messias é PcD, graduada em Administração de Empresas (FMU) e pós-graduada em Comunicação e Mídias Digitais (ESPM). É profissional de carreira na Natura. Em mais de 10 anos, ocupou várias áreas, entre elas, Marketing, Treinamento Comercial, Eventos, Gestão de Orçamento e, nos últimos três anos, atua em Diversidade e Inclusão como analista de Inteligência Social. É líder Natura do Pilar do Eficiente (Pessoa com Deficiência) e membro do Grupo Diretor e do GT do Pacto do REIS – Rede Empresarial de Inclusão Social pela empregabilidade da pessoa com deficiência.

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Mercado PcD

Segundo dados do IBGE, de 2019 para cá, se observa que 8,4% da população brasileira acima de dois anos de idade, o que corresponde a cerca de 17 milhões de pessoas, têm algum tipo de deficiência. Pesquisa com profissionais PcDs, realizada pela InfoJobs, também aponta cenários ainda muito distantes do ideal, sejam da inclusão ou de programas específicos nas empresas para este perfil de profissional contratado pela Lei das Cotas.

  • 51% consideram que sua condição dificulta a busca por emprego.
  • 31% afirmam que, “às vezes, pode ser um empecilho.”
  • 18% acreditam que isso não atrapalha.
  • 44% afirmam que já sofreram algum tipo de preconceito pela deficiência em processos seletivos.
  • 56% neguem ter sofrido preconceito durante o recrutamento.
  • 65% porém, acreditam que não possuem as mesmas oportunidades no mercado de trabalho.
  • 82,1% responderam que as oportunidades não são igualitárias.
  • 80% acreditam que processos exclusivos PcDs poderiam e muito contribuir a inclusão.
  • 61% afirmam que empresas não estão preparadas para contratar pessoas PcDs.
  • 57% apontam como motivos, a falta de práticas para reconhecimento de potencial.
  • 22% acham que os preconceitos internos impedem as empresas de contratar.
  • 78% foram desacreditados em habilidades por líderes e recrutadores.

 

Fonte: InfoJobs

 

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