A máquina do tempo | Felipe Gruetzmacher
A sinopse a seguir entrega muitos insights sobre o futuro do trabalho e desmonta a ideia de meritocracia:
Uma cientista cria uma inteligência artificial chamada “Josei”, capaz de calcular o tempo médio necessário para uma mulher com deficiência conseguir emprego. Assim, Josei consegue mapear todas as dificuldades mais comuns que atrasam a inserção da mulher com deficiência no mercado de trabalho. Tempo não é só dinheiro: é oportunidade! Quais as consequências dessa nova tecnologia para a economia?
Principais insights:
- Qual é o papel da mulher com deficiência no mundo do trabalho?
- De acordo com o artigo científico “Novos diálogos dos estudos feministas da deficiência”, a deficiência era analisada pelo modelo biomédico. Valia somente as palavras do médico, o técnico dos saberes da medicina. Com o tempo, a avaliação da deficiência evoluiu para uma abordagem mais humanizada chamada modelo social. Ele tem como base:
- O diálogo com outras áreas do saber como a sociologia, a psicologia e a antropologia
- O enfoque do modelo é na interação da pessoa com deficiência e o contexto dela. Barreiras arquitetônicas, atitudinais e preconceitos podem limitar a participação da pessoa com deficiência nos mais diversos aspectos da vida social
- A segunda versão do modelo social incorporou teorias feministas elaboradas por mães de crianças com deficiência. Esse novo modelo deu um maior enfoque para as questões como deficiência, dependência, interdependência, o cuidado, o acolhimento e as possíveis dores crônicas trazidas com algum tipo específico de deficiência
- De fato: todos temos problemas. Agora, os problemas variam de contexto para contexto, de pessoa para pessoa. Essas informações apresentadas pelo artigo vão embasar nosso conto sci-fi
- Com a tecnologia Josei, ficará mais fácil entender os principais obstáculos que dificultam a inserção da mulher com deficiência no mercado de trabalho, prolongando o período de desemprego ou permanência em empregos não alinhados com o perfil dela
- A falta de uma ocupação não é um problema individual. É um drama coletivo e que merece uma resposta de toda a sociedade
- Tempo só é dinheiro se uma pessoa estiver trabalhando e gerando riqueza. Logo, identificar os desafios que a mulher enfrenta pode significar:
- Critérios mais claros para o departamento de recursos humanos executar estratégias mais inteligentes para atrair e desenvolver talentos diversos e fazer mais do que a lei de cotas determina. É um real alinhamento entre pessoa e trabalho
- Serviços médicos mais adequados para que a mulher com deficiência tenha o suporte básico para se desenvolver e conseguir emprego
- Escolas e Universidades mais inclusivas para garantir a qualificação das mulheres com deficiência
- Políticas públicas personalizadas e adaptadas para facilitar a inserção das mulheres com deficiência no mundo produtivo
- Uma administração pública mais estratégica e com metas mais focadas na entrega de bem-estar social para igualar oportunidades
2. Por que apostar só nas mulheres com deficiência?
Ora, essa inteligência artificial, a Josei, foi criada para seguir princípios de uma Startup:
- Focar num nicho específico, coletar feedbacks e aprimorar os resultados entregues para o usuário com economia de recursos e muitos testes. O objetivo principal de Josei é aprender interagindo com a persona. Posteriormente, o foco será o crescimento, a escala e o acolhimento de novos mercados
- Josei significa mulher em japonês
3. Quais são os riscos de adotar essa tecnologia?
- O objetivo final de Josei é conectar talentos com trabalhos dignos e que despertem o potencial deles com um mínimo de custos e tempo reduzido. Mesmo assim, pode ser que o tempo de trabalho seja eternamente encarado como tempo de gerar riqueza monetária (ponto de vista quantitativo). Transformaremos o ser humano em um eterno trabalhador gerador de riquezas e consumidor do supérfluo. Na verdade, o trabalho é bem mais do que só gerar riqueza: é tempo de se desenvolver e alcançar a autorrealização através da ação e não do consumo
- Se o cenário descrito no tópico acima acontecer, não haverá maneiras ou oportunidades de usar a tecnologia para reduzir a jornada de trabalho, facilitar o labor e nem terceirizar tarefas para máquinas inteligentes. Momentos de lazer ficarão cada vez mais raros e o tempo de trabalho engolirá nossas vidas
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Conto 4: Felipe no mundo dos ciborgues. Acesse aqui.
Felipe Emilio Gruetzmacher é formado em gestão ambiental, educação ambiental e se especializou em copywriter através de muitos cursos online, muita prática e dedicação. Autor na Comunidade EA é um dos mais lidos na plataforma. Tenta decifrar os enigmas do trabalho humano, até porque essas questões podem mudar os rumos da sociedade humana e acelerar a marcha da história rumo à Utopia.
https://www.linkedin.com/in/felipegruetzmacher/
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