Por Margarete Chinaglia
Quando um mesmo tema é tratado por segmentos diferentes e em tempos variados, podemos dizer que tudo está num “balaio de gato”.
Ao que parece há um desequilíbrio, uma desunião ou desinformação entre a sociedade, as empresas, os conselhos de classe, as leis governamentais e os profissionais.
Estamos todos vivendo o contexto do mercado de trabalho, porém com diferenças de tempo, espaço e autonomia, versus o dinamismo dos acontecimentos.
Vamos refletir:
Longevidade escancarada, vivemos cada dia mais, nossa pirâmide etária está em total transformação.
Por conta disto houve mudança na legislação previdenciária, onde os profissionais se aposentam mais tarde, com mais idade.
Mudou a regra, mas não houve incentivo para as empresas, nem para os profissionais que continuam fazendo como sempre fizeram.
Será que nos preparamos para todas estas mudanças?
Será que alguém nos ensinou a melhorar a qualidade de vida, a manter nossa saúde mental no ritmo da longevidade?
Estamos preparados para este mercado de trabalho, conseguimos representatividade nesse mercado, temos acolhimento?
Com a diferença entre tempo e espaço, não houve planejamento.
Vivemos mais e estamos tendo que aprender na prática, enquanto deveria ser prioridade sermos formados lá na infância: cidadãos para uma vida longa, com qualidade, respeito e humanização.
A conta não fecha!
A lei mudou para socorrer a previdência, mas não se preocupou se o profissional iria ter trabalho ou sofrer discriminação/etarismo. Temos que trabalhar mais, só que nos excluem do mercado. Os boletos chegam e a conta não fecha!
As empresas não estavam preparadas para esta mudança, elas não acompanharam o novo modelo. Elas ainda vivem e praticam o modelo anterior. A conta não fecha!
E por fim, nós profissionais sêniores fomos engolidos por todos: não tivemos o preparo, o treinamento, a aprendizagem para enfrentar este mercado de trabalho em transformação acelerada. A conta não fecha!
A união de todas as esferas envolvidas poderia mudar o tempo e o espaço defasado ou descompassado.
Mudança de lei precisa de pesquisa, estudo, análise de impacto na sociedade. Não se resolve um problema, criando outro!
Geracionais e o trabalho
As empresas precisam de apoio para se transformar, elas precisam se orgulhar em ter profissionais altamente capacitados junto a seus times geracionais e inclusivos.
Os conselhos de classe deveriam cuidar das estratégias das organizações frente a prática dos preconceitos. Os profissionais precisam de defesa, precisam sentir que possuem pertencimento.
Os profissionais necessitam carregar uma bagagem proveniente de sua formação educacional/acadêmica porque só assim eles se sentirão capazes, produtivos, ativos em contribuir para um mundo menos limitante. Não é uma questão de idade, mas sim de competências, habilidades e capacidades.
Para nós que já somos 50+, 60+ esta é a realidade, um tanto desafiadora a organização das prioridades de um tempo que não pode esperar, pois já acontece, é hoje.
Para os profissionais 40+ que já começam a se sentir discriminados no mercado de trabalho há um pequeno espaço para transformar, mas já é amanhã. E para os profissionais mais jovens, aqueles que pensam que ainda está longe para viver isto, não se preocupam, falta pouco tempo.
Nos cabe refletir qual a nossa parte neste “balaio de gato” e o que podemos fazer hoje, amanhã e no futuro!
Margarete Chinaglia é consultora e coach de Carreira, palestrante Diversidade e Inclusão Etária, farmacêutica Bioquímica (UNESP) e escritora. Integra o creators Linkedin. Tem especialização em Gestão e Promoção à Saúde (FGV), em Administração Hospitalar (UNIFAE) e MBA em Auditoria em Serviços de Saúde (IBEPEX).
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