Quer um motivo para dizer NÃO? Leia o Essencialismo | Patricia Coutinho
Há muito tempo Sócrates já dizia, “tome cuidado com a aridez de uma vida ocupada”. Infelizmente parece que ninguém deu muita atenção ao filósofo grego, e seguimos com nossas rotinas cada vez mais atribuladas como sinal de sucesso e até com um certo orgulho.
Este é o tema central do livro de Greg McKeown, que já nas primeiras páginas fala sobre o que todos já sabemos, mas não queremos admitir, “existem muito mais atividades e oportunidades no mundo do que tempo e recursos para investir nelas”.
É difícil aceitar “fazer menos” pois vivemos em uma cultura onde o sucesso está relacionado à nossa capacidade de realização, principalmente nas empresas. Mas o livro aos poucos vai te convencendo que é preciso priorizar iniciativas de acordo com os valores individuais de cada um.
Se não escolhemos conscientemente no que concentrar nosso tempo e nossa energia, os outros — chefes, colegas, clientes e até a família — escolhem por nós, e logo perdemos de vista tudo o que é significativo.
O autor discorre sobre o mito de achar que pessoas sobrecarregadas têm mais sucesso e são mais felizes. Ele desconstrói a ideia através de vários exemplos da vida real onde demonstra que “quem faz um pouquinho de tudo não faz nada com qualidade, e leva muito mais tempo para concluí-lo”.
Na sua visão, tentar ter sucesso em tudo é na verdade um catalisador de fracasso.
Na medida que evoluímos na leitura, lembrei de várias pessoas com quem convivo que tem o “mindset” onde tudo é prioridade, que pulam na frente de todas as novas oportunidades sem pensar duas vezes. Também pensei naqueles que dizem “NÃO”, mais seletivos, que muitas vezes eu julgava como “preguiçosos”.
O livro me deu alguns “tapas na cara” sobre esta questão. A verdade é que ninguém gosta de dar ou receber uma negativa, mas quando a raiva inicial ou o medo passam, surge o respeito. O autor alega que quando nos posicionamos de forma firme, mostramos que o nosso tempo é valioso e passamos a ser admirados por isso.
Ele também traz sugestões de atitudes simples que nos ajudam a administrar melhor o tempo, como por exemplo, ter uma rotina que permita focar primeiro no que é mais importante. Segundo o autor, “há poder na constância e na repetição”.
Outra dica bacana é o método do “progresso mínimo viável”
Onde podemos nos perguntar: “Qual é o menor progresso que seria útil e valioso para a tarefa essencial que queremos cumprir?”. Existe algo contagiante em ver o progresso rumo a uma meta.
A escrita de Greg é envolvente, cheia de exemplos da vida real. À medida que lemos, algumas “fichas” vão caindo sobre o quanto nós, a sociedade e o mundo corporativo nos empurra para um mundo não essencialista.
Obviamente teoria e prática são coisas diferentes, a vida real é sempre mais complicada e menos romântica. Mas o livro não passará despercebido pela sua estante, vai te provocar, mexer com o seu ego e suas crenças, fazer você sentir que algo precisa ser ajustado, e talvez seja exatamente isso que esteja necessitando neste momento.
Entrou para minha lista dos top 3 livros de 2021 e certamente terá um impacto sob a sua perspectiva da vida também. Boa leitura!
“Essencialismo: existem muito mais atividades e oportunidades no mundo do que tempo e recursos para investir nelas.”
Patricia Coutinho é formada em Engenharia, mas se encontrou no papel de liderança e gestão de pessoas. Apaixonada por comportamento humano, psicologia positiva e bem-estar no mundo corporativo e na vida real. Sua trajetória foi construída por anos no mercado financeiro e, agora mais recentemente, no mundo de startup de Ecommerce. Ela compartilha suas dicas de leitura voltadas à liderança, autoconhecimento e well being em seu instagram patybookreview. Colunista EA “Best-seller”.
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