Por Claudio Moreira

 

“Eu acho que não estou errado quando não dou autonomia pra todo mundo do meu time. Se sou eu que vou responder pelo resultado depois, tenho que ter controle do que vem como resposta do meu time!”

Essa resposta veio de um participante num treinamento de liderança que eu estava ministrando e me instigou a trabalhar bastante a flexibilidade de alguns conceitos que vemos na literatura da gestão corporativa.

O conceito em si era o da “liderança heroica”, o que longe de ser algo que remeta à figuras valentes e salvadoras do dia como Batman, Mulher Maravilha ou Super Homem, diz respeito àquelas pessoas que na gestão das empresas centraliza processos e decisões, acredita que tem todas as respostas, não dá autonomia e no fim não confia na equipe, criando times dependentes, sem potencial de inovar.

Sim, o termo “heroica” aqui tem um tanto de ironia.

Gosto muito de testes que nos mostrem perfis, inclinações, vieses e tendências. Acredito que autoconhecimento ajuda a entender gatilhos, situações, reações e tudo mais que possa acontecer em momentos de desafio ou estresse no mundo corporativo. Porém não gosto de respostas cartesianas quando se trata destes mesmos perfis e inclinações.

Somos seres mutantes e adaptáveis.

Dentro das empresas, as situações mudam constantemente, e uma boa liderança precisa saber se adaptar a essas mudanças. Não se trata de abandonar seus princípios ou seu estilo de liderança, mas de ajustá-lo com sabedoria às necessidades de cada momento.

Essa habilidade de moldar comportamentos e atitudes é o que diferencia líderes comuns de líderes verdadeiramente eficazes.

A argumentação do participante o levava para o extremo oposto do que definimos ali como liderança heroica. Ele dá autonomia, não microgerência, busca resposta no time. Mas não sempre.

Se for preciso ele toma a frente vai lá e resolve. Bravo!

A liderança equilibrada também se manifesta na capacidade de ajustar o grau de autonomia concedido à equipe. Uma liderança que confia e capacita seu time entende que delegar tarefas e dar liberdade para que desenvolvam soluções é fundamental para o crescimento das pessoas.

No entanto, em momentos críticos ou de crise, assumir o controle e tomar decisões rápidas pode ser necessário. Esse comportamento não invalida uma postura democrática, mas demonstra sabedoria e visão estratégica para proteger os interesses do grupo.

Adaptar o estilo de liderança não é sinônimo de instabilidade ou fraqueza.

Pelo contrário, é a prova de uma liderança madura, que compreende que cada cenário exige uma abordagem diferente. Assim como um maestro ajusta a intensidade de cada instrumento para criar uma harmonia perfeita, o(a) líder deve ser capaz de ajustar sua postura para manter a equipe alinhada e produtiva.

“Mas e se meu teste de estilos de liderança disser que sou altamente democrático? Vou poder tomar uma decisão monocrática?”

Sim meu nobre, seu teste te indica caminhos, mas não te engessa. Seja livre para ser você!

 

claudio.jpg - Que tipo de heroísmo mais te atrai?

Claudio Moreira é consultor de Educação Corporativa e trainer de equipes de alta performance, tem mais de 50.000 profissionais capacitados em sua trajetória profissional. É especialista em treinamentos de times de Serviços, Food Service e Varejo. É professor de cursos In Company na Conquer, é professor em cursos MBA no IPOG e na Escola Conquer. É mestre em Tecnologia Educacional, tem MBA Service Management (IBMEC) e MBA em Marketing (Fundação Getúlio Vargas). Colunista EA “Trilhos de Aprendizagem”.

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