Por Sonia Crisóstomo

 

Em um mundo onde a pressão do trabalho é constante e as exigências parecem nunca diminuir, a saúde emocional dos trabalhadores é preocupação urgente, ou pelo menos deveria ser, não é? Afinal, quem não sentiu os efeitos da pandemia? Em Portugal, onde moro, um país onde o tecido laboral é vasto e diversificado, cerca de 80% dos trabalhadores apresentam sintomas de Burnout. Este número alarmante deve servir como sinal de alerta, não somente para empresas, mas também para aqueles que trabalham em organizações de qualquer tamanho.

É importante priorizar o bem-estar emocional no local de trabalho.

As empresas desempenham um papel crucial na saúde emocional de seus funcionários, se considerarmos que lá passamos grande parte dos nossos dias, sem contar aquelas noites insones em que buscamos a resolução de problemas no silêncio da madrugada. Empresas têm a responsabilidade de criar ambientes de trabalho que promovam o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, incentivando práticas saudáveis de gestão do tempo e proporcionando apoio emocional quando necessário.

Investir em programas de bem-estar, oferecer flexibilidade no horário de trabalho e promover uma cultura de apoio mútuo são medidas essenciais que as empregadoras podem adotar para ajudar a prevenir o Burnout em suas equipes. No entanto, a responsabilidade não recai apenas sobre as empresas. Os próprios funcionários têm um papel crucial a desempenhar na proteção de sua própria saúde emocional.

A autorresponsabilidade deve ser uma prática quando se trata de estabelecer limites saudáveis e cultivar uma mentalidade de autocuidado. É imperativo que os trabalhadores reconheçam seus próprios sinais de estresse e burnout e ajam proativamente para mitigá-los.

Isso envolve aprender a dizer não quando necessário, estabelecer limites claros entre trabalho e vida pessoal, e buscar ajuda quando nos sentirmos sobrecarregados. Ora, mas como dizer não, em um momento em que somos impelidos a dizer SIM, a buscar alta performance e olhar para a grama do vizinho como se essa fosse mais verde?

Cada um de nós tem um limite. Ele é determinado por vários fatores: história pregressa, objetivos, fases da vida e visão de futuro. E aqui começam as perguntas: O que queremos para nosso futuro? O que EU quero para meu futuro?

Reconheça os sinais

Às vezes, negligenciamos os sinais do nosso corpo até que um grito chamado burnout nos cala e nos leva a lugares escuros. Aprenda a reconhecer os sinais precoces dessa condição são fundamentais para sua saúde:

  1. Fadiga constante: A fadiga persistente pode prejudicar a capacidade de concentração e desempenho no trabalho.
  2. Cinismo e desengajamento: O desengajamento das atividades que antes eram consideradas gratificantes é sinal claro de esgotamento emocional.
  3. Diminuição da produtividade: Procrastinação e a falta de motivação frequentes, resultando em um declínio no desempenho no trabalho.
  4. Problemas de saúde: Dores de cabeça frequentes, problemas gastrointestinais, alterações no sono e maior suscetibilidade a resfriados e infecções.
  5. Isolamento social: O isolamento dos colegas de trabalho e amigos pode ocorrer à medida que a pessoa se retira emocionalmente de suas interações sociais.

Promovendo um equilíbrio saudável

A prevenção do Burnout envolve o estabelecimento de hábitos e práticas que promovam um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal. Compartilho algumas ideias para cultivar uma vida mais equilibrada no trabalho:

  1. Estabeleça limites: Defina limites claros entre trabalho e vida pessoal. Desligue-se do trabalho fora do horário de expediente e reserve tempo para atividades relaxantes e recreativas.
  2. Pratique a autocompaixão: Seja gentil consigo mesmo e reconheça suas próprias necessidades emocionais e físicas. Permita-se descansar e recarregar quando necessário, sem sentir culpa.
  3. Priorize atividades de bem-estar: Reserve tempo para atividades que promovam o bem-estar físico e emocional, como exercícios físicos, meditação, hobbies relaxantes e tempo ao ar livre.
  4. Busque apoio: Não hesite em procurar apoio de colegas de trabalho, amigos, familiares ou profissionais de saúde mental se estiver enfrentando dificuldades no trabalho ou lutando contra o Burnout.
  5. Comunicar-se: Mantenha linhas abertas de comunicação com seu empregador sobre suas necessidades e limites. Discuta maneiras de promover um ambiente de trabalho saudável e equilibrado.

É comum à grande maioria de nós transferirmos a responsabilidade dos nossos momentos desafiadores para terceiros. Assim, deixo duas perguntas para finalizar.

O que os outros estão realmente fazendo comigo?

E o mais importante:

O que eu não estou fazendo por mim?

Lembre-se que o futuro do trabalho é o futuro que hoje construímos como pessoas, aprendendo a dizer SIM e NÃO na hora certa.

Nota: Foto de Capa criada pela autora por meio de Inteligência Artificial

 

Sonia Crisostomo foto - Burnout, a nova doença laboral?

Sonia Crisóstomo é casada, mãe de duas filhas, empreendedora e escritora. Formada e pós-graduada em Ciências da Computação, MBA em Executive Marketing. Sócia do Wholebeing Institute e ETI Europe. Mais de 30 anos em empresas de Telecomunicações e de Tecnologia da Informação. Formada em Psicologia Positiva, Inteligência Emocional, Programação Neurolinguística, Hipnoterapeuta com especialização em Hipnose Clínica. Diplomata Civil Humanitária, G100 Global Advisor Council Member, Embaixadora Master do Clube Mulheres de Negócios de Portugal e Membro do Conselho Administrativo do Instituto Raiz Nova. Colunista da Revista Mulher Africana. Prêmio Gênios da Atualidade de 2023 na categoria Escritora do Ano em Portugal. Grand´Ambassadeur da Divine Académie des Arts Lettres et Culture da França. É Colunista EA “Felicidade”.

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