A importância do silêncio | Sônia Crisóstomo 

 

O ano de 2022 foi um ano de grandes mudanças na vida de todos nós. Aliás, vamos concordar que desde 2020 as coisas não andam lá muito calma. Peço licença a você para falar um pouco de mim, partilhar o que tem acontecido com minha cabeça e emoções. Falo isso não por narcisismo ou egoísmo, mas porque me deu uma vontadezinha de dividir esse momento que pode não ser só meu.

Em 2020 eu vivi grandes mudanças: saí da casa em que vivia há vinte anos, vi minha mãe perder a luta para o Alzheimer, me mudei de país. Deixei muita coisa para trás. Deixei…

Em 2021, vivi uma espécie de clausura, oportunizada pelo lockdown e pela chegada em um novo país onde não tinha nem amigos nem família. Não fiquei recolhida por livre e espontânea vontade, mas por entender que tudo o que acontecia do lado de fora da minha porta era muito maior do que minha vontade.

Em 2022 o mundo se abriu para mim. Foi um ano muito intenso.

Amizades, parcerias, eventos incontáveis, novo direcionamento de carreira, sociedades, acordos comerciais, e foi como se eu tivesse entrado em um turbilhão e me deixado levar por tanta coisa. Mas, é importante dizer que vivi tudo da forma mais intensa possível por livre e espontânea vontade. Algumas pessoas dizem que devemos aprender a dizer não. E em 2022 foi meu ano do SIM.

E em novembro, já cansada, o COVID me achou e resolveu passar um tempinho comigo. Pode imaginar que de pessoa ativa, acelerada, fiquei de cama por dias e dias seguidos, com uma febre que estava driblando os remédios.

Foi aí que me calei pra pensar sobre onde eu estou. E reconhecendo exatamente onde estou, decidir para onde quero ir. Não saí com amigos, não dei foco no trabalho, não conseguia produzir, nem mesmo escrever.

E quanta coisa o silêncio me disse.

A primeira coisa que ele me disse foi “calma aí mulher, desacelera”. Minha mente muito criativa, ativa, sempre buscando e achando novas possibilidades para crescer e aprender. Mas, como dizemos por aí, ‘queimei a largada’. Usei minha energia com tanta vontade que não olhei atentamente para o ponteiro que estava a marcar RESERVA.

A segunda coisa que o silêncio me disse foi que, por mais que tenhamos vontade de silenciar a mente, ela jamais se cala, ela sempre tem um pulso, uma onda. Na meditação, aprendi a desacelerar meu metabolismo, batimentos cardíacos e o que eu sempre ouvia dos mestres é que devemos silenciar a mente.

Mas como?

Se o pulso ainda pulsa, tenho vida, e enquanto viva sou um ser pensante. Gostaria então de dizer para você que tenta calar a mente durante sua meditação, que o fato de tentar silenciar, é por si uma conversa. Tentar não pensar em nada é pensar em algo. Dessa forma, durante seu processo meditativo, se você perceber a chegada de algum pensamento, sentimento ou emoção, acolha.

Somente acolha e deixe ir, não segure, não tente explicar porque isso chegou, não busque racionalizar o momento. A mente não silencia.

A terceira coisa que o silêncio me ensinou é que o mundo não para se eu partir (ou quando eu partir). Sou, ou era, aquela que queria sempre dar conta de tudo, de todos. Cuidar da família, cumprir meus prazos, minhas promessas, estar com meu trabalho em dia, o cão bem alimentado, cabelo e unha bem feitos. Só faltava a armadura da guerreira, pois o título eu já tinha. Rasguei o titulo! Não quero ser guerreira, não quero guerra nenhuma. Só quero ter paz e ser feliz. Uma felicidade com uma plenitude para além do fotografável, mas que simplesmente me faça bem.  Não tenho que escolher nem batalhas nem guerras. Quero construir uma trilha onde eu possa, enquanto aqui estiver, e espero que seja ainda por um bom tempo, fazer o bem, me sentir bem e estar rodeada de pessoas do bem.

A quarta coisa que o silêncio me ensinou é que dinheiro é uma energia espetacular. Ter dinheiro para poder parar um pouco quando necessário, é libertador. Ter dinheiro para pagar por aquilo que não consigo fazer, para ver quem eu quero ver quando mora longe de mim, é bom. A relação que algumas pessoas, especialmente as mulheres tem com dinheiro, é como se fosse uma bebida doce e proibida.

“Queremos, mas é feio dizer que queremos”.

Por que? Faça as pazes com sua vontade de prosperar. Você não vale o que o dinheiro compra. Você possui o dinheiro para TER o que deseja. Então preocupe-se em SER o que deseja e o resto vem por consequência.

A quinta coisa que o silêncio me disse é que em um dado momento até ele se cala. Enquanto andava com ele de mãos dadas, refleti, ajustei as velas, corrigi o curso porque pude ver claramente onde queria e quero chegar. Percebi claramente em que mesa quero sentar.

Escolhi com critério as pessoas que quero convidar para minha mesa, retomei o curso da minha jornada, agora descansada e pronta para seguir.

Então, e nome do silêncio, te convido a ser o melhor que puder em 2023. Que aprenda que você não precisa estar sempre certo. Mas, se você for do tipo que acha que está sempre certo, cale-se, aquiete-se e reencontre-se com sua essência. Ouça a voz do silêncio.

E desse local que me encontro, eu te encontro. Convido você a seguir comigo, escolhendo a felicidade e aprendendo a dosar a força de cada ação diária.

Observe seus pensamentos e quando eles quiserem te diminuir, cale-o.

2023 começou diferente. E eu descobri que o silêncio me fez melhor.

 

 

SONIA coluna TECH PORTUGAL - A importância do silêncio

Sônia Crisóstomo é casada, mãe de duas filhas, apaixonada pela vida e pelo mar. Formada e pós-graduada em Ciências da Computação, MBA em Executive Marketing. Sócia do WholebeingInstitute e ETI Europe. Mais de 30 anos em empresas de Telecomunicações e Tecnologia da Informação. Diplomata Civil Humanitária, G100 Global AdvisorCouncilMember, Embaixadora Master do Clube Mulheres de Negócios de Portugal e Membro do Conselho Administrativo do Instituto Raiz Nova. Formada em Inteligência Emocional, Programação Neurolinguistica, Hipnoterapeuta com especialização em Hipnose Clínica. Formação Internacional em PSicologia Positiva. Colunista da Revista Mulher Africana e feliz escritora com 3 livros publicados. Colunista EA “Felicidade”.

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