Por Claudio Moreira

 

O ano era 2014, o cenário era um pequeno auditório no RJ onde eu ministrava uma palestra sobre tendências da Educação Corporativa. Tudo transcorria bem até que defendi que as trilhas de aprendizagem nas empresas poderiam ser mais flexíveis e considerar fontes variadas de informação e conhecimento como eDX e Coursera.

Apanhei um pouco ali, no sentido figurado, claro.

Para contextualizar melhor, falar de tendências é algo complicado pois sempre existem fontes primárias bastante qualificadas que trazem as análises mais apuradas, mas, lendo alguns materiais bastante interessantes na web, me deparei com uma frase interessante que era “o aprendizado hoje acontece em qualquer lugar”.

Sim é verdade, com o acesso à web, a aprendizagem hoje acontece em todos os lugares, acabou a era da ignorância, o conhecimento está ao alcance dos dedos. A minha pergunta era, está ao alcance das empresas?

“Os colaboradores não podem mais depender da empresa para se desenvolver!!” Sim, ouvimos isso sempre, uma das coisas que não mudou é a pressão dos budgets para gastarmos menos (e mantermos a equipe tinindo, diga-se de passagem). Faça mais com menos, calcule o ROI, diminua o tempo fora da operação, etc, etc, etc.

Pense globalmente, haja localmente, hoje nossos concorrentes estão no mundo todo, enquanto você dorme, tem um japonês estudando! Sim, a pressão é grande, o mundo muda e cada vez mais temos que estudar o tempo todo.

Se a pressão vem de todos os lados, alguma hora a gente tem que se mover certo? Tem solução? Tem.

Na época, Dan Pontefract, canadense, executivo da Telus, autor do livro Flat Army, disse: “Aprendizagem na velocidade da necessidade, através das modalidades formais, informais e da aprendizagem social”. Aprendizagem deve ser colaborativa, contínua, conectada e “community-based”.

Em outubro de 2013 a revista Veja publicou uma matéria intitulada: Os MOOCs estão ganhando notoriedade. MOOCS são Cursos Online Abertos e Massivos (do inglês Massive Open Online Course). Nesta época eu estava enamorado de alguns cursos gratuitos de altíssima qualidade oferecidos pela plataforma Coursera e pensei “uau, é isso! O Dan está certo, um curso oferecido por Harvard através do Coursera ou do eDX tem que ser considerado uma fonte confiável de conhecimento pelos RHs, afinal são fontes super confiáveis de informação”.

E fui lá defender minha ideia: as trilhas de aprendizagem podem ser mais flexíveis e incorporar a moderna facilidade de acesso ao conhecimento.

Apanhei um pouco ali, no sentido figurado, claro.

Ao abrir a sessão de perguntas e respostas, fui bombardeado por críticas dizendo que conhecimento sem diploma não vale (sendo bem reducionista no que ouvi).

Ok, os MOOCs fornecem certificados de participação, pagos. E nem todo mundo está disposto a pagar por um certificado em dólar. Isso não invalida todo conhecimento adquirido ali (que é mensurado por teste de retenção, cujos resultados ficam gravados na plataforma).

Certificados…

Adiantando o relógio, estamos em 2022. Hoje as trilhas de aprendizagem primam pela flexibilidade, e o(a) participante deve se sentir motivado(a) a ser protagonista de sua aprendizagem, por isso as trilhas devem ter atividades obrigatórias e outras escolhidas pelo próprio aluno, de forma a complementar sua jornada de conhecimento. Hoje cabem conteúdo em pílula, whitepapers, benchmarkings registrados, estudo de caso, podcasts, documentários, filmes, acompanhamento de cargos juniores, projetos reais e discussão de projetos, quizzes, app mobiles.

Claro, os tradicionais MBAs também estão lá, junto com Coursera, eDX, Udemy.

As trilhas também visam o pré e o pós-aprendizagem, por isso, a experiência deve ser pensada desde o primeiro contato até a forma como o(a) participante colocará em prática os conhecimentos adquiridos. Os estímulos devem apelar aos diversos sentidos, por isso devemos aproveitar todos os recursos para potencializar a aprendizagem.

Dan Pontefract estava certo. Acho que eu também estava certo, mas um pouco adiantado no tempo.

Mais trilhas, menos trilhos…

 

 

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Claudio Moreira é consultor de Educação Corporativa e trainer de equipes de alta performance, tem mais de 50.000 profissionais capacitados em sua trajetória profissional. É especialista em treinamentos de times de Serviços, Food Service e Varejo. É professor de cursos in company na Conquer, é professor em cursos MBA em no IPOG ena Escola Conquer. É mestre em Tecnologia Educacional, tem MBA Service Management (IBMEC) e MBA em Marketing (Fundação Getúlio Vargas). Colunista EA “Trilhos” de Aprendizagem.

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