RANKING AUTORES EA | 2º LUGAR | JAN 2022

BEST-SELLER | Por Flávia Swerts

 

Não, eu não me equivoquei. Esse é realmente o título que escolhi para esta resenha de “A regra é não ter regras” sobre a Netflix. O livro foi escrito pelo fundador e CEO da empresa, Reed Hastings, e por Erin Meyer – professora da INSEAD, considerada uma das mais conceituadas escolas de negócio do mundo, e autora da obra “The Culture Map”. Aqui reside o primeiro diferencial positivo. O livro não é uma mera narrativa do próprio executivo a respeito da Netflix – o que por si só já poderia ser bem interessante. É organizado como um “bate-bola” entre Reed e Erin e, em vários momentos, ela é um contraponto às ideias expostas pelo fundador e CEO e ao “jeito Netflix de ser”.

Em um trecho do livro, Erin literalmente entrevista Reed fazendo “perguntas difíceis”, como ela mesma denomina.

Além disso, a obra é permeada por relatos de atuais e ex-funcionários contando o que pensaram e como se sentiram em diversas circunstâncias. Há, inclusive, um trecho escrito pelo brasileiro Leonardo Sampaio, um dos primeiros colaboradores da Netflix no Brasil. Ele entrou na empresa em outubro de 2015. Esses depoimentos somados aos exemplos e aos cases minuciosamente narrados dão ao livro um tom bastante prático. Isso aproxima o leitor, dá a sensação de que estamos vivenciando aquelas situações, instiga a leitura, suscita reflexões e, ao mesmo tempo, causa estranheza. Afinal, a Netflix é uma empresa peculiar.

“A regra é não ter regras” é sim sobre cultura organizacional. Todavia, é mais do que isso. É sobre pessoas, relações, gestão de negócios, flexibilidade, adaptabilidade, autonomia, responsabilidade, transparência, criatividade, liderança pelo exemplo, pertencimento, feedback (de forma consciente, estruturada e sincera).

Enfim, é sobre esses e outros aspectos associados ao futuro – ou melhor, “ao presente” – do trabalho. Por isso, o considero útil e interessante para profissionais de todas as áreas. Já ouvi críticas ao livro no seguinte sentido: “Tudo isso só funciona na Netflix. Impossível implementar essas práticas em outras empresas.” Entendo tais colocações, mas, a meu ver, o ponto alto do livro é fomentar reflexões, ampliar possibilidades e gerar novas ideias, e não apresentar uma “receita de bolo” a ser reproduzida por toda e qualquer organização.

Você pode discordar do que o livro propõe e ainda assim ponderar sobre sua carreira e a empresa onde atua e ter valiosos “insights”.

Em síntese, para mim, as ideias-chave da obra são: (i) Densidade de talento; (ii) Sinceridade: implementando mecanismos para que ela seja realmente praticada e compartilhando informações organizacionais com os colaboradores; (iii) Redução dos controles internos; (iv) Cultura de “Liberdade com Responsabilidade”. De acordo com o livro, dar liberdade aos funcionários, diminuindo os mecanismos de controle, permite que eles exerçam seu próprio discernimento e tomem melhores decisões, o que acarreta responsabilidade. Dessa forma, a empresa consegue atingir elevados níveis de agilidade e inovação.

Deixei pistas no decorrer desta resenha, mas para compreender o real sentido da “frase-título” você terá de se debruçar no livro! Boa leitura!

Foto livro opcao 1 - “Monte uma banda de jazz”

Detalhes da publicação
Título do livro: A regra é não ter regras
Autores: Reed Hastings e Erin Meyer
Editora: Intrínseca
Ano de publicação no Brasil: 2020
352 páginas

 

Foto FlaviaSwerts - “Monte uma banda de jazz”

Flávia Swerts é jornalista e advogada pela PUC-RIO, coach com formação ontológica pelo Appana Território de Aprendizagem e Lifelong Learner. Combinando visão analítica/estratégica e atuação data driven com trabalho humanizado, se dedica à Comunicação e ao Desenvolvimento Humano e Organizacional, de forma a aproximar pessoas e empresas de uma realidade repleta de significado e propósito com cada vez mais bem-estar e felicidade!

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