Comunidade: convite para ir além das autoevidências | Tainah Veras

 

Já parou para pensar quantos conceitos a gente encara como se fossem óbvios, livres de crítica e passíveis de repetição em uma espécie de “mantra”?

Foucault criou o termo “autoevidência” para se referir justamente às coisas que, por si só, parecem ter um sentido universal e blindado de reflexões aprofundadas e diversas.

Ao adotar esse prisma, assumimos muitas vezes que certas situações, significados e relações de poder são generalizadas e estanques; assim, muitas vezes, acabamos justificando e reforçando exclusões, desigualdades e problemas estruturais. 

Então, meu convite é que, a partir da provocação de “autoevidência” do filósofo francês, pensemos em alternativas para ir além dessa tendência, fazendo tal exercício com o conceito de COMUNIDADE. 

O que vem na sua cabeça quando você pensa sobre isso? 

Provavelmente surgem ideias como compartilhamento, entendimento, pertencimento, objetivos e padrões comuns, decisões tomadas em conjunto, consenso… Porém, é só isso mesmo que existe no cotidiano da convivência coletiva? A concordância reina ou deveria reinar nos ambientes? Todos precisam trabalhar em um mesmo sentido e ter as mesmas ideias para serem parte de um grupo? 

Compartilho três abordagens que eu tenho investigado para ir além das visões que costumam predominar sobre o tema. 

Tais abordagem me provocam a deixar o conforto da repetição e do universalismo e a buscar o que é mais “INGENERALISTA” na construção de comunidades – utilizando um termo pouco evidente que inventei para a reflexão feita por aqui. 

Em cada tópico – usando hiperlink – trago uma referência para você saber mais sobre o enfoque:

Usos indiscriminados da palavra “comunidade” e herança impositiva atrelada ao termo – As pesquisadoras Rosalina Carvalho da Silva e Cristiane Paulin Simon ressaltam que a palavra costuma ser utilizada para delimitar geograficamente um grupo em relação às atividades que ele realiza – como ocorria no período feudal e pós-revolução industrial – ao invés de dar relevância aos aspectos processuais relacionais, dialógicos e identitários ligados ao tema. 

O contraste entre o discurso sobre horizontalização e as condutas verticalizadas  – O Instituto Amuta, plataforma que propõe a transformação das relações através do Design de Conexões, destaca que, apesar do discurso crescente em prol de formas de autogestão e auto-organização nas empresas, boa parte das estruturas corporativas continuam operando em lógicas de comando e controle. Nesse contexto, o convite do Instituto envolve estimular a horizontalidade das relações por meio da interdependência, tendo como base o respeito à autonomia de cada pessoa sem esperar que o outro nos sustente e nos diga exatamente o que fazer, e tampouco que a gente defina o que o outro deve pensar, sentir e como deve se portar. 

“WeWashing” como estratégia de lucro – O termo foi criado a fim de alertar sobre o uso superficial das ideias de “compartilhar” e “estar em comunidade” para fortalecer as transações comerciais e a rentabilidade de um grupo dominante, e não, de fato, para valorizar a essência de integração, colaboração e mobilização entre as pessoas. 

E aí, como foi descobrir e/ou revisitar essas perspectivas?

Topa desafiar-se junto comigo em reflexões mais críticas e menos autoevidentes sobre o tema de Comunidades?

Será incrível ter você nessa jornada!

 

 

foto BIO Profa. Tainah Veras UNESP Easy Resize.com - Comunidade: convite para ir além das autoevidências
Tainah Veras desenvolve continuamente estudos, práticas e conexões nas áreas de Comunicação, Marketing, Inovação, Criatividade e Empreendedorismo. É Mestre em Comunicação pela Unesp, pós-graduada em Marketing e Comunicação pelo INPG, facilitadora em Design de Conexões pelo Instituto Amuta, facilitadora de Aprendizagem Emergente pela Happy Melly e graduada em Comunicação Social pela Unesp. Possui experiência de mais de 10 anos com o design de estratégias, conexões, conteúdos, eventos e aprendizados em empresas e instituições de diferentes portes e segmentos. Também é professora de graduação nas Faculdades Integradas de Bauru e ministra disciplinas em cursos de pós-graduação. Na EA, atua como colunista e Insight Manager em Comunicação, Marketing e Comunidades.

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