Edtechs, professores e alunos | Denis Corrêa
Edtechs são empresas que utilizam a tecnologia para o desenvolvimento de produtos e/ou serviços educacionais inovadores, visando facilitar o processo de aprendizagem ou aprimorar sistemas educacionais. Esses produtos ou serviços são tão variados quanto cursos online, plataformas educacionais, ambientes virtuais de aprendizagem, sistemas de gestão, marketplaces de cursos, analytics para educação, ferramentas de autoria, ferramentas de streaming de vídeos, jogos educacionais, simuladores, realidade virtual e aumentada, entre outros.
Para que esse modelo funcione, é fundamental que a empresa tenha a educação em seu DNA, caso contrário ela poderá desenvolver soluções altamente tecnológicas, mas que não resolvam as dores do setor educacional.
As edtechs têm contribuído de forma significativa para o chamado lifelong learning ao produzirem cursos online dos mais variados temas, muitos deles com professores renomados, utilizando metodologias inovadoras e a custos acessíveis; plataformas educacionais que podem ser acessadas de qualquer lugar, em qualquer momento, diretamente na palma da mão; soluções que permitem montar trilhas de aprendizagem, utilizando a aprendizagem adaptativa para sugestões de cursos e treinamentos com base no desempenho, entre muitas outras soluções que apoiam na aprendizagem contínua do indivíduo.
Novas soluções educacionais
Nesse novo modelo educacional que chegou com as edtechs, existem diversas soluções e cada uma pode ser mais adequada do que as outras em um contexto diferente, sem que exista uma que se sobressaia para todos os casos. Mas existe uma etapa do desenvolvimento de soluções educacionais que nem toda organização executa ou dá a devida importância, que é o diagnóstico educacional.
Para uma solução educacional ter êxito é fundamental realizar um bom diagnóstico e desenhar um projeto educacional consistente.
Se eu pretendo ampliar a aprendizagem do meu aluno ou colaborador, preciso saber:
- Quem é esse aluno/colaborador?
- O que ele já sabe?
- Quais os gaps de conhecimento ou necessidade de aprendizagem?
- Qual sua faixa etária, escolaridade?
- Quais os seus hábitos e preferências?
É preciso mergulhar no cenário da empresa ou instituição de ensino, mapear o perfil desses estudantes ou colaboradores (desenhando personas, por exemplo), identificar as necessidades e possibilidades de aprendizado, descrever bem qual o problema de negócio eu quero resolver.
Só assim é possível propor soluções educacionais que sejam aderentes às necessidades e realidade tanto da empresa/instituição de ensino, quanto de seus colaboradores/alunos. Aqui no DOT Digital Group desenvolvemos as mais diversas soluções, como e-learnings interativos, com uso de gamification e storytelling; vídeos dos mais diversos formatos (em estúdio, externos, interativos, animações 2D e 3D); estratégias de microlearning; cursos 100% via WhatsApp; games educacionais; uso de realidade virtual e aumentada; simuladores, entre outras.
Porém, para cada novo projeto existe uma necessidade específica, para a qual haverá um ou mais tipos de solução mais adequada para ampliar a aprendizagem do aluno, e é o diagnóstico educacional quem nos dá esse norte do melhor caminho a seguir.
O professor nas edtechs
Os professores estão se habilitando de maneiras diferentes. Alguns professores reconheceram a necessidade de repensar sua prática pedagógica, se aperfeiçoando para utilizar o máximo do que a tecnologia pode oferecer para promover a aprendizagem dos alunos no ensino online, enquanto outros optaram por basicamente filmar e retransmitir a mesma aula que ministravam no ensino presencial. Para o primeiro caso, existe a expectativa de que esses profissionais, mesmo na volta do ensino presencial, sigam aplicando estratégias e metodologias inovadoras que deram certo no online, como: menos tempo dedicado à exposição passiva de conteúdos e mais tempo dedicado a atividades “mão na massa”; uso da sala de aula invertida para aproveitar os momentos presenciais para debates, interações, atividades práticas e colaboração; uso de recursos educacionais digitais em sala de aula.
Para o segundo caso, possivelmente teremos docentes voltando a ministrar as mesmas aulas do período pré-pandemia na modalidade presencial. E aqui vale destacar: para os professores, o retorno do ensino presencial pode significar o retorno à “normalidade”, enquanto que os alunos podem estar aguardando um “novo normal” na educação, e essa diferença de expectativas pode causar frustração em ambos.
Não podemos deixar de considerar também o papel das instituições de ensino nesse processo, tirando um pouco da responsabilidade apenas do professor, aqui algumas questões a se refletir. Pois para que os professores se habilitem para o ensino online, é preciso fornecer as condições mínimas necessárias e apoio para isso.
- Elas forneceram ao corpo docente as ferramentas adequadas para o ensino online?
- Ofereceram treinamento a esses profissionais?
- Disponibilizaram horas remuneradas para o planejamento das aulas online?
- Sensibilizaram seus alunos quanto ao novo formato de ensino e aprendizagem?
O mestre, o software e o aluno
O software é apenas o meio, a ferramenta. O que atrai o aluno é um conteúdo que converse com sua realidade, atividades variadas e com propósito, desafios que estejam adequados ao seu nível de conhecimento – nem muito fáceis que se sintam entediados, e nem muito difíceis que se sintam frustrados. E isso independe da ferramenta – pode ser uma transmissão de vídeo ao vivo ou gravada, um grupo no WhatsApp ou no Facebook, uma pasta compartilhada no Google Drive ou Microsoft Teams, ou então uma plataforma educacional mais completa.
O importante é que o professor planeje sua aula online pensando em seus alunos, selecionando conteúdos, atividades e estratégias didáticas que despertem a curiosidade e o interesse em aprender. A figura do professor sempre foi a de ator principal na sala de aula, mas chegou o momento de o docente assumir o papel de diretor desse espetáculo, deixando o palco principal para os alunos atuarem como os verdadeiros protagonistas.
Transformação no ensinar-aprender
Estamos em um estágio de transição, que ainda irá perdurar por anos. O Brasil é um país desigual e de dimensões continentais, então não há como fixar um ponto exato em que estamos nesse processo de transformação. É preciso considerar um espectro mais amplo de transição, onde algumas instituições estão mais próximas do ensino digital e inovador, enquanto outras estão mais próximas do ensino analógico e tradicional – mas praticamente todas elas em processo de transformação, principalmente devido às mudanças exigidas pela pandemia de covid-19.
Nesse processo, os professores são os que estão encontrando mais dificuldades, visto que foram forçados a repensar sua forma de trabalho da noite para o dia. Os estudantes, de forma geral, já vinham de uma insatisfação com o modelo de ensino vigente, baseado no ensino centrado no professor e os alunos em condição de passividade, portanto qualquer tentativa de mudança tende a ser bem-vinda.
É claro que aqui não estou considerando aqueles estudantes que não tiveram as mesmas condições e oportunidades de acesso nesse modelo forçado de ensino remoto (ou até mesmo aqueles que não tiveram aula alguma).
Esses sim foram os maiores prejudicados e os que estão encontrando mais dificuldades nesse período de transformação.
Com isso, neste modelo novo educacional, as edtechs, é preciso considerar que, independente do tamanho do projeto, é a visão estratégica e o pensamento sistêmico da jornada do programa educacional que garantem o desenvolvimento de soluções que atendam às necessidades específicas de aprendizagem do público, bem como as necessidades de negócio da organização.
Denis Corrêa atua há quase 10 anos em edtechs e une duas paixões: educação e tecnologia. É especialista em edtech no DOT Digital Group. Especialista em Design Instrucional e em Gerenciamento de Projetos, com atuação em projetos educacionais tech. É biólogo de formação, mestre e doutor em Biotecnologia.
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