Avatares são pra consumo? | Leonardo Sorreano 

 

EA – Conta pra gente o que é ser um Storyteller de Influenciadores Virtuais?
Leo Ser um Storyteller de influenciadores virtuais é ser, literalmente, um contador de histórias e mensagens, de forma contextualizada, através de meios digitais. Visto que, um influenciador virtual possui particularidades e possibilidades quase que ilimitadas para produzir conteúdo e se posicionar em diferentes territórios – físicos ou digitais – o Storyteller tem papel fundamental na construção de identidade e na conexão entre o perfil do influenciador e a mensagem que ele, ou marcas parceiras, querem transmitir.

EA – Metaverso (mundos virtuais) abre um mercado enorme para novas profissões, produtos e mundos de consumo, não?
Leo Assim como qualquer avanço tecnológico é capaz de solucionar problemas e suprir necessidades, esses avanços também, automaticamente, acabam criando novas demandas. Antes de qualquer definição sobre novas profissões e consumidores no metaverso, é importante salientar que não existe especialista em metaverso. Qualquer novo profissional que intitule sua profissão como parte do metaverso, está adaptando uma profissão existente à escassez de profissionais no universo virtual, ou, está apresentando suas recentes experiências dentro dessa nova realidade. 

“Acredito que estejamos falando de um movimento que já era muito presente no universo gamer e, com a popularização do metaverso, passou a impactar e tornar acessível a um público muito maior.” 

As profissões, os produtos e o consumo, hoje, estão se expandindo para um contexto de experiências digitais, e não mais limitado aos games. Há uma quantidade de empresas/marcas migrando para o metaverso e influenciadores virtuais que vêm nascendo a cada minuto, falando sobre temas cada vez mais populares, se posicionando em contextos cada mais escalados às grandes massas.

EA – Como o Brasil está no cenário de inovação digital, um dos países mais engajados em redes sociais?
Leo De acordo com o Kantar Ibope Media, líder global em dados, insights e consultoria, 6% dos brasileiros com acesso à internet, correspondente a 4,9 milhões de pessoas, já tiveram alguma experiência no metaverso. O número pode parecer baixo, mas isso é reflexo do quão novo esse conceito ainda é para a maioria dos brasileiros, que acreditam ainda que seja apenas uma inovação tecnológica. 

Porém, quando olhamos para os consumidores, o mesmo Kantar Ibope Media também aponta que     91% dos brasileiros que já transitaram em ambiente virtual são aqueles que procuram acompanhar e experimentar as novas tendências tecnológicas pela internet. Vemos a relevância do consumidor brasileiro quando a Meta (antigo Facebook) passa a realizar eventos como o Creator Week, do Instagram, e o Meta Summit, no Brasil.

Dado exponencial

Segundo o estudo Digital 2022: Global Overview Report, publicado pelo site Datareportal, os brasileiros estã conectados, em média, 10 horas e 19 minutos por dia, ficando atrás apenas da África do Sul (10h56) e Filipinas (10h27).

EA – Com novos mercados vai faltar emprego no futuro do trabalho?
Leo Quando olhamos para o contexto geral de empregabilidade, podemos ver que a falta de emprego já é uma realidade. Porém, quando filtramos a análise para o mercado de tecnologia, comunicação e, por que não, no metaverso, estamos observando o efeito contrário, onde, a falta está em mão de obra. Na minha percepção pessoal, mesmo antes do início da pandemia, eu já via esses mercados extremamente aquecidos. 

Hoje, temos cada vez mais meios de informação, pagos e gratuitos, para capacitar profissionais de tecnologia e marketing devido à alta demanda de inovação dentro das empresas. Mas isso não se reflete na quantidade de profissionais para atender essas novas profissões e necessidades do multiverso.

“O que eu vejo é um movimento em que mais posições e nomenclaturas surgem e menos profissionais são devidamente capacitados para ocupá-las a curto e médio prazo.”

EA – Sua própria carreira, Léo, muita transformação nela, não?
Leo Se tem algo que o mercado de comunicação e conteúdo faz, é mudar. Eu costumo dizer que o escopo de um Estrategista de Conteúdo muda a cada hora. Eu me formei em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda, em 2017, mas iniciei a minha experiência profissional já no primeiro ano de faculdade, em 2014. Desde então, eu vi a minha carreira acompanhar um movimento de transformação muito interessante. 

“No começo, eu nem as próprias empresas sabiam qual era o escopo de trabalho de quem trabalhava com redes sociais. Social Media Manager, Community Manager, Analista de Redes Sociais, Produtor de Conteúdo, Conteudista…” 

Enfim, eu realmente desempenhava todas as funções pertinentes a esses cargos. Mas, aos poucos, as minhas experiências foram aperfeiçoando a entregas mais estratégicas, como planejamento 360 de canais e conteúdo. Foi então que, em meados de 2018, eu percebi que a parte operacional do meu trabalho estava com uma base bem sólida, além de ter atendido uma grande variedade de clientes em segmentos diferentes, e isso fez com que eu me dedicasse mais a atuar com o planejamento macro e as estratégias de conteúdo, me posicionando, assim, como Estrategista Digital, ou Estrategista de Conteúdo. 

“Quando fiz essa virada, percebi que o mercado tem uma altíssima escassez de Estrategistas que tenham experiência em estruturar projetos do zero ou realizar o planejamento de comunicação em canais digitais, como um todo.”

EA – Avatares como a Magalu (Magazine Luiza), agora a belezura da Satiko (Sabrina Sato), por que se popularizam tão facilmente?
Leo Primeiro, pela falta deles. O mercado de avatares virtuais aqui no Brasil é muito novo e, por isso, muitos avatares estão surgindo todos os dias. As marcas e influenciadores perceberam o grande potencial que o metaverso tem em escalar e baratear a comunicação, ou atuar de forma linear e híbrida, o que chamam de Phygital (ou Fígital). 

“Acredito que, além do pioneirismo, como no caso da Magalu, alguns avatares estão se destacando no cenário nacional porque suas equipes entenderam que esses avatares existem justamente para não serem “quase humanos” ou serem uma extensão do físico.” 

 

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EA – Uma infinidade de possibilidades na inovação digital, não?
Leo Sim. A grande sacada é justamente o poder de explorar outras possibilidades, estar em diferentes plataformas e canais sem depender de uma grande logística, quebrar algumas barreiras que o “humano” carrega e transitar por todas as inovações tecnológicas.

Se eu puder, e tiver propriedade pra isso, dar uma dica de ouro para quem está por trás das estratégias de conteúdo e narrativas dos novos avatares virtuais, seria: não tentem transformar os avatares em “quase humanos” ou se limitar a contextualizar a narrativa apenas em ambientes físicos/ humanos. 

“O poder dos avatares virtuais é justamente o de passar por cima de limitações e antecipar o novo.”

EA – Sobre agências de influenciadores digitais, você trabalha na Biobots, como elas funcionam?
Leo Funcionam e avançam em uma velocidade muito alta. Como eu mencionei anteriormente, todos os dias a gente se depara com novidades e mudanças no metaverso. Por isso, aqui na Biobots, estamos em contato 24h por dia, sempre levando assuntos quentes de dentro e fora do metaverso e, assim, debatendo oportunidades para a Satiko e sua audiência.

“Essa é uma grande mudança que eu percebo entre a publicidade tradicional e a nova publicidade que, agora, tem a possibilidade de atuar com base na chamada Web3, que é a descentralização da internet, ou seja, o controle de dados estando nas mãos dos usuários.”

Antes, as ações eram muito pautadas entre marcas, suas mensagens, e como elas chegariam e seriam consumidas pela audiência. Hoje, cada vez mais, vemos a publicidade tendo que se adaptar a dividir seus valores com as pessoas e permitindo a elas participarem na construção dessa comunicação.

Por exemplo, se uma marca pretende passar uma mensagem através de um avatar virtual para atingir a sua audiência, os publicitários responsáveis pelas estratégias de ambos precisarão pensar em como a marca e o avatar consegue participar da construção da campanha ou ação de forma mais ativa, e não apenas de consumo passivo.

Resumindo, a publicidade que se estava hoje é porque entendeu que o mercado é composto pela audiência e não ditado pelas marcas.

EA – Qual a importância da estratégia de conteúdo no mercado Metaverso?
Leo Costumo falar que tudo gira em torno de conteúdo. Para estruturar uma estratégia de conteúdo, eu preciso consumir muito conteúdo. Para contextualizar uma oportunidade ao perfil da Satiko, eu preciso entender qual é tipo de conteúdo que ela produz e, principalmente, quais são os tipos de abordagens e de conteúdo que a sua audiência tem maior chance de ficar retida e engajar.

Não só no metaverso, mas em qualquer planejamento de comunicação, a estratégia de conteúdo precisa ser considerada desde o ponto zero porque é ela que dará os caminhos para que as campanhas ou ações já saiam do papel do jeito mais assertivo possível.

A estratégia de conteúdo contempla fatores como: criatividade, tática, oportunidade, contexto, narrativa, análise, comunidade, entre outros.

EA – Que dicas daria para um publicitário recém-formado, onde explorar, buscar empregabilidade?
Leo Por experiência própria, eu posso indicar o LinkedIn como um dos melhores, e talvez um dos mais óbvios, ambientes para o recém-formados. A dica pode parecer óbvia, mas o diferencial está na estratégia. A plataforma está repleta de vagas em diferentes áreas de comunicação, principalmente na área exclusiva de vagas. Porém, as melhores oportunidades não estão apenas nas vagas que as empresas anunciam, e sim nos conteúdos que seus colaboradores produzem. 

Entenda quais são as empresas que fazem mais sentido para você e se conecte com o maior número de profissionais dela. Recrutadores, profissionais do RH, pessoas que atuam nas funções que você pretende se candidatar e, principalmente, os líderes das áreas que você almeja. Então, após criar o seu perfil e recheá-lo com as suas conquistas, adquiridas dentro e fora da faculdade, aconselho a ir para o grande mar aberto do LinkedIn.

Para complementar ainda mais a sua jornada profissional, busque capacitações ligadas à tecnologia e dados. O mercado está com uma alta demanda por profissionais cada vez mais tech e que tenham capacidade de trazer soluções e resultados através de análise de dados.

EA – Mundo real, mundo virtual, onde estamos vivendo hoje?
Leo Estamos no real e espero muito que isso não mude. O mundo virtual precisa ser usado com moderação porque, a partir do momento que não soubermos diferenciar um do outro, vamos nos perder.

 

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Leonardo Sorreano é Bacharel em Comunicação Social, com ênfase em Publicidade e Propaganda. Atua há oito anos como Estrategista de Conteúdo, Social Media Manager e Community Manager. Hoje, é Estrategista Digital da iHouse do Itaú, pela Oliver Agency, e da Satiko (avatar virtual da Sabrina Sato) pela Biobots Tec. Tem expertise em projetos especiais como freelancer, para marcas players como Grupo Reckitt, Topper, Intel, Brastemp, Consul, Netflix, Banco BMG, Agro Bayer, Fanta Laranja, Chilli Beans.

https://www.linkedin.com/in/leonardosorreano/

Se você gostou de saber mais sobre avatares com o Leo Sorreano vale ler a entrevista da Isabela Jabour, que está empreendendo a edtech B.NOUS. VEM LER!

 

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