Empreender, o estado da arte

ED#1 ARTE | Marcos Amaro

“Meu primeiro emprego foi na aviação, na TAM, empresa de meu pai, aos 12 anos, 13 anos, comecei como office boy, para aprender. Mas trabalho mesmo, foi depois que meu pai faleceu, por volta dos 17 anos, tive oportunidade de passar por diversos setores da TAM como trainee. Isso foi muito importante porque me deu condições de me tornar um melhor sócio, um melhor conselheiro.”

EA – Que ensinamentos herdou de seu pai sobre a condição do trabalho?
Marcos O maior ensinamento, a humildade, em querer aprender, é sempre mais. E determinação de não só vislumbrar objetivos em alcançá-los.

EA – Marcos empreendedor, o artista, o mecenas, o trabalhador. Como divide sua agenda diária entre essas facetas, que exigem tempo e foco?
Marcos Trabalho de forma muito intuitiva e bastante independente. Procuro não ter um escritório próprio, eu me divido entre a FAMA, em Itu, entre as atividades da galeria, tanto em São Paulo como em Zurique. Como também minha própria produção como artista, dependendo da fase, estou diariamente no ateliê, pensar o trabalho e desenvolver meu trabalho de maneira ampla, como também me dedico as instituições no qual sou conselheiro, como o MAM, Museu de Arte Moderna e agora, vou começar a me dedicar mais ao MASP. Além disso, sou sócio de uma empresa de investimento, onde também procuro estar próximos acompanhando, principalmente no setor imobiliário.

“É preciso não apenas estar próximo da tecnologia mas se permitir mudar por ela.”

EA – A tecnologia muda modelos de negócios, e por si, o comportamento do trabalho que traz mudanças radicais para profissões. Como analisa essa complexidade atual?
Marcos Acredito que é preciso não apenas estar próximo da tecnologia mas se permitir mudar por ela, e se aproveitar mais da tecnologia que a tecnologia se aproveita de nós. É um momento de muita mudança, principalmente do ponto de vista geracional, o que é hoje para nossos filhos é diferente do que é para nós, é preciso manter a cabeça aberta para se atualizar de acordo com essas mudanças. Mas não ficar refém da tecnologia para poder usufruir melhor da qualidade de vida e do bem-estar.

EA – Comandante Rolim implementou no Brasil, pioneiro que foi, um modelo único de atendimento ao cliente. Qual sua visão do empreendedorismo no Brasil?
Marcos Certamente, meu pai foi muito inovador, principalmente, nos serviços e no marketing. Sempre dizia que a aviação tinha um caráter personalista, o que fazia com que a TAM fosse diferente. Sobre empreender no Brasil realmente é muito difícil, tive uma experiência muito importante através das Óticas Carol, comprei a empresa e consegui fazer com que crescesse de maneira abrangente, vendi a empresa com mais de 500 unidades em 2013.

Enfrentei todas as dificuldades como empreendedor Brasil. Apontaria a alta carga tributária, a burocracia e as injustiças que são cometidas muitas vezes pelo governo, muitas vezes o empreendedor tem ótima boa vontade e boa fé, e nem sempre, tem a justiça do seu lado, em vários aspectos. Empreender no Brasil é realmente um desafio.

“Acredito no ensino formal e acho que as pessoas têm que passar por ele sim, certamente, para ter uma formação sólida, rigorosa e consistente em mercados tão competitivos como atualmente.”

EA – O estudo formal, cursar uma faculdade, ainda é o caminho pra elevar carreiras profissionais?
Marcos Acho o estudo formal muito importante, apesar de não ter concluído a faculdade de Economia, não conclui por talvez não ter tido mais tempo, meu pai faleceu e me vi então, muito comprometido com o negócio. Fui estudar filosofia posteriormente, quando consegui melhor me estruturar. Acredito no ensino formal e acho que as pessoas têm que passar por ele sim, certamente, para ter uma formação sólida, rigorosa e consistente em mercados tão competitivos como atualmente.

FAMA

Cerca de mil obras tem a coleção de Marcos Amaro que não para de crescer. De Cândido Portinari, sua primeira aquisição, o investimento contempla artistas brasileiros de todas as expressões, ascensão e consagração. Entre eles, Nuno Ramos, Tunga, Adriana Varejão, Cildo Meireles, Laura Lima, Carmela Gross, José Resende, Jac Leirner, Nelson Leirner e Aleijadinho.
Além de obras do próprio colecionador, integram o acervo, a coleção Guita e José Mindlin (450 matrizes de gravuras).

Acervo disponível para visitação na Fábrica de Arte Marcos Amaro (FAMA), em Itu, cidade a 100 km de São Paulo. Em área de 25 mil metros quadrados, o local abrigou a antiga Fábrica São Pedro, importante polo têxtil da região no início do século XX.

Marcos Amaro é empreendedor, artista, colecionador e mecenas. Fundou a Fama Museu: Fábrica de Arte Marcos Amaro e a Óticas Carol. É filho do lendário Comandante Rolim, fundador da TAM (LATAM).