Por Claudio Moreira

 

Lembro de uma ocasião quando assistia a um debate num canal jornalístico da TV e um debatedor teceu o seguinte comentário:

_“O brasileiro não é muito bom com conceitos puros” (alerta de generalização ligado).

Ele se referia aos vários sincretismos que adotamos e que nos fazem um povo de misturas únicas.

Pois bem, semana passada eu estava numa turma online abordando temas como “conversas difíceis” e feedback, quando uma das participantes me questionou sobre timing de aplicação de  técnicas de diálogo. Segundo ela, que trabalha numa operação de varejo, se ela seguir um dos pilares do feedback efetivo, que é fornecer o feedback próximo ao evento que gerou a conversa, ela pode gerar um desconforto que leve seu colaborador a não vir no dia seguinte, deixando o turno descoberto e prejudicando a qualidade do atendimento ao cliente.

Fiquei bastante pensativo no momento e me lembrei do jornalista e sua abordagem sobre conceitos puros. Para nós que somos facilitadore(a)s, educadore(a)s, treinadore(a)s, o que seria um conceito puro? Temos conceitos puros em nosso ofício.

Tivemos um saboroso debate sobre timing de feedback, liderança servidora e, principalmente, conexão. Refleti sobre o quanto os livros, didáticos ou não, por vezes, nos trazem conceitos puros que são importantíssimos, mas que precisam ser debulhados, despidos de sua rigidez em  determinados casos, para que a conexão entre nós e nosso público aconteça.

Como geramos essa confiança?
Sempre dizemos que a confiança é um elemento essencial em qualquer relacionamento, especialmente em um ambiente de trabalho, que quando líderes e liderados têm uma conexão pessoal, isso ajuda a construir confiança mútua, o que, por sua vez, leva a um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo.

E nós como ponte entre conteúdos fundamentais e a realidade de cada cultura organizacional? Como geramos essa confiança?

Quando líderes conhecem seus liderado(a)s em um nível pessoal, ele(a)s têm uma compreensão mais profunda das necessidades, aspirações, forças e fraquezas de cada indivíduo. Isso permite que tomem decisões mais informadas e personalizadas, adaptando suas abordagens de liderança para melhor atender às necessidades de cada membro da equipe. Vejo aqui uma situação bastante parelha com meu papel de conhecer realidades que, por vezes, não fazem parte do meu cotidiano, mas que precisam ser rapidamente digeridas para se transformar em uma palavra de direção, apoio e reforço.

Conceitos puros são importantes em várias áreas do saber, porém em outras devem ser analisados com a lupa da sabedoria e a flexibilidade cognitiva deve estar presente em nosso ofício. Realidade diferentes, aplicações diferentes.

Que possamos ter nossas antenas sempre abertas para novas reflexões e formas de conexão, Isso nos torna mais sábio(a)s e conectado(a)s.

 

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Claudio Moreira é consultor de Educação Corporativa e trainer de equipes de alta performance, tem mais de 50.000 profissionais capacitados em sua trajetória profissional. É especialista em treinamentos de times de Serviços, Food Service e Varejo. É professor de cursos In Company na Conquer, é professor em cursos MBA no IPOG e na Escola Conquer. É mestre em Tecnologia Educacional, tem MBA Service Management (IBMEC) e MBA em Marketing (Fundação Getúlio Vargas). Colunista EA “Trilhos” de Aprendizagem.

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