Para onde está indo o aprendizado do trabalhador “híbrido”? | Paulo Almeida
O estudo recente da Fundação Dom Cabral (FDC), de julho e agosto desse ano de 2021, na temática da aprendizagem corporativa para construção de futuros, trouxe evidências muito interessantes para responder a essa pergunta de milhões de reais. Na verdade, é uma pergunta de vários milhões de reais, se considerarmos que esse mercado representa um potencial de crescimento imenso. De acordo com essa pesquisa da FDC, 54% das empresas participantes no estudo falaram que vão investir entre 0 e 0,5% do faturamento bruto em treinamento e desenvolvimento em 2022.
Mais interessante ainda: 22% afirmaram que irão investir entre 0,5% e 1%, mantendo a média dos últimos cinco anos, e metade dos colaboradores que participaram da pesquisa está disposta a investir mais de 2% dos seus salários anuais para se atualizar. Se acrescenta a essas tendências a sede de conhecimento desses trabalhadores, considerando que 51% dos colaboradores consultados disseram buscar informações sobre novidades nas suas áreas de atuação todos os dias.
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Trabalho flexível
Como vamos falar aqui de trabalho híbrido, importa recordar que esse tem muitas variações. Algumas empresas podem permitir que todos os funcionários tenham flexibilidade para trabalhar no local e remotamente durante parte da semana. Outras empresas podem ter funcionários trabalhando remotamente em tempo integral ou no local em tempo integral.
E outros podem permitir uma combinação dos dois. Mas a verdade é que se modelo híbrido costumava ser visto como um estilo alternativo de trabalho, à medida que mais funcionários exigem flexibilidade, isso se tornará ainda mais comum.
E, na melhor das hipóteses, o trabalho híbrido unirá os ambientes remoto e local para que os funcionários possam trabalhar juntos com facilidade.
Então importa olhar para as melhores práticas, aquelas que vão permitir reter talentos, pois as empresas devem atender às necessidades de sua força de trabalho ou correr o risco de perder talentos para os empregadores que o fazem. O que terá implicações diretas no aprendizado e na gestão de talentos em modelos “híbridos”. Se verticalizarmos nossa análise na referida pesquisa da FDC, Entre os temas de capacitação para os quais se espera maior demanda nos próximos 12, meses, o primeiro é “Liderança”.
E, mais interessante, mas talvez também não tanto surpreendente, a visão dos Recursos Humanos para as habilidades mais valorizadas (2022-2025), inclui soft skills que serão um desafio para o aprendizado dos trabalhadores híbridos: capacidade de trabalhar em equipe (12% do total), adaptabilidade (11% do total), orientação para resultados (11% do total), domínio de tecnologias existentes (10% do total), relacionamento pessoal (9% do total), e visão sistêmica (9% do total).
Melhores práticas de comunicação
Por isso, se você está planejando o futuro de trabalho em sua empresa, é bom que entenda que esse vai ser híbrido. Decida se você precisa de novas ferramentas ou se pode aproveitar as existentes de novas maneiras. Estabeleça as melhores práticas de comunicação em toda a empresa e incentive os líderes de equipe a definir expectativas claras com seus funcionários. Por exemplo, você pode adotar um estilo de comunicação assíncrono para acomodar funcionários que trabalham em fusos horários diferentes.
Crie programações de escritório para gerenciar o tráfego no local de trabalho e fornecer flexibilidade aos funcionários. Existem várias maneiras de abordar isso. Por exemplo, você pode decidir que os funcionários trabalharão no local em determinados dias ou semanas.
Ou você pode permitir a programação personalizada em que os gerentes definem as programações de suas equipes.
Invista na cultura
E, claro!, invista na cultura da empresa. Seja intencional ao reforçar a cultura da sua empresa. Isso é ainda mais importante em um modelo de trabalho híbrido, onde nem sempre é possível passar pela mesa de alguém ou bater um papo mais bacana. Invista em oportunidades que encantem seus funcionários, como gamificar parte da experiência de integração de sua empresa.
E considere ainda como você pode criar experiências para o cenário de trabalho híbrido em torno dos valores essenciais da sua empresa. Por exemplo, se sua organização valoriza o trabalho em equipe, você pode organizar uma atividade virtual de formação de equipes. E não deixe a experiência no local de trabalho escapar. Embora seus funcionários possam não vir ao local todos os dias, é importante garantir que eles não percam o interesse em ir algumas vezes. Se o fizerem, isso pode levar a mais não comparecimentos e a uma experiência mais maçante no local para aqueles que comparecem. Isso seria um desperdício de recursos e investimentos no local – sem mencionar que vai contra o espírito de um modelo de trabalho híbrido.
Por tudo isso: prepare sua liderança, seu time e sua empresa! O aprendizado do trabalhador híbrido será um misto de presencial e de remoto. E com as soft skills de futuro liderando esse desafio!
Paulo Almeida é professor da FDC Business School (Fundação Dom Cabral) com foco em Liderança e Pessoas. Trabalhou em Bancos Centrais, Mercado Financeiro, Varejo, Digital e foi VP e CEO de Startups. De sua autoria, entre livros e artigos, tem mais de 200 publicações.
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