O encontro com o Senhor das Distopias | Felipe Gruetzmacher

 

Existem mais realidades. São universos paralelos, cada qual com um planeta Terra, habitantes e contextos diferentes. É como se esses lugares cósmicos refletissem a história do nosso mundo com certas mudanças. No nosso planeta, eu, Felipe Gruetzmacher, sou um escritor de sci-fi. Numa outra realidade, uma outra versão de mim seguiu um caminho totalmente diferente e se tornou um bilionário dono de uma Startup.

Apesar de estarmos em pontos diferentes do espaço e tempo, conseguimos estabelecer contato telepático num sonho. Tivemos uma profunda conversa. Cada ser humano é a soma das próprias falhas e acertos. Então, aproveitei a oportunidade de dialogar com esse outro eu para entender o porquê de termos vidas tão opostas.

Abaixo, estão minhas reflexões sobre a minha existência, minhas percepções pessoais sobre trabalho, mundo contemporâneo, possibilidades que a vida me negou, chances que me foram permitidas e muito mais coisa. Essas percepções todas podem gerar bons insights para uma mudança social, pois só conseguem mudar aqueles que apelam para a mais radical sinceridade.

Minhas reflexões são reforçadas pelos conceitos extraídos do livro “O medo à liberdade” do psicanalista Erich Fromm.

Alguns insights extraídos do livro:

  • Existe a chamada autoridade anônima. Ela é expressa sutilmente através da publicidade, ordens indiretas, ciência, formas de controle engenhosas, mídias e senso comum. Quando uma mulher diz para a filha dela a frase “não gostaria que você saísse com esse rapaz” é uma maneira de ditar uma ordem suavemente. É um exemplo de autoridade anônima.
  • O pensamento autoritário está presente em pessoas que aceitam ordens sem contestação e incorporam a crença de que o mundo é movido por forças exteriores. Soldados muito submissos e pessoas que acreditam na fatalidade inevitável da pobreza e das condições sociais são exemplos. Em ambos os casos, o indivíduo experimenta o contato com forças que cerceiam a liberdade.
  • Logo, a sorte do indivíduo depende dessa força superior, conceituado na obra de Fromm como “auxiliar mágico”. A pessoa depende desse poder, desse auxiliar mágico para tudo. Isso pode assumir a figura de um chefe, um cônjuge ou coisas mais abstratas como destino. Noutras palavras, a pessoa não consegue expressar por si só as próprias potencialidades e amadurecer emocionalmente.
  • Um pensamento autônomo e juízos próprios são indispensáveis para a pessoa viver de um modo mais feliz e espontâneo. Um pescador experiente é capaz de interpretar os sinais da natureza para dizer se existe a probabilidade de chover. Por outro lado, uma pessoa que só repete as informações ditadas por especialistas em meteorologia não tem opinião própria. Muitas vezes, a ciência, o marketing e a polícia são usados como controle e autoridade anônima.
  • Assim, muitas crenças são justificadas com base em lógica e racionalizações. Uma situação comum é quando uma pessoa se recusa a emprestar dinheiro para uma outra que lida com dificuldades financeiras. A pessoa afirma que o empréstimo só reforçaria a dependência econômica e a preguiça, racionalizando o próprio egoísmo e sovinice. São fugas para justificar atitudes e opções que não são nossas. Decisões espontâneas são raras em nossa sociedade.
  • A verdadeira educação é facilitar o caminho para a criança manifestar a autêntica integridade, espontaneidade e sentimentos.
  • A espontaneidade não é atividade compulsiva e estimulada pelas sensações de impotência e isolamento que afligem o indivíduo moderno. Ser espontâneo significa agir criativamente e empregar todas as forças emocionais, sensoriais e intelectuais.
  • Na atividade econômica, as personalidades individuais são anuladas: todo o trabalho é voltado só para a venda e o enriquecimento. As pressões externas do mercado acabam anulando o ego individual. A felicidade do ser humano não é o fim da atividade econômica.
  • Os objetivos do trabalho devem coincidir com as metas particulares do indivíduo para o livre desabrochar da espontaneidade.

Como isso se aplica no universo Startup?

  • A grande maioria dos empreendedores acredita que abrir uma Startup é um jogo de alto risco e muitas vão quebrar. Todos acreditam que a competição darwiniana é natural. Mas, é mais um exemplo de uma economia em crise que cerceia a liberdade humana e condena pessoas à falência. A crise presente nos ecossistemas de inovação é o “auxiliar mágico”: por que não usar a tecnologia para mitigar estrategicamente os riscos?
  • Uma cultura empresarial que é consolidada pelos insights de uma área de RH autenticamente eficiente pode ampliar a liberdade individual da pessoa, incentivando a liberdade e o desenvolvimento das potencialidades humanas. O trabalho vira uma atividade mais autônoma, livre e criativa, sinônimo de felicidade.
  • O hype e todo o falso glamour em torno dos ecossistemas de inovação é uma maneira de racionalizar e falsear a economia. Com todos os empreendedores acreditando que abrir um negócio é um ato solitário, a competição brutal, a vitória de uns poucos unicórnios e o “cada um por si” são elementos que reforçam essas racionalizações e a naturalização da falência de muitos empreendedores.
  • Anjos investidores cujo objetivo é apoiar startups B2B podem revolucionar o mercado e melhorar a saúde econômica. Afinal, negócios que atendem a empreendedores podem simplificar os trabalhos executados em modelos inovadores, reduzindo incertezas e riscos. Existe até a possibilidade de anjos cuja tese de investimento seja B2B apoiar outros investidores que trabalham com B2C.
  • A integração entre startups que apoiam empreendedores e inovações que servem ao consumidor final é uma boa jogada para consolidar a coesão dos ecossistemas.
  • Seria possível até reduzir a carga de trabalho dos empreendedores, libertando-os para atividades mais humanizadas e satisfatórias. Assim, a felicidade do ser humano seria a finalidade da economia. O dinheiro, a tecnologia e as redes de contato só seriam meios para atingir esse cenário ideal.

Eu, Felipe Gruetzmacher, tenho certeza que encontrei meu lugar e minha missão nesse planeta divulgando meus contos sci-fi. Eu sou o que sou e tenho orgulho disso! Mais pessoas precisam experimentar essa plenitude.

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Conto 16: O governo distópico. Acesse aqui.

 

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Felipe Emilio Gruetzmacheré formado em gestão ambiental, educação ambiental e se especializou em copywriter através de muitos cursos online, muita prática e dedicação. Autor na Comunidade EA é um dos mais lidos na plataforma. Tenta decifrar os enigmas do trabalho humano, até porque essas questões podem mudar os rumos da sociedade humana e acelerar a marcha da história rumo à Utopia.

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