Documento sem título | Fernanda Formicola

 

Acabei de voltar da minha primeira viagem para o continente Europeu. Minha primeira experiência estudando fora do país. Foram muitas primeiras vezes ao longo desses 20 dias lá fora. De tudo que minha consciência foi capaz de perceber até agora, as mais importantes foram raciocinar a importância de acreditar no meu potencial estar perto de pessoas que me fazem voar

Vou compartilhar um pouquinho de alguns tópicos que mais me tocaram durante essa jornada:

  1. Experiência da viagem: as técnicas da gestão de projetos e o corpo docente do ISCTE
  2. Experiência da viagem: sobre ter ido com a LAIOB
  3. Experiência da viagem: sobre o equilíbrio, estudos, autocuidado, trabalho e lazer
  4. Experiência da viagem: organização financeira
  5. Tema que mais me tocou: equipes de alto desempenho 
  6. Do tipo de coisa que levei pra terapia depois: sobre estar rodeada de pessoas inspiradoras
  7. Do tipo de coisa que eu levei pra terapia depois: sobre estar conectada com os meus valores 
  8. Do tipo de coisa que eu levei pra terapia depois: como tudo isso se relaciona com a corrida?

Vamos lá:

  1. Experiência da viagem: as técnicas da gestão de projetos e o corpo docente do ISCTE

Eu já tinha feito alguns cursos pontuais voltados para a gestão de produtos aqui no Brasil, mas nunca especificamente de projetos. Além disso, tinha uma curiosidade muito grande de saber como era o cenário fora do país: será que a cultura é diferente? Será que as metodologias são diferentes? Quais os desafios? Como as pessoas lidam com eles?

Confesso que tinha receio de chegar lá e ser um negócio mega acadêmico e chato. Mas olha, fui surpreendida! Todo o corpo de professores (Leandro F. Pereira Carlos Hernandez Jerónimo Oliver Röhrich Rita Ribeiro Antonio Teles Fernandes, CBAP PMP ITIL CTFL Frederico Cipriano Batista André Salgado Bastos Aristotelis Tsorakidis, PMP, CSM) foi sensacional: eles trouxeram não só a teoria da gestão de projetos/storytelling/resolução de problemas/gestão de stakeholders/entre tantos outros temas, mas também a prática e os aprendizados de suas próprias empresas – além de, claro, conselhos que só quem tem muitas horas de voo é capaz de dar.

As aulas abordaram desde a história da gestão de projetos, até as diferenças entre metodologias tradicionais e ágeis.

Dentro das mais de 50 horas de conteúdo desse tema, o principal aprendizado e reflexão que eu levo é: a pior coisa que podemos fazer é entregar muito bem um projeto que não precisava ser feito.

2. Experiência da viagem: sobre ter ido com a LAIOB – Latin America Institute of Business

A experiência foi simplesmente S-E-N-S-A-C-I-O-N-A-L.

Eu sou uma pessoa que ama estar rodeada de pessoas doidas e bem intencionadas. Gosto de estar perto de pessoas que estão pensando sobre inovação, que estão preocupadas em fazer do mundo um lugar melhor. E foi o que eu encontrei lá. Estive em um grupo de aproximadamente 80 brasileiros e brasileiras, junto com profissionais da LAIOB, professores e pessoas prontas para nos ajudar e apoiar nessa jornada.

Por um momento, até pensei: gente, eu vou até o outro lado do oceano com pessoas que estão no mesmo país que eu? Qual o sentido disso? Mas olha, fez todo o sentido. O ar que respiramos é diferente, a cultura é diferente, o clima é diferente, é realmente uma IMERSÃO, e com absolutamente tudo ao nosso redor pensado e projetado para que fosse uma experiência inesquecível. 

Minha experiência foi realmente muito positiva, e acho que se fosse de qualquer outro jeito (se tivesse ido por conta própria, por exemplo), não teria a bagagem que eu criei nessa oportunidade. 

3. Experiência da viagem: sobre o equilíbrio: estudos, autocuidado, trabalho e lazer

Não tirei férias durante a viagem, e ainda aproveitei para realizar minha primeira prova internacional de corrida por lá (ou seja: não podia parar os treinos). A conciliação de horários foi um grande desafio. Foram poucas as vezes que consegui ligar para minha família, amigos/as e namorado. Mas acho que isso faz parte, também. Eu passei 20 dias BEM intensos, e me permiti viver por completo cada segundo que estava lá. 

Uma amiga minha preparou um roteiro incrível de lugares para conhecer em Lisboa, o que me ajudou muito na hora da organização de passeios e otimização de logística. Nesse sentido, meu principal aprendizado foi sobre ser gentil comigo mesma e me convencer de que eu não precisava ser absolutamente incrível em todas as demandas que estavam na minha mão mas que, com calma, eu poderia me organizar para fazer o que fosse possível e não deixar os pratos de cristal caírem.

4. Experiência da viagem: organização financeira

Confesso que essa foi uma das minhas menores preocupações: eu peguei o valor mensal que costumo gastar em São Paulo e converti pra euro. Se ia dar certo ou não, eu ia descobrir na hora.

Pontos importantes aqui: eu tenho um planejamento financeiro pessoal há três anos e me conheço muito bem nesse sentido, então o chute foi certeiro; eu tinha uma reserva financeira que me deixou tranquila caso houvesse imprevistos; já estava planejando fazer um curso “caro” há algum tempo, então o dinheiro do curso em si já estava separado, e só precisei me preocupar com o que gastaria lá.

Meus aprendizados nesse sentido: 

  • Dá pra fazer uma viagem super econômica se você não tiver problema em comprar comida no mercado ao invés de ir em restaurantes caros. Ah, e sendo vegetariana isso não foi problema também (aqui tem umas fotos de algumas coisinhas deliciosas que eu comi por lá!)
  • A critério de curiosidade: quando comi em restaurante dava uns 10-15 euros por refeição; no mercado eu comprava wrap pronto e salada, e dava 6 euros
  • Dá pra fazer praticamente tudo a pé, sem gastar com transporte
  • Ter controle na hora dos presentinhos: logo que vi a primeira coisa que fiquei com vontade de comprar, eu criei um grupo com a minha irmã chamado “wishlist” e fui mandando lá tudo que me dava vontade de comprar. Como sabia que ficaria um bom tempo na mesma cidade, deixei pra comprar o que eu realmente queria nos últimos dias (e foi muito bom porque claro que depois fui encontrando opções mais baratas)

5. Tema que mais me tocou: equipes de alto desempenho 

Um dos meus grandes objetivos ao fazer esse curso foi me sentir mais segura com o conhecimento que eu carrego e uso no meu dia a dia. Eu cresci muito profissionalmente através de livros, podcasts e mentorias. Mas fazia um certo tempo que não fazia uma coisa mais acadêmica mesmo. E eu tava muito curiosa pra entender se o que eu tava fazendo estava “certo”. E hoje sou muito feliz em falar que: SIM! 

Como comentei lá no primeiro ponto, todas as pessoas que nos deram aula não eram só acadêmicas (no sentido de dar aula, fazer pesquisa…), mas também profissionais de mercado. Por isso, ouvir diretamente dessas pessoas sobre conceitos que eu vivo muito no meu dia a dia foi super positivo. 

A aula que mais me tocou foi a de Equipes de Alto Desempenho, com Aristotelis Tsorakidis, PMP, CSM: passamos um bom tempo listando características de equipes de alto desempenho (tais como: respeito, habilidades técnicas, complementaridade, paciência, inteligência emocional, autonomia). Discutimos, trouxemos cases, conversamos bastante. E, no final, o professor falou algo como: “Galera, podemos ter tudo isso mas, o mais importante, é termos segurança psicológica, é ter aquele clique emocional de que confiamos nas pessoas que estão com a gente.

No fim do dia, seres humanos são seres emocionais e racionalizadores. A gente tenta racionalizar tudo, mas a emoção é responsável por boa parte do que sentimos.” Ter escutado isso valeu pelos meus 20 dias lá. 

6. Do tipo de coisa que eu levei pra terapia depois: sobre estar rodeada de pessoas inspiradoras

No rascunho, o nome original deste tópico era “pessoas foguete”. Ao pensar o uso desse termo, eu lembro que eu vi um post que falava sobre como é muito incrível crescer e crescer e crescer, voar alto como um foguete. Mas, já parou pra pensar quanto combustível um foguete precisa queimar pra alcançar alturas tão elevadas? Quantas pessoas cabem em um foguete? Os riscos que ele envolve? Será que, em alguns momentos, não podemos nos permitir ser “””apenas””” aviões? Ou passarinhos? Ou seres humanos? 

Sempre que começo a me cobrar muito de algum resultado ou da velocidade de querer tomar alguma decisão, me lembro dessa reflexão. E essa viagem também me fez pensar muito nisso. Conheci pessoas com trajetórias muito sólidas, que se mostraram muito felizes e confiáveis em suas jornadas.

E, sabe de uma coisa? O que elas mais apresentaram era consistência, e não velocidade. 

Estar rodeada desse tipo de pessoa me inspira. Me ajuda a abaixar o volume da voz da ansiedade e lembrar que tudo tem seu tempo.

7. Do tipo de coisa que eu levei pra terapia depois: sobre estar conectada com os meus valores

Acho que esse textão nem teria saído se eu não tivesse a dimensão do quanto tudo isso significou pra mim. Me permitir (e me provocar) olhar minha vida de fora, através da outra ótica; conhecer outros países, outras culturas; viver uma rotina diferente; estar em outro fuso; me desafiar; ouvir. Tudo isso mexeu em um espaço muito especial aqui dentro de mim. Me lembrou quem eu sou. Quem eu quero me tornar. 

Ainda não consigo tangibilizar ou resumir tudo que vivi. Mas o trecho do Simon Sinek que escrevi na minha primeira reflexão de carreira, lá em 2020, continua refletindo em que  acredito para a construção de um mundo melhor: 

“Existem líderes e existem aqueles que lideram.

Líderes ocupam uma posição de poder e influência.

Os que lideram nos inspiram.

Sejamos indivíduos ou organizações, seguimos aqueles que lideram não porque somos obrigados, mas porque queremos.

Seguimos os que lideram não por eles,

mas por nós mesmos.”

8. Do tipo de coisa que eu levei pra terapia depois: como tudo isso se relaciona com a corrida?

Escolhi fechar essa viagem participando da Meia Maratona de Porto. E tem um contexto importante aqui: fiz minha primeira Meia Maratona no ano passado e, de lá pra cá, entrei em uma certa nóia sobre “na próxima quero diminuir meu tempo”, “quero melhorar meu desempenho” e mil coisas. Enfim né, amigos e amigas, muita terapia pra lidar com isso. Mas o importante aqui foi: pra essa prova, trabalhei muito a minha cabeça para não ficar na nóia, não ficar me cobrando.

No dia da prova, o que fiz foi: escolhi uma playlist nova, coloquei meu tênis favorito, respirei fundo e fui. Não liguei o app de corrida, não fiquei acompanhando meu pace, não me monitorei. Ao longo da prova, me provoquei a fazer constantemente o que mais tenho feito nos últimos meses: escutar meu corpo e reagir de acordo com o que ele pede

E, posso falar? Foi uma sensação indescritível. Foi uma sensação de liberdade, de orgulho, de autocuidado. E quero levar isso pra todos os âmbitos da minha vida. 

É um documento sem título porque é só o começo de uma grande história.

 

fernanda - Documento sem título

Fernanda Formicola é criadora do Projeto CEO, que tem como objetivo lhe inspirar a encontrar a sua melhor versão. Chegou a um patrimônio de 100 mil reais aos 22 anos. Especialista em gestão de produtos digitais e inovação aberta, tem passagem por corporações e startups de saúde e do mercado financeiro, e colaboração em programas de aceleração como Google for Startups Brasil. É gestora de Inovação na Liga Ventures. Em 2021 foi reconhecida como jovem empreendedora pelo programa Radar Empreenda Santander e no Valuable Young Leader - Instituto Anga & Dinamo. É ex-associada do IFL - Instituto de Formação de Líderes Jovem SP, parceiro de propósitos da EA Magazine.  

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