JORNADAS PROFISSIONAIS 4 | Hugo Baraúna

 

Quando se fala em felicidade, logo algumas pessoas pensam: “precisa ter dinheiro”. De fato, dinheiro ajuda. Ajuda não porque vai gerar felicidade diretamente, mas permite eliminar coisas que te trariam tristeza. Ele facilita. Em até certa medida, o dinheiro pode ser condição necessária para a felicidade, mas não suficiente.

Você pode usar o dinheiro para ter o que comer. Ter uma casa. Ter conforto. Isso pode te trazer alguns prazeres e te ajudar a ter menos momentos de tristeza. Mas, a ausência de tristeza não quer dizer presença de felicidade.

No sabático aprendi que a felicidade já foi estudada por várias disciplinas. Conhecer um pouco mais delas me deu novas lentes para como enxergar felicidade. As duas que estudei um pouco foram filosofia e psicologia.

Felicidade segundo duas ópticas da filosofia

Na filosofia existem algumas linhas que tratam sobre felicidade. Entre elas, a linha hedônica e a linha eudaimônica.

A linha hedônica vem de Epicuro. Ele fala sobre experienciar a felicidade através da satisfação dos prazeres. Através de sentir emoções agradáveis. A ideia não é o prazer a qualquer custo e em excesso, pois o prazer de hoje não pode comprometer o prazer de amanhã, tem que ter equilíbrio. A ideia é desenvolver a capacidade de ter prazer nas pequenas coisas. Quem tem essa capacidade, consegue ser feliz em mais situações e é menos dependente do contexto externo.

A linha eudaimônica vem de Aristóteles. Ele fala que a felicidade vem de identificar e praticar suas virtudes. As virtudes são características no equilíbrio entre os extremos da deficiência e o excesso. A coragem por exemplo é o equilíbrio entre a covardia e a imprudência. A felicidade para Aristóteles é a vivência das suas forças e virtudes com plenitude e excelência. Onde excelência não quer dizer máxima performance, mas sim da melhor forma que você puder fazer com as condições que tem hoje.

Felicidade segundo uma óptica da psicologia

Na psicologia positiva, existe um modelo interessante que explica algumas dimensões relacionadas a felicidade, o modelo PERMA:

  • Positive emotions (emoções positivas): sentir emoções positivas como alegria, gratidão e otimismo
  • Engagement (engajamento, flow): estar absorvido por atividades que usem suas habilidades e o desafie
  • Relationships (relacionamentos): ter e viver bons relacionamentos, com amigos, pais, irmão, cônjuges etc
  • Meaning (sentido, significado): pertencer ou servir a algo que você acredita ser maior que você e que conecta com sua história de vida
  • Accomplishments (realizações): conquistas, resultados, entregas, realização de sonhos

Quando a gente vê um modelo desses, a gente pode pensar “faz sentido!”, ou então “é óbvio”. Sim, faz sentido porque conversa com aquilo que há de humano na gente. Porém, não basta fazer sentido, precisa vivenciar!

Sabe a diferença entre a pessoa sábia e a pessoa intelectual? A pessoa intelectual consegue falar e explicar muito bem alguma coisa. A pessoa sábia incorpora e vive o conhecimento adquirido na prática.

A ideia de aprender esses vários modelos não é simplesmente adquirir conhecimento, mas sim refletir sobre como você se vê através dessas ópticas e fazer alguma mudança prática nas suas atitudes. Para ser feliz não basta mentalizar, tem que agir.

No meu caso, quando aprendi o modelo PERMA, refleti sobre o quanto eu vinha dando um peso maior na minha vida para a dimensão de “realizações” comparado com a de “relacionamentos”. Depois dessa reflexão, fiz algumas mudanças práticas de atitudes na minha vida.

Convido você a refletir sobre isso também. Quanto você coloca da sua energia em alcançar conquistas comparado com viver e nutrir relacionamentos?

É o tema do meu próximo relato. Aprender de onde pode vir paz e felicidade duradouras

 

hugobarauna - Aprender que existem vários modos de ser feliz

Hugo Baraúna é empreendedor há mais de 10 anos. Ele está em um sabático após vender sua empresa para a Nubank. Formado em engenharia de computação pela Poli-USP, tem um MBA executivo pelo Insper e está cursando uma especialização em psicologia positiva pela PUC-RS.
Também é marido, e mora em São Paulo com sua esposa e seus dois gatinhos.

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