O espião sem rosto | Felipe Gruetzmacher
Uma healtech anuncia ter criado um remédio capaz de aumentar a inteligência humana. Um homem suspeita que esse remédio seja uma arma química criada para exterminar a raça humana e facilitar uma invasão alienígena. Será que a versão dele se confirma ou é uma paranoia? O indivíduo desconhece que ele próprio é um alienígena vindo para o planeta Terra para investigar, repassar as informações para o mundo dele e organizar a verdadeira invasão: é que ele foi capturado pelo governo, sofreu lavagem cerebral, modificações genéticas e, agora, ficou parecido com um ser humano e com falsas memórias implantadas. Acredita ser alguém comum.
A maioria das pessoas que lida com ele no cotidiano como esposa, chefe e colegas de trabalho são agentes governamentais pagos para observá-lo e estudar o comportamento social. O governo só mantém ele vivo porque o sangue dele cria uma proteína indispensável para a produção do remédio que aumenta o potencial cerebral humano. Já a população do planeta natal dele foi aniquilada quando o exército da Terra conseguiu transmitir um vírus que infectou a tecnologia deles, fazendo com que ela se virasse contra a própria civilização.
Agora, o invasor alienígena desmemoriado, briga com a própria identidade, atormentado por paranóias e mentiras, pois ele não sabe quem ele é.
O conto apresenta uma metáfora interessante para a perda da nossa identidade que todos nós sofremos, pois com tanta hipocrisia no nosso dia a dia, perdemos a noção de autêntica felicidade. Somos todos impostores? Estamos mentindo para nós mesmos? O livro “Análise do homem” de Erich Fromm pode apontar relevantes conceitos nessa análise. Resta alinhar essas ideias com o futuro do trabalho. Para tanto, examinaremos o texto Modelagem EAD de Dênis Corrêa, autor da comunidade EA.
Insights de Erich Fromm:
- Apesar de tantas tecnologias, o ser humano é cativo de muitas perguntas existenciais: Como usar nossas energias emocionais para uma vida produtiva e feliz?
- A psicanálise fornece ideias para uma vivência ética, justa e plena. O indivíduo precisa desenvolver um caráter produtivo: uma personalidade amadurecida e integrada.
- É virtuoso o ser humano que consegue expandir a própria individualidade e realizar todas as potencialidades humanas. Isso não acontece num emprego que castra a originalidade e a criatividade pessoal.
- Sucesso financeiro, fama e poder são um fim em si mesmo na nossa economia convencional. Na verdade, a própria felicidade humana precisa ser o objetivo do sistema econômico, bastando que a humanidade amplie a compreensão dela sobre a arte do bem viver e desenvolva capacidades humanas. Por isso que culturas empresariais autoritárias são tão nocivas para a evolução humana.
Portanto, uma personalidade amadurecida só pode se manifestar em um cenário com liberdade, segurança econômica e uma organização social que impulsione o livre uso das aptidões humanas. Por isso, o direito de alternar entre trabalho e repouso é imprescindível para que as habilidades humanas não sejam atrofiadas pelo trabalho excessivo. Além disso, outro sinal de maturidade emocional é a capacidade de estarmos sozinhos e satisfeitos com a nossa própria companhia algumas vezes.
Até porque o ócio e a escuta ativa de si mesmo são importantíssimos!
- Em geral, a causa da infelicidade pode ser interna: o vazio da vida, a perda da espontaneidade e das oportunidades de amar são exemplos e podem ser confundidos com causas exteriores como insucesso financeiro. Uma pessoa pode estar conscientemente feliz porque participa de um alegre passeio, mesmo estando infeliz de forma inconsciente. Na verdade, essa falsa felicidade é apenas resultado do ajustamento da pessoa às expectativas da situação.
- As pessoas trabalham para ganhar dinheiro e fazer coisas agradáveis. Os fins substituem os meios! Na sociedade contemporânea, as pessoas perdem de vista essa importante finalidade (fazer coisas agradáveis), passando a focar só na acumulação. Eis o problema dos meios-fins: enquanto o fim conscientemente perseguido é o usufruto da vida, o fim perseguido inconscientemente é o dinheiro. Assim, em nome de uma meta ilusória, toda uma vida é massacrada por um trabalho sem propósito.
Insights de Dênis Côrrea:
- O designer educacional é o profissional responsável por tirar o foco da instrução/ensino e enfatizar a aprendizagem. Ele atua na análise, planejamento e no desenho de soluções educacionais digitais, presenciais ou híbridas. Enquanto um especialista cria o conteúdo, o designer educacional “traduz” esse conteúdo em estratégias mais alinhadas com as necessidades, ritmo e aptidões do público-alvo e estudantes. O objetivo é customização para promover a aprendizagem do aluno. Até porque o que funciona numa aula pode não ser tão exitoso em outro contexto.
Síntese dos Insights:
- Estratégias em solução educacional podem acelerar o aprendizado, simplificando que o aluno alinhe talento, habilidade, propósito e demanda mercadológica.
- Dessa forma, seria possível que a meta da economia seja o desabrochar das potencialidades humanas e a satisfação com o trabalho.
- Melhorar o nível educacional é uma oportunidade para as pessoas inovarem e criarem automatizações que poupam tempo e ampliam a produtividade. Isso pode facilitar o amadurecimento emocional das pessoas, possibilitando que elas desfrutem de um trabalho digno assim como necessários momentos de ócio.
- A psicanálise pode examinar um sistema econômico cujo propósito seja a autêntica satisfação humana e apontar se essa economia está obtendo êxito ou se está condicionando pessoas a trabalhar só por dinheiro e acumulação.
Estudos gerados pelos psicanalistas e pelo designer educacional podem apontar se o impacto positivo na educação é acompanhado pela melhoria na saúde mental. Esses dados “cruzados” seriam o alicerce de uma economia digital próspera e humana.
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Felipe Emilio Gruetzmacher é formado em gestão ambiental, educação ambiental e se especializou em copywriter através de muitos cursos online, muita prática e dedicação. Autor na Comunidade EA é um dos mais lidos na plataforma. Tenta decifrar os enigmas do trabalho humano, até porque essas questões podem mudar os rumos da sociedade humana e acelerar a marcha da história rumo à Utopia.
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