CENA 2. Hollywood e o streaming | Ana Maria Bahiana

 

EA – Ainda há glamour em ser correspondente internacional?
Ana Maria
Ser correspondente hoje é uma coisa dificílima, quase impossível, a não ser que você trabalhe para um país muito rico. Quem é correspondente da Alemanha está vivendo maravilhosamente nessa cidade, que quando eu cheguei era super barata e agora é uma cidade muito cara. Se você trabalha pra China, Japão, Alemanha, França ou para a Espanha ou a Grã-Bretanha, você está bem. Você é bem remunerado e seu trabalho é sempre publicado, seja ele em texto, podcast ou imagem.

Quem não está nesses países estáveis, é uma situação muito, muito difícil. Eu lamento isso, porque a coisa mais interessante, é você ter um olhar através daquilo que você é, da sua cultura, do seu pensamento, do seu passado. A situação do jornalismo geral não é boa, e especialmente, em países em que política e economia não estejam estabilizados.

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Ana Maria Bahiana com estrelas do cinema

EA – Hollywood acaba depois do streaming?
Ana Maria Hollywood não vai acabar nunca. Só vai mudar para a Netflix. Estava dizendo recentemente que a Netflix em um ano, talvez dois, seja o maior estúdio aqui. Essa cidade tem em primeiro lugar quase um mandato de produção narrativa audiovisual, ela faz isso desde que parou de ser um sertãozão. Porque isso aqui, Los Angeles, era tudo um sertão, uma grande fazenda de frutas e verduras.

“Você sai não muito longe daqui meia hora ao norte, ao oeste, e rapidamente, se depara com o que Hollywood foi, um grande rancho.”

Então podem ficar sossegados que é o perfil dessa cidade, é como Paris não ter mais artes plásticas ou moda, ou Nova Iorque, dinheiro. O que mudou não foi o modo de fazer o cinema, o que mudou foi o modo do cinema chegar as pessoas. A chegada do Covid acelerou isso muito mais, porque tornou impossível durante muito tempo a exibição no cinema presencial, com a tela à sua frente.

“Você tem agora, a facilidade do cinema vir a sua casa, ao invés de você ter que ir. Mas essa é a maneira de ver. A maneira de fazer vai continuar como era lá quando os nossos ranchos viraram estúdios.”

EA – Sua credencial como membro da Associação de Correspondentes Estrangeiros de Hollywood tem poder?
Ana Maria A associação é uma coisa boa, ela agrega pessoas do mundo afora, aprendi muito com esses colegas do mundo inteiro. Tenho colegas de todas as culturas, etnias e idiomas. Não sei se a credencial tem poder ainda. Uma das coisas mais positivas sobre a associação é ela apoiar esses profissionais, não só os que cobrem cultura, mas política, economia, tudo.

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foto bio - CENA 2. Hollywood e o streaming

Ana Maria Bahiana é jornalista e escritora brasileira. Profissional 50+, completou 72 anos de idade com 50 de carreira, sendo 34 deles, como correspondente internacional em Los Angeles, meca do cinema hollywoodiano e mundial. Ana trabalhou nos principais jornais brasileiros e na TV foi correspondente internacional na Rede Globo, no Telecine e na Globosat. Colabora com a edição digital da revista Exame, assina uma coluna mensal no blog da Companhia das Letras e trabalha na pesquisa e roteiro do documentário LA+Rio, que será dirigido por Pedro Kos.

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