ED#6 INOVAÇÃO | Cris Alessi

 

A Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação é um importante ator do ecossistema de inovação não apenas para o Paraná, mas já é representatividade para o país. Tem a missão de fomentar, articular e realizar a conexão entre o ambiente empreendedor e o de inovação da capital curitibana. Aqui na EA, Cris Alessi, à frente da Agência, traz um panorama bem interessante deste ambiente promissor.

EA – O que é política pra você, Cris?
Cris Política é a ação de planejar ou executar algo pensando no bem público, entendendo necessidades e desejos do todo, sem deixar de lado as características que tornam um ser único. Um exemplo prático é a proposta de governança de Curitiba, baseada no conceito de cidade inteligente. São novas formas de gerir a administração pública, implantadas pelo prefeito Rafael Greca, a partir de 2017, com o objetivo de tornar a cidade mais amigável aos seus cidadãos. com um planejamento inovador. 

Em Curitiba, política e governança se traduzem em projetos inovadores de mobilidade, de disseminação de espaços verdes e de soluções sustentáveis para o futuro, além de adoção de ações de fomento a empresas que apostam em inovação e geram emprego e renda. 

EA – Qual seu papel, sua missão no ecossistema de startups do Paraná?                                            
Cris Hoje, as startups estão ganhando cada vez mais destaque no cenário econômico da capital e, por isso, a Agência Curitiba apoia o empreendedorismo de impacto e alta escalabilidade destas empresas. Como resultado, a cidade vem se confirmando como um celeiro de unicórnios no Brasil, empresas com valor de mercado de US$ 1 bilhão. Hoje, já temos os unicórnios curitibanos Ebanx e MadeiraMadeira e startups como Olist, Contabilizei e Pipefy estão prestes a entrar no seleto clube do bilhão. 

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“O papel da Agência Curitiba é estratégico, já que incentiva a inovação e os processos de mudança tecnológica, principal força motora para o desenvolvimento econômico sustentável, com aumento da produtividade, da renda, da geração de empregos e da competitividade internacional.” Na imagem, fachada Vale do Pinhão, foto de Cesar Brustolim/SMCS  

EA – Daí a condição de pujança do Vale do Pinhão?                                                                             
Cris Sim, esse cenário tão promissor de Curitiba é fruto do trabalho conjunto de todo o ecossistema de inovação da cidade, formado pelo poder público, startups, universidades, grandes empresas, entidades de classe, aceleradoras e terceiro setor. Juntos, todos esses atores do ecossistema estão empenhados em promover o desenvolvimento sustentável da capital, através do movimento batizado de Vale do Pinhão, uma alusão ao Vale do Silício, região no estado da Califórnia, nos Estados Unidos, que é sede da Universidade de Stanford e de empresas como Google, Facebook e Apple.

EA – Sua representatividade é de muito empoderamento feminino, como acredita contribuir?
Cris Dados mostram que as mulheres, na liderança, têm potencial melhor de governança e, consequentemente, de terem resultados melhores financeiramente. Eu gosto muito de falar sobre isso, tanto para o público feminino como masculino. 

Mas nem falo de empoderamento, mas de protagonismo. Enquanto as mulheres e, principalmente, os homens não falarem de protagonismo feminino, nós não vamos mudar a predominância masculina no mercado de tecnologia, por exemplo. 

Costumo trazer um dado com relação a comportamento feminino: se você tem lá uma vaga com 10 necessidades, 10 requisitos básicos, se a mulher não ocupar pelo menos seis desses 10 requisitos, ela não se candidata, ela nem tenta. O homem que consegue quatro daqueles requisitos tenta a vaga. Isso tem a ver com perfil, é comportamental. Temos que entender para mudar e essa é minha luta.

EA – Há programas específicos para empreendedoras mulheres na Agência Curitiba?
Cris Sim, o programa “Empreendedora Curitibana”, onde elas podem se posicionar, terem um ambiente para discutir ações de empreendedorismo feminino e muito com o olhar na tecnologia, na inovação e na gestão. Cerca de três mil mulheres de Curitiba e Região Metropolitana já foram capacitadas por esse programa, jornada que tem como objetivo auxiliá-las no desenvolvimento dos seus negócios, além de prepará-las para o prêmio bianual, que terá sua próxima edição em novembro deste ano.

EA – Qual a receita do sucesso do Vale do Pinhão?
Cris É a união de todo o ecossistema de inovação de Curitiba em torno de um movimento. Juntos, poder público, startups, universidades, grandes empresas, entidades de classe, aceleradoras e terceiro setor, todos atores do ecossistema, estão empenhados em promover o desenvolvimento sustentável da capital. O Vale do Pinhão foi passando por ajustes desde sua criação em 2017. À medida que recebíamos feedbacks de integrantes do ecossistema, o conceito do Vale do Pinhão se expandiu e foi estruturado em cinco pilares: 

  • Educação empreendedora
  • Incentivo à implantação de tecnologia
  • Reurbanização focada na economia criativa
  • Fomento (incentivos fiscais)
  • Integração/articulação do ecossistema

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“A mobilização do ecossistema em Curitiba é permanente. A cidade é hoje um living lab, um laboratório em que as inovações ocorrem em tempo real, fomentando negócios e tornando a cidade mais inteligente.” Na imagem, Paiol Digital, foto Ricardo Marajó/FAS

EA – Como as ações de diversidade e inclusão impactam em inovação social?
Cris Por isso, temos programas como o Empreendedora Curitiba, que defende que o protagonismo feminino não precisa ocorrer apenas quando a mulher abre sua própria empresa. Ele pode ocorrer também dentro de qualquer organização, quando a mulher faz parte do time e, muitas vezes, não é reconhecida por sua competência, resiliência e liderança. Mas diversidade, por si só, não garante a inclusão de grupos de diferentes gêneros, etnias, orientação sexual e crenças nos ambientes de trabalho, bem como não os coloca em igualdade em relação aos grupos maioritários. 

EA – E este contexto nas empresas?
Cris Inclusão nas empresas tem que significar a criação de políticas e processos que visem desenvolver as habilidades profissionais de todos e todas, igualmente, porém levando em conta a individualidade de cada pessoa e sua vivência. Quando não se investe em inclusão, a empresa pode ter uma força de trabalho plural. No entanto, seguirá reconhecendo e promovendo pessoas de grupos maioritários, o que significa a manutenção de uma hierarquia desigual e injusta.

EA – Como equilibrar os papéis do feminino, a profissional, a mãe e a esposa?                            
Cris Não precisamos “dar conta” de tudo com perfeição. Temos que respeitar nossos limites, nosso corpo e nossa mente. Não precisamos nos provar o tempo todo. As vezes falharemos como mães, outras falharemos como profissionais – e tudo bem. E o mercado precisa respeitar isso das mulheres, da mesma forma que respeita dos homens. Defendo que sejamos disruptivos nas políticas de diversidade. Atacando de frente as questões de licença-maternidade, de programas de ascensão de carreira, dos processos seletivos.    

 “As mulheres foram as mais afetadas pela pandemia, deixaram seus postos de trabalho para dar conta do longo período de home-office e home-schoolling. Tivemos um retrocesso de no mínimo 15 anos no mercado de trabalho.” 

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Como será o futuro do trabalho no Brasil, Cris? 

“Talvez o impacto mais óbvio da pandemia na força de trabalho seja o drástico aumento de funcionários trabalhando remotamente. O e-commerce e outras transações virtuais, por sua vez, estão em alta no Brasil. Muitos consumidores descobriram a conveniência dessas e outras atividades online. Em 2020, a participação do e-commerce cresceu a uma taxa de duas a cinco vezes maior do que antes da covid-19. Com a pandemia, a maioria das empresas brasileiras estão aumentando investimentos em automação e inteligência artificial (IA).” 

“Historicamente, durante períodos de recessão, as empresas costumam controlar os custos e mitigar as incertezas de duas formas: adotando a automação e redesenhando os processos de trabalho, reduzindo principalmente a parcela de empregos que envolvem tarefas de rotina.” 

“A partir de agora, mais da metade dos trabalhadores brasileiros de baixa remuneração desempregados precisarão adquirir habilidades diferenciadas e migrar para ocupações em faixas salariais mais altas para permanecer empregados.”

“Por isso, empresas e poder público precisam apoiar os trabalhadores na transição entre as ocupações. Na Europa, o programa Pact for Skills destinou, em 2020, sete bilhões de euros à capacitação de cerca de 700 mil trabalhadores. No Brasil, Curitiba tem sido exemplo, com iniciativas do Plano de Retomada Econômica, como a oferta gratuita, em parceria entre a Prefeitura e o Sebrae, de capacitações para cerca de mil empreendedores, artesãos e empresários do setor de viagens e turismo da capital.”

 

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Cris Alessi é presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação. Publicitária, especialista em Marketing Digital e em Comunicação Digital na Gestão Pública, ocupa hoje cargos no ecossistema de inovação do nosso país. Responde pelos projetos de inovação de Curitiba com o movimento Vale do Pinhão. É presidente nacional do Fórum InovaCidades, do Conselho Municipal de Inovação de Curitiba e do Conselho Consultivo de Mulheres em Tecnologia da Assespro-PR. Board Member.

https://www.linkedin.com/in/crisalessi/

Leia entrevista completa na ED#6. Acesse aqui

 

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