Por Paulo Augustinho 

 

Entendendo a Importância da Flexibilidade, Culturas Humanizadas e os Desafios na Atração e Retenção de Talentos.

Já se foi o tempo em que o salário era motivo exclusivo para abrilhantar os olhos dos candidatos para uma posição em oferta no mercado de trabalho. Contudo, há companhias que ainda não entenderam essa mudança, assim como existem aquelas que compreendem, mas não se adaptaram a ela de forma proativa.

Atrair os melhores talentos tem sido um desafio enorme para muitas empresas.
A ausência de um trabalho sério focado em entender o que os profissionais atuais e futuros priorizam na decisão de se integrar ou não a um processo seletivo, aceitar ou não uma carta de oferta de emprego em uma organização específica, está levando a sérias dificuldades na atração e retenção de bons profissionais.

Atuações mais flexíveis                                                                                                                                           

Ao analisarmos de perto o que está se desenhando na busca por emprego, vemos uma massa significativa de profissionais que buscam atuações flexíveis, culturas receptivas, humanizadas, bem como um aparato forte no cuidado com a saúde física e mental do trabalhador em seu local de trabalho. Não se trata apenas de produzir por produzir. 

Entidades que agem assim enfrentam dificuldades na atração de talentos, alta rotatividade, baixa produtividade, má reputação, perda de diversidade e inovação, bem como ambientes propícios para o adoecimento dos colaboradores.

Foi pensando na prevenção para evitar a proliferação desses problemas e em um melhor alinhamento com as expectativas dos profissionais no que tange à relação de emprego, tanto dos já inseridos no mercado quanto dos futuros trabalhadores, que este artigo foi elaborado. 

A seguir, exploraremos os principais anseios das pessoas em relação ao casamento (empregado/empregador) e como os empregadores podem aprimorar seu processo para serem bem-sucedidos. Serão três pontos para reflexão.

  1. A Evolução das prioridades dos profissionais

Como já mencionei ao introduzir este artigo, no passado, o salário frequentemente era o principal fator de atração para os profissionais em busca de vaga. No entanto, ao longo do tempo, as primazias dos profissionais evoluíram. Hoje em dia, mais do que o próprio salário, as pessoas valorizam outros aspectos que estão diretamente ligados a uma melhor qualidade de vida, tanto dentro quanto fora do ambiente de trabalho.

Essa mudança de paradigma, em minha opinião, foi acelerada pelo cenário caótico causado pela pandemia de COVID-19, no qual as pessoas se viram em situações que as motivaram a reavaliar suas trajetórias de vida e a importância de suas carreiras, por exemplo.

Em um mercado de trabalho em constante evolução, os profissionais de hoje têm uma visão mais ampla das prioridades em sua relação de trabalho. À medida que pesquisas e estudos, como os conduzidos pela renomada empresa Robert Half, apresentam novas perspectivas sobre o que realmente importa para os trabalhadores, fica claro que o tradicional foco no salário está sendo substituído por uma série de outros fatores. 

A flexibilidade no trabalho, uma cultura humanizada, oportunidades de desenvolvimento profissional, ambientes de trabalho saudáveis e diversificados, bem como a promoção do impacto social, inovação e equilíbrio entre vida pessoal e profissional, ganham destaque.

image 1

O reconhecimento e feedback adequados, aliados a uma compensação competitiva, completam esse mosaico de necessidades.

Em minha perspectiva, as empresas que não estão atentas a essas expectativas dos candidatos perdem competitividade no mercado, pois não conseguem atrair profissionais qualificados, mais bem preparados para elevar o posicionamento de mercado do negócio. Considero também de suma importância a visão de longo prazo e ações nesse sentido, mesmo que atualmente as demandas dos profissionais não sejam unânimes, é certo que, no futuro, esses aspectos se tornarão requisitos básicos.

O posicionamento inadequado de uma marca empregadora gera impactos negativos que ultrapassam o nível de comprometimento e qualificação dos colaboradores em uma empresa, podendo resultar em danos financeiros. 

Conscientizar-se disso e implementar estratégias para melhorar a percepção da empresa no mercado de trabalho tende a evitar problemas como absenteísmo, alto índice de rotatividade, processos trabalhistas, falta de engajamento da equipe, dificuldades na retenção de pessoal, bem como obstáculos na atração de novos talentos.

É importante ressaltar que as empresas não devem tentar padronizar suas estratégias de posicionamento e atração com base no que a maioria faz. É fundamental que haja uma profunda análise interna para, posteriormente, adotar as melhores abordagens personalizadas antes de expandir essas estratégias para o ambiente externo.

Certamente, não é de um momento para o outro que uma corporação se tornará um local desejável onde as pessoas queiram trabalhar. Tudo nesse sentido envolve a implementação de práticas diárias. Não adianta identificar necessidades e criar um plano de ação se este for posteriormente negligenciado.

Acredito que as empresas que lideram nesse cenário, não apenas atraem profissionais altamente qualificados quando divulgam uma vaga de emprego, mas também retêm esses talentos, transformando seus colaboradores em embaixadores voluntários de sua cultura e marca empresarial.

  1. Alguns desafios na atração de talentos

Compreendemos que o ativo mais crucial para as organizações são as próprias pessoas. Elas representam a base do conhecimento e a expertise necessária para impulsionar o sucesso de qualquer negócio. Portanto, é fundamental para as empresas a busca incessante pelos melhores talentos.

Contudo, esse caminho está repleto de desafios, tais como:

  • Concorrência: Além de tentar compreender as preferências dos profissionais, as empresas também enfrentam a competição direta de outras organizações que, em algum momento, podem estar disputando o mesmo talento que você.
  • Retenção: A retenção de talentos envolve uma série de fatores que se alinham com o ambiente da empresa, sua cultura, liderança, desafios pessoais dos colaboradores, equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, reconhecimento e muito mais.
  • Educação e capacitação: Investir em práticas para o desenvolvimento de colaboradores deve ser uma prioridade. Muitas empresas já adotaram programas de formação corporativa para atender às expectativas dos candidatos e fortalecer o senso de pertencimento após a contratação.
  • Localização geográfica: A localização da empresa desempenha um papel significativo na atração e retenção de talentos, podendo representar tanto um atrativo quanto uma barreira, dependendo da região.

Processos de recrutamento ineficientes: Um fluxo de contratação mal estruturado, conduzido por recrutadores e gestores despreparados, pode representar um problema sério. É fundamental que a empresa avalie a necessidade de capacitar as pessoas-chave em cada etapa do processo.

image 2

A busca por personalização, inclusive na oferta de benefícios, deve ser incorporada às práticas de gestão de pessoas. Da mesma forma, a comunicação direcionada é essencial para atender às diferentes gerações que compartilham o espaço no mundo corporativo.

Nesse contexto, os desafios só podem ser superados se a empresa adotar uma abordagem proativa, baseada em pesquisa, planejamento e execução eficaz no ambiente de trabalho. 

Por fim, embora os desafios sejam inevitáveis, a inação por parte da empresa a coloca em uma posição cada vez mais delicada para atrair talentos de qualidade e manter um alto desempenho daqueles que desejam permanecer na organização.

  1. A relevância da flexibilidade e de culturas humanizadas no trabalho

A demanda por flexibilidade no ambiente de trabalho é uma realidade inegável. Os talentos atuais já a desejam, e os profissionais do futuro a exigirão de seus empregadores. A qualidade de vida tornou-se um fator determinante nessa equação, e as empresas que negligenciam a flexibilização das relações de trabalho com seus funcionários correm o risco de ficarem para trás no mercado de trabalho altamente competitivo.

O que torna opções como o trabalho remoto, home office e projetos flexíveis tão atraentes para muitas pessoas? 

A resposta está na melhoria da qualidade de vida e na capacidade de conciliar as demandas profissionais com as questões pessoais. Esse equilíbrio muitas vezes não é possível nos modelos tradicionais de trabalho, com horários rígidos e presença física obrigatória.

Além disso, a cultura organizacional desempenha um papel fundamental na retenção de talentos. Empresas com culturas rígidas e inflexíveis estão destinadas a enfrentar desafios crescentes, uma vez que a tendência atual é a busca pela humanização no ambiente de trabalho. Essa abordagem ganha cada vez mais espaço nas discussões sobre o futuro do trabalho, especialmente à medida que a automação assume tarefas burocráticas e permite que os profissionais se concentrem em atividades mais significativas.

Em resumo, a flexibilidade no trabalho e a promoção de culturas humanizadas não são apenas tendências passageiras, mas sim requisitos essenciais para atrair e reter os melhores talentos. As empresas que abraçam essa mudança estão em uma posição mais vantajosa para enfrentar os desafios do mercado de trabalho moderno. 

A qualidade de vida, a flexibilidade e a humanização no ambiente de trabalho não apenas beneficiam os funcionários, mas também impulsionam o sucesso e a prosperidade das organizações no longo prazo. Portanto, é imperativo que as empresas adotem uma abordagem proativa para se adaptar a essa nova realidade.

 

 

Paulo Augustinho (Colunista)

Paulo Augustinho é bacharel em Administração de Empresas, especialista em Gestão de Pessoas pela PUC/MG, cursa pós-graduação em Psicologia Organizacional, Direito do Trabalho e Previdenciário. Como especialista em Carreira e Recolocação, recrutador, palestrante, escritor e colunista, impacta no ingresso de centenas de profissionais em empresas nacionais e multinacionais. É RH Influencer, integra o iBest RH 20+ 2023, é LinkedIn Top Voice Carreira 2023 e Top 100 Influenciadores RH do RH Summit. É colunista EA “Talentos do Futuro”.

https://www.linkedin.com/in/pauloaugustinho/

Fale com o editor:

eamagazine@eamagazine.com.br