Por Ana Paula Educadora
Não adianta discutir, a pandemia impôs mudanças significativas na forma de trabalhar: remoto, híbrido e presencial. As adaptações ainda são uma constante, mas aos poucos imprimem uma nova realidade corporativa.
Será que a educação está acompanhando estas mudanças?
Digo que infelizmente não! A desigualdade na área da educação, se intensificou pós-pandemia, com jovens que abandonaram a escola para ajudarem a família ou por perceberem que aprenderiam online com mais qualidade e desafios.
Não basta implantar tecnologias nas salas de aulas e nos conteúdos didáticos, precisamos de uma educação visionária que dialogue com as empresas para entendermos como desenvolver projetos inovadores desde o ensino médio às universidades, os quais aproximem os estudantes das transformações que movimentam o mundo a cada minuto.
Ações isoladas são positivas?
Em parte sim, em outra não, porque a aprendizagem fica fragmentada. Muitos ingressam no mercado de trabalho com uma bagagem significativa de conhecimentos, pois tiveram a oportunidade de desenvolver suas habilidades, enquanto outros, não conseguiram uma formação adequada, conforme as necessidades da área de atuação.
Por que a conta não fecha?
Profissionais chegam ao mercado de trabalho, muitas das vezes, apenas com as competências técnicas, e ficam a desejar nas comportamentais. O ideal é ter equilíbrio entre a técnica e o comportamento, mas não é isto que acontece, porque a escola apresenta mais conteúdos técnicos do que projetos socioemocionais.
Algumas instituições perceberam a necessidade de investir em competências socioemocionais, e contrataram profissionais especializados, mas ainda é minoria. Criar uma conexão significativa com as tendências do mercado de trabalho, e envolver os alunos do ensino fundamental II, mais precisamente oitavo e nono anos, ao ensino médio, é fundamental.
Precisaríamos ter para isso, uma educação voltada à pesquisa e à produção de conteúdos, contextos de conteúdos criados pelos alunos, e experiências plurais em diversidade de práticas pedagógicas.
Repensar as avaliações é importante, ao propor uma análise crítica, no formato de portfólio para que os alunos possam compreender o seu processo de aprendizagem e compartilhar suas experiências com outros alunos, por meio de lives, de vídeos, de projetos mais experimentais, por exemplo.
O que sabemos pelas mídias?
Os meios de comunicação divulgam periodicamente a desigualdade que acompanha a educação há séculos. O cenário das escolas públicas e privadas mostram como as diferenças entre os dois perfis de ensino-aprendizagem influenciam as gerações futuras.
O ideal seria um sistema único educacional que atendesse a todos, com projetos educacionais pensados para atender democraticamente toda a educação básica, e consequentemente, ao mercado de trabalho.
A criatividade, resiliência, proatividade e empatia, fazem parte dos requisitos nos processos seletivos, e quando necessário nos treinamentos. Mas nas escolas, neste aspecto, ainda se esbarra no conteudismo, o qual impede um desenvolvimento mais profundo de competências socioemocionais.
Na educação infantil até os primeiros anos do ensino fundamental, os projetos socioemocionais são mais presentes, mas a tendência é minimizar, porque o foco é o vestibular.
Como alinhar a educação e as tendências no futuro trabalho?
O desafio é grande, porque a cultura educacional se divide entre o público e o privado, e suas diversidades. Não estou falando de boas ou más instituições, mas de propostas inovadoras, que valorizem uma educação democrática, com um currículo que atenda a todos e não apenas a uma minoria.
Como dizia o ilustre Paulo Freire: “Escola é feita de gente” e, partindo deste viés, completo:
“A escola é feita de pessoas, para que no futuro, possam acompanhar as transformações tecnológicas, ideológicas e planetária de forma sustentável e consciente, para garantir a evolução da educação e o futuro do trabalho.”
Assim, essa conta de um século de atraso poderá se transformar em oportunidades para o futuro do trabalho e suas gerações.
Ana Paula Educadora é pedagoga, psicopedagoga, tem extensão em Neuropsicologia (PUC-SP) e MBA em Gestão Educacional. É Top Critical Thinking Voice LinkedIn. Fundou e é diretora da Transformar Educação & Inovação, consultoria especializada em educação básica com foco em treinamentos, palestras e cursos livres. São temas de estudos e pesquisa permanentes, Ensino Híbrido e Metodologia Ágil Scrum, Pedagogia com foco em Gestão de Pessoas, Psicopedagogia Inclusiva e Andragogia Educação para Adultos. Colunista EA “Educação & Pessoas”.
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